Topo

Juca Kfouri: Bronze do Alison tem mais valor que um ouro no futebol masculino

Do UOL, em São Paulo

03/08/2021 15h00

A seleção brasileira masculina de futebol se classificou para a sua terceira final consecutiva de Jogos Olímpicos de Tóquio para enfrentar a Espanha em busca do bicampeonato, com a vaga na decisão definida apenas nos pênaltis, após o empate em 0 a 0 no tempo normal com o México.

Em sua participação no UOL News Olimpíadas, Juca Kfouri comentou que há uma dificuldade em lidar com o futebol masculino em Jogos Olímpicos devido ao fato de os países não contarem com suas seleções completas e considera mais significativa uma medalha de bronze no atletismo, como a de Alison dos Santos nos 400m com barreiras, do que uma de ouro no futebol.

"O Brasil vai lutar pela sua segunda medalha de ouro, a Espanha também vai lutar pela segunda dela, a Espanha ganhou a primeira em 1992, em Barcelona, quando sediou a Olimpíada, igual ao Brasil, ganhou a primeira, já tinha ganhado três pratas, dois bronzes e ganhou o primeiro ouro aqui no Brasil. Vai lutar pela sua sétima medalha olímpica de futebol, o que dá a medida do poderio técnico do nosso futebol mas não é, se você me perguntar o que tem mais valor, o ouro do futebol olímpico brasileiro ou o bronze do Alison? Evidentemente o bronze do Alison, não dá nem para botar no mesmo patamar", diz Juca.

"O futebol é o único esporte que não tem a sua excelência na Olimpíada, porque é o que não leva a sua melhor força, tem o limite dos 23 anos e tudo", completa.

Jamil Chade comenta a briga que há em relação ao COI e à Fifa e a discussão que já ocorre mesmo na Europa sobre mudar a forma como o futebol é jogado na Olimpíada ou substitui-lo por outra modalidade, como o futebol de areia ou o futsal.

"O Juca tem toda razão colocando que sim, esses atletas que absolutamente superaram obstáculos pessoais, sociais, inclusive no esporte, têm um papel absolutamente diferente da medalha do futebol, vou até adiantar, aqui na Europa já há um grande debate sobre a continuação ou não do futebol na Olimpíada, porque, de fato, ou você vem com o futebol assim como o basquete vem, ou seja, com as suas estrelas, ou não vem. Ou se vem, vem de outra forma", diz Jamil.

"É uma briga histórica entre o COI e a Fifa, isso a gente sabe muito bem, a Fifa que não quer uma Copa do Mundo a cada dois anos, porque é isso o que aconteceria, você teria uma Copa do Mundo e depois de dois anos uma nova Copa do Mundo no formato de Olimpíada. Essa é a história, agora, sim, não tenho nenhuma dúvida, a medalha de bronze do Alison, a medalha de ouro da Rebeca nem se fale, têm um valor absolutamente muito maior do que tem o futebol por uma só razão, essas conquistas individuais não são conquistas apenas esportivas, são sociais também", conclui.