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Como Corinthians sobreviveu à tempestade para ganhar moral na temporada

Vitor Pereira apelou aos "miúdos", como chama os jovens do Corinthians, e apostou certo em dura sequência de jogos - Marcelo Endelli/Getty Images
Vitor Pereira apelou aos "miúdos", como chama os jovens do Corinthians, e apostou certo em dura sequência de jogos Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

07/07/2022 04h00

O sacrifício valeu a pena. A complexa gestão de elenco feita por Vítor Pereira nas últimas semanas acabou por dar certo na última terça-feira (5), quando o Corinthians superou suas limitações para eliminar o Boca Juniors dentro da Bombonera. A prioridade à Libertadores impactou diretamente os últimos jogos do time, mas a aposta se pagou: vagas encaminhadas no mata-mata sem perder muito terreno no Brasileirão.

O rodízio de jogadores tem sido um traço marcante do trabalho de VP no Corinthians. Ele já avisou que tem que ser assim, "senão qualquer dia não tem 11 jogadores para entrar em campo", mas, mesmo dosando minutos, tem perdido jogadores importantes a cada partida. Na Bombonera mesmo, João Victor e Gustavo Mantuan tiveram que ser substituídos por questões médicas.

A prioridade à Libertadores ficou clara nas últimas escalações de jogos do Brasileirão. Já sofrendo com desfalques, o Corinthians apelou aos "miúdos" contra Santos e principalmente Fluminense: no primeiro, Felipe Augusto fez sua primeira partida como titular; no segundo foi a vez de Guilherme Biro e Giovane viverem a mesma experiência. Robert Renan jogou 180 minutos, e o banco ainda teve Breno Bidon, Wesley e Matheus Araújo — este último, o mais velho dos citados, com 20 anos.

Os garotos foram acionados para dar algum respiro aos titulares que restaram, casos de João Victor, Fábio Santos e Giuliano, por exemplo, todos titulares na Bombonera. Na sequência de jogos seguidos, VP teve que apelar até a Bruno Méndez, que voltou ao Corinthians há duas semanas, após empréstimo ao Inter, e já fez três jogos. O técnico chegou a dizer que a ordem no clube era "tentar sobreviver a esta tempestade de lesões".

O time remendado no Brasileirão empatou com o Santos em casa e foi goleado pelo Flu no Maracanã. É verdade que a gestão custou pontos, e o Corinthians caiu para o quarto lugar, mas a distância para o líder e rival Palmeiras é de apenas três pontos (29 a 26). O prêmio de toda a dor de cabeça foi a vaga nas quartas de final da Libertadores. Mesmo contra o Boca, jogadores pouco utilizados tiveram que entrar para dar conta do recado (como Giovane) e até bater pênaltis (como Bruno Melo e Roni).

"Sim, a corda estica. Vamos esticando, esticando, tendo lesionados cada vez mais, as soluções vão diminuindo e vamos jogando mais vezes com os mesmos jogadores. Há este acúmulo em um calendário absurdo que não imaginava ser possível, mas aqui é possível. Uma hora a corda estoura."
Vítor Pereira, sobre a quantidade de lesionados do Corinthians

Vitória faz problemas virarem motivação

As circunstâncias deram contornos épicos à classificação na Bombonera, e todos os obstáculos agora são ressignificados e podem servir de combustível para a sequência do time. Paulinho, que mesmo lesionado acompanhou os companheiros na Argentina, falou sobre isso.

"Você classificar dentro da Bombonera contra o Boca Juniors, não tem motivação maior para a sequência da competição. Sabemos da qualidade do adversário que enfrentamos, mas nos dá muita motivação e confiança para seguir", afirmou o volante à TV Band. Ele só deve voltar a jogar em 2023.

Agora nas quartas da Libertadores, o Corinthians tem um mês para tratar seus oito lesionados "e dar mais qualidade ao grupo", como projetou Vítor Pereira em sua entrevista coletiva. O time também tem vaga encaminhada às quartas da Copa do Brasil após goleada por 4 a 0 sobre o Santos, mas agora vai ter que esticar a corda no Brasileirão, pois enfrenta o Flamengo, domingo (10). A sequência de jogos seguidos dura pelo menos até o fim do mês.

"Estamos vivos no Brasileiro, mesmo com todas as dificuldades. Temos o jogo da volta da Copa do Brasil, e fizemos um grande resultado. Na Libertadores, seguimos em frente. A forma como trabalhamos, o espírito dos que estão de fora, a tentativa deles em ajudar os que estão dentro... Esse grupo é espetacular."
Vítor Pereira, sobre reação do Corinthians aos problemas com lesão

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