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Tite manda até 55 nomes para a Copa amanhã; entenda por que será 'segredo'

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/10/2022 04h00

Classificação e Jogos

O desenho mais concreto até agora do elenco da seleção brasileira que vai disputar a Copa do Mundo do Qatar será feito amanhã (21), quando Tite enviar para a Fifa uma lista de até 55 jogadores pré-selecionados para o Mundial. A CBF deixará em segredo quem faz parte dessa lista que servirá como base para a convocação final com 26 atletas, no dia 7 de novembro.

A Fifa não obriga a divulgação dessa lista. No começo, Tite queria levar a público para afastar a chance de uma coisa que aconteceu antes do Mundial de 2018, quando os nomes foram publicados em primeira mão no UOL.

Na época eram apenas 35 jogadores, mas o vazamento da pré-lista agitou discussões e criou algum mal-estar nos bastidores. O zagueiro Dedé, então no Cruzeiro, estava na lista sem nunca ter sido chamado antes, enquanto Gil e Jemerson tinham sido convocados, jogaram durante a preparação para a Copa, viviam maior expectativa de ser lembrados e acabaram ficando fora.

Na convocação mais recente, Tite antecipou a discussão e contou que queria a lista aberta. "Nem conversei com a comissão, mas para mim já coloca para todo mundo saber", disse, em 9 de setembro. Na hora, o coordenador da seleção Juninho Paulista já reagiu: "Calma, professor."

Nos dias seguintes, o treinador foi demovido da ideia. Ele entendeu o argumento de que a divulgação de tantos nomes provocaria debates na mídia, opiniões calorosas e torcida pública contra ou a favor de alguns nomes, o que poderia ter efeitos negativos internos. Por isso, a lista será secreta. A Fifa só divulga os 26 convocados finais, em relação que pode ser enviada até o dia 14. No caso do Brasil, ela já será pública uma semana antes.

Tite - Lucas Seixas/UOL - Lucas Seixas/UOL
Tite durante entrevista exclusiva para o UOL Esporte na sede da CBF, no Rio de Janeiro
Imagem: Lucas Seixas/UOL

Tite e os outros membros da comissão técnica da seleção brasileira trabalham diariamente na sede da CBF, no Rio de Janeiro, entre 10h e 19h. Veem jogos, produzem relatórios, fazem contato com jogadores ou profissionais de clubes, estudam estatísticas e tudo mais.

O resultado da avaliação do desempenho dos atletas nos clubes e na seleção será em forma dessa lista. A ideia não é preencher de qualquer jeito um formulário, mas, sim, que cada nome inserido seja relevante para o projeto da seleção brasileira na Copa

Em algum momento da tarde de expediente na CBF, os membros da comissão arrastam as cadeiras pelo segundo andar do prédio e se reúnem na sala de Tite para comentar o dia. O técnico chama isso de "democratizar informações".

Só que essa democracia vai até a página dois. Se tem visitante externo, Tite vira para a parede uma lousa branca que tem em sua sala na CBF. Censura? Não. Cuidado. É nessa lousa que o treinador e os auxiliares escrevem os nomes dos que estão na lista de até 55.

"A gente está chegando a uma Copa do Mundo e 87 atletas fizeram parte. A competição é dura", disse Tite ao UOL.

Tite - Lucas Seixas/UOL - Lucas Seixas/UOL
Brasil jogou 50 partidas desde a Copa do Mundo da Rússia e venceu 37 sob o comando de Tite
Imagem: Lucas Seixas/UOL

A lousa traz os nomes das convocações óbvias, tipo Marquinhos, Casemiro ou Neymar, mas também conta com jogadores inusitados e alguns que nem sequer foram convocados até agora. Quando recebeu o UOL Esporte, Tite disse que o zagueiro Vitão, do Internacional, estava na parede àquela altura. Logo, é um dos que podem estar entre os enviados à Fifa, mesmo sem já ter vestido a Amarelinha.

Tite reforça nos bastidores o uso da preposição "até". A Fifa aceita 55 nomes na pré-lista, mas não necessariamente a CBF vai mandar o total. A ideia de Tite é listar jogadores com quem realmente gostaria de contar no Qatar. Ele não quer convocar por convocar:

A gente não quer fazer pro forma, não quer dar bala Juquinha para ninguém, não quer brincar de faz de conta. Em cima dos nossos princípios, a gente quer ser transparente."

Quem vai estar na lista?

Como princípio, a comissão técnica da seleção brasileira monitora cerca de quatro jogadores por posição. Só aí já seriam 44 jogadores. À essa altura, há setores muito bem definidos, como a relação dos goleiros [Alisson, Ederson e Weverton], e outros em que há espaço para um leque maior, como o caso da zaga. Nos jogos mais recentes, Tite levou Bremer e Ibañez pela primeira vez, enquanto Gabriel Magalhães — convocado anteriormente — nem chegou a entrar em campo quando esteve com a seleção.

O ataque dá trabalho, porque é o setor no qual há mais opções. Raphinha, Antony, Vini Jr, Rodrygo, Richarlison e Gabriel Jesus se mostram consolidados. Pedro, Firmino e Matheus Cunha brigam para estar entre os 26, mas não perderão o bonde dos até 55.

Neymar e Paquetá dominam o setor de criação, com suporte de Casemiro, Fabinho, Fred e Bruno Guimarães. A linha de corte alta permite a Coutinho e Everton Ribeiro a perspectiva de estarem na relação que vai para a Fifa.

As laterais podem trazer novidades, considerando a lesão recente de Guilherme Arana. O método de observar quatro por posição faz com que a comissão técnica tenha, então, espaço para mais um ao lado de Alex Sandro, Alex Telles e Renan Lodi - embora os dois primeiros sejam favoritos para a convocação final.

Na direita, o cenário incerto de Dani Alves é mais um ingrediente para ter alguém que não foi convocado recentemente ao lado de Danilo e Emerson Royal. Tite, por exemplo, chegou a mencionar em entrevistas passadas que estava de olho em Gilberto, do Benfica.

A seleção brasileira se apresenta em 14 de novembro na cidade italiana de Turim e cinco dias depois viaja para o Qatar. A estreia na Copa do Mundo é no dia 24, às 16h (de Brasília), contra a Sérvia.