Topo

Flávia diz que seu papel é brilhar e que lesão pôs Olimpíadas em risco

Flávia Saraiva na final da trave das Olimpíadas de Tóquio: ficou na sétima colocação - Ricardo Bufolin/CBG
Flávia Saraiva na final da trave das Olimpíadas de Tóquio: ficou na sétima colocação Imagem: Ricardo Bufolin/CBG

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Tóquio

03/08/2021 08h17

A brasileira Flavia Saraiva conseguiu superar o obstáculo de sua entorse no tornozelo direito na semana passada, se apresentou na final da trave de equilíbrio da ginástica artística e ficou na sétima colocação nas Olimpíadas de Tóquio. Longe de estar com 100% de suas condições físicas, a jovem de 21 anos se mostrou satisfeita com o resultado e disse que seu papel é brilhar.

"Hoje eu acordei e senti que estava brilhando. Poderia acontecer qualquer coisa, mas ia continuar brilhando. Tem pessoas que vêm para conseguir muitas medalhas, tem pessoas que vêm para conseguir resultados e tem pessoas que talvez não ganhem medalhas, mas vêm para brilhar, e eu me sinto assim. Sinto que a Flavia brilha mesmo. Para mim, isso vale mais do que qualquer coisa", declarou.

Flavinha já vinha apresentando problemas no tornozelo direito há cerca de dois meses e convivia com dores no local. Após a prova de hoje, ela admitiu que sua participação nas Olimpíadas de Tóquio ficou em risco por conta da lesão.

"Todo mundo tem medo de qualquer coisa te tirar das Olimpíadas, mas de fato acreditava muito e sabia que Deus estava comigo. Eu pensei: 'Se Deus está comigo, nada vai me abalar'. Senti muita dor, só eu e as pessoas que estavam comigo sabem o que passei, mas valeu muito a pena pra mim. Eu fico até emocionada porque eu estou aqui por causa do Brasil, porque tem muitas pessoas que me apoiam. Meus patrocinadores, clube, CBG, COB...Então, há muitas pessoas por trás e não queria deixar essas pessoas na mão. Sei o quanto eles trabalham para eu fazer meu trabalho", declarou a ginasta, complementando:

"Eu falei: 'não vou desistir, vou correr atrás de tudo o que posso e vou dar 150% de mim, não importa que esteja sentindo dor'. Eu vi que cada dia me sentia melhor e bem fazendo ginástica, então falei: 'isso que eu quero, vou correr atrás. Não importa o que acontecer lá dentro, vou estar lá, vou ser a Flavia que conseguiu estar numa Olimpíada mais uma vez".

Flávia Saraiva ressaltou que só teve cerca de um mês e meio para se recuperar e estar pronta para Tóquio, e se agarrou à força de vontade.

"Temos cinco anos para se preparar, mas quando se tem uma lesão, você tem dois, três meses para tentar recuperar. Eu falei: 'gente, eu tenho um mês e meio para poder representar o Brasil todo, para mostrar que quero estar numa Olimpíada, que tenho fome de estar numa Olimpíada. Então eu quis ir par representar o meu país e me sentir bem. Isso é o mais importante de tudo", destacou.

Chinesas fazem dobradinha e Biles leva bronze

O pódio da trave de equilíbrio teve uma dobradinha da China, com Guan Chenchen conquistando a medalha de ouro obtendo a nota de 14,633. Tang Xijing ficou com a prata (14,233) e a norte-americana Simone Biles — que retornou após afastamento em outras provas para cuidar da saúde mental — levando o bronze.

Elsabeth Black, do Canadá, foi a quarta colocada com 13,866, mesma pontuação da norte-americana Sunisa Lee, que ficou em quinto pelos critérios de desempate. Urara Ashikawa, do Japão, foi a sexta com 13,733, e a russa Vladislava Urazova foi a oitava com 12,733.