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Atleta de Peso

OPINIÃO

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Simone Biles é exemplo: esporte deve ser autocuidado, e não culpa

Simone Biles na ginal por equipes feminina da ginástica em Tóquio-2020 - Mustafa Yalcin/Anadolu Agency via Getty Images
Simone Biles na ginal por equipes feminina da ginástica em Tóquio-2020 Imagem: Mustafa Yalcin/Anadolu Agency via Getty Images

31/07/2021 10h05

A melhor ginasta da história dos Estados Unidos, Simone Biles, abandonou as Olimpíadas para cuidar da saúde mental. Eu falo, todos os dias, que devemos relacionar o esporte e as atividades físicas ao nosso bem-estar. E a saúde mental está totalmente ligada a isso.

Minha ansiedade melhora sempre que pratico exercício físico. Mas, infelizmente, esse propósito se perde quando a cobrança se torna constante, seja ela para vencer, seja ela para emagrecer.

O esporte tem sido vendido como punição, como forma de gastar as calorias excedentes no fim de semana. Isso faz com que os exercícios percam o real sentido, que é proporcionar prazer. Eles se tornam dolorosos.

O caso da Simone Biles permite que a gente reflita sobre muita coisa. Aparentemente, como uma atleta magra e dentro do padrão, a imagem era a de que a ginasta era saudável. Tanto que surpreendeu muita gente a desistência de Simone da competição.

A vida e rotina de uma atleta olímpica de alto rendimento não é nada fácil: levam seus corpos ao limite, ao extremo, vivem dia e noite pelo esporte. É muita cobrança e pressão. Não tem como isso não afetar a saúde mental.

É claro que é uma situação bastante diferente do que a gente, que não é atleta profissional, vive. Então por que estou trazendo esse exemplo neste texto? Porque o objetivo do esporte e da atividade física deve ser fazer bem. Se até a maior promessa olímpica deste ano, cotada para levar seis medalhas na modalidade, desistiu da competição porque não estava bem, por que insistir em se exercitar por culpa?

Fazer isso vai criar uma relação ruim com o esporte. A verdade é que o prazer que o exercício físico proporciona só vai aparecer quando ele for considerado uma forma de autocuidado, e não de punição. E essa reflexão é algo que eu proponho, também, aos profissionais de educação física. Vocês estimulam seus alunos pelo prazer ou pela dor?

O falso discurso de que você pode ter o corpo que quiser acaba com a saúde mental das pessoas. Destrói. E não é assim que se estimula alguém a praticar um esporte. A essência do esporte é democrática e deve acolher as pessoas. Não maltratá-las.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL