O que tem na bagagem de 5,5 toneladas que a seleção levará para a Copa
Classificação e Jogos
O que não dá para esquecer quando se vai para uma Copa do Mundo? No caso da seleção brasileira, a lista de itens a levar é centenas de vezes maior do que a de 26 convocados. Não por acaso, a bagagem da delegação brasileira rumo ao Qatar terá 5,5 toneladas. Tudo isso já estará no voo fretado que decola amanhã (12), do Rio rumo a Turim, na Itália, onde a seleção fará seis dias de preparação antes de desembarcar no Qatar para tentar o hexa.
São equipamentos de fisioterapia, massagem, remédios, aparelhos para treinos e, sobretudo, roupas. Até os ternos feitos sob medida por Ricardo Almeida entram nisso. Para alimentação, a seleção levará do Brasil alguns temperos e 30 kg de farinha de mandioca.
O material da seleção será dividido em 300 volumes —baús que precisam pesar até 32 kg cada, conforme as regras internacionais de aviação. As caixas medem 3m³ e precisam ser transportáveis no aeroporto, já que o processo de embarque e desembarque, passagem na alfândega e transporte antes da entrada no avião tem mãos humanas como ponto de partida. A responsabilidade se concentra em cinco pessoas —três roupeiros e dois massagistas. Mas outros membros da delegação eventualmente ajudam, quando podem.
O gerente de planejamento e operações de seleções, Luís Vagner Vivian, e o administrador Hamilton Correia pilotam uma planilha com várias abas e linhas. É preciso fazer a conexão com todas as áreas relacionadas ao trabalho da seleção, sobretudo com a rouparia, encabeçada por Fábio da Silva. Quem cuida do material da massagem é Marcelo Clemines.
"Já temos o sistema da CBF para controle de almoxarifado. A gente quer integrar para ter em outras viagens e evitar o retrabalho. Fabinho tem o controle do almoxarifado e passa para a rouparia da viagem. A gente catalogou item por item, colocou valor e peso unitário", explicou Hamilton, que costuma encabeçar a linha de frente nas viagens da seleção e chega antes para preparar detalhes no hotel.
O material da seleção sairá de caminhão da Granja Comary, em Teresópolis, rumo ao aeroporto Galeão, no Rio. O armazenamento do equipamento é centralizado no CT da seleção. Em viagens, há kits padrão para todas as seleções. Médicos, fisioterapeutas e massagistas já sabem o que têm à disposição. Na volta, é feito um relatório de tudo o que foi gasto.
Como parte desse controle, a delegação sabe exatamente o que está em cada um dos baús e costuma espalhar os itens para evitar que o extravio comprometa alguma atividade. O voo fretado para a Copa afasta a preocupação de perda de malas.
O cálculo é que, dos 300 volumes, algo entre 200 e 220 sejam ocupados pela rouparia. Os demais ficam com a parte de massagem e fisioterapia, mesclando itens como cooler, cafeteira, impressora e até a máquina de prensa para colocar nomes e números nos uniformes.
A rouparia domina porque a seleção, por exemplo, usará uniformes de treinos distintos. O modelo mais comum tem as logos de todos os patrocinadores. Mas a roupa da atividade de véspera dos jogos precisa ser "limpa", segundo as regras comerciais da Fifa. Serão, ao todo, 700 camisas amarelas e 230 azuis, em um cálculo que prevê sete jogos (a campanha inteira até a final) e variações de uniformes entre o amarelo e o azul no mata-mata.
A cada partida, os jogadores recebem três camisas —uma para cada tempo e outra sobressalente, que, se não usada, vira souvenir. As camisas são descontadas da lista de responsabilidades da seleção e se tornam itens das bagagens pessoais dos atletas.
Importância das viagens
Para definir exatamente o que entraria na bagagem, a delegação da seleção se valeu das viagens ao Qatar nos últimos anos para verificar o que teria à disposição, tanto no hotel The Westin Doha, quanto no local de treinamento, o estádio Grand Hamad, do Al Arabi.
"A gente conseguiu um CT e um hotel que são completos. Basicamente, vamos contratar coisas pontuais. A gente vai otimizar tudo o que tem. A gente fez um inventário de tudo o que tinha no CT. Banco, cadeira, mesa. Tiramos fotos de tudo. Montamos a estrutura de layout com isso", explicou Luís Vagner.
Na parte de fisioterapia, a delegação do Brasil levará ultrassom, laser para tratamento, botas de compressão e mais uma série de itens. Até seis macas vão estar no pacote, para serem colocadas no hotel. O material é proporcional ao trabalho dos quatro fisioterapeutas que irão à Copa —mesmo número da Rússia.
Mas em comparação com a Copa passada, a mala do Brasil está menor. Quatro anos atrás, foram 7 toneladas de bagagem. O clima mais frio em relação ao Qatar fez com que mais casacos entrassem na bagagem, mas percebeu-se também que algumas coisas não foram usadas no último Mundial.
"A gente fez a preparação na Granja. A lista de material estava pronta antes. Só que chegou lá... 'Pô, vamos levar isso aqui a mais'. Foi um equipamento de academia que tinha lá. Quiseram levar a mais para garantir. O equipamento fez a volta ao mundo, voltou para casa e não usaram uma vez. Eu sou chato e os caras escutam depois", conta Luís Vagner.
Cuidado com as chuteiras
Entre os itens que não podem faltar estão os kits para cuidado das chuteiras. Os jogadores normalmente deixam um par com os roupeiros da seleção, mas para a Copa do Mundo sempre tem lançamento por parte das fornecedoras. Então, os calçados são trocados quando a preparação começa ou até mesmo durante a Copa.
Os roupeiros levam consigo cola, palminhas, tarraxas, que formam um kit de manutenção. Há cerca de 2 mil travas porque eventualmente há trocas, dependendo da condição do gramado.
A bagagem é uma preocupação constante. A cada treino é preciso pensar na logística, alocando o material em caminhões que levarão os equipamentos do hotel ao estádio.
Mas depois da campanha no Qatar, ninguém vai se incomodar se a bagagem da seleção tiver um certo objeto de ouro, que pesa cerca de 6 kg: a taça da Copa do Mundo.
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