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Carille adota 'papel de pai' para fortalecer psicológico do time santista

Do UOL, em São Paulo

28/10/2021 04h00

Fábio Carille assumiu o comando do Santos em um momento de grande pressão. O clube havia acabado de ser eliminado da Copa Sul-Americana e ocupava as últimas colocações do Campeonato Brasileiro, além de estar em desvantagem em um confronto das quartas de final. Com a necessidade de vitórias para recuperar o moral de seu elenco, ele não viu outra alternativa que não fosse uma espécie de blindagem para preservar a parte psicológica dos jogadores.

Mesmo após a vitória sobre o Fluminense por 2 a 0, ontem (27), na Vila Belmiro, Carille vai manter essa postura para assegurar suporte aos jogadores que ainda precisam fazer o Santos escapar de um inédito rebaixamento no Brasileirão.

"Aqui estou tentado fazer o papel mais de pai porque vem paulada de todos os lados. Não adianta eu, como comandante, fazer cobranças desnecessárias, que levem os jogadores mais para baixo. Meu papel e da comissão é passar confiança, saber conversar com cada um deles, falar em grupo e passar algo positivo. Pressão já vem de imprensa, torcida, redes sociais. E não somos nós que temos que continuar com esse papel. Temos que acalmar e mostrar os caminhos com trabalho e treinamento."

Esse comportamento se justifica pela maneira como Carille tem analisado as partidas do Peixe. O treinador acredita que os resultados ruins, que levaram o time à zona de rebaixamento na rodada passada, têm acontecido por problemas na questão psicológica.

"Contra o América-MG não foi taticamente o problema da derrota. Tentamos o gol e, no minuto final do primeiro tempo, acontece aquilo [pênalti e expulsão]. Foi assim contra o Juventude. Nosso primeiro tempo foi muito bom. O João [Paulo] não tinha trabalhado e, de repente, aos 45 minutos toma um gol. E o time vai para o vestiário passando aquele filme. Normalmente, os jogadores se apegam àquele gol e não ao que foi o primeiro tempo. Começam a se apegar nas coisas ruins e erradas porque são seres humanos."

O bom resultado de ontem garante, segundo Carille, confiança para o desempenho das próximas partidas, mas sem a garantia de bom futebol. E o próximo desafio do Peixe será contra o Athletico-PR, no sábado (30), na Arena da Baixada. Um novo triunfo fará a equipe abrir boa vantagem sobre a zona de rebaixamento.

Mas para chegar a esse estágio, Carille terá de lidar com mais um momento de reconstrução do time. É certa a manutenção de um sistema de jogo com três zagueiros, mas ele já tem dois desfalques certos em relação ao time que começou a partida contra o Fluminense. O atacante Marinho e o volante Vinícius Zanocelo estão suspensos por terem recebido o terceiro cartão amarelo.

Zanocelo vem sendo um dos jogadores intocáveis por Carille. Ele assumiu o posto de titular no empate por 1 a 1 com o São Paulo e não saiu mais do time nas seis partidas seguintes. Contra o Flu, ele foi o principal responsável na proteção à defesa porque Camacho estava contundido e suspenso.

Na ausência de Zanocelo, é possível que Vinícius Balieiro seja o escolhido para compor o meio-campo com Marcos Guilherme e Felipe Jonatan, outras duas novidades de Carille que funcionaram bem e deixaram a equipe com boa mobilidade entre a defesa e o ataque. Nas alas, Madson e Lucas Braga devem ser mantidos, enquanto a outra incógnita fica para o substituto de Marinho.

"Ainda não consigo pensar no jogo de sábado. Sobre o Ângelo, a possibilidade é grande", afirmou Carille, que praticamente já descartou a possibilidade de escalar Gabriel Pirani. "Ele é muito difícil, não está sendo relacionado por uma dor no pé. Não tem treinado", emendou. Além de Balieiro, Carlos Sánchez e Jean Mota seriam as outras possibilidades para compor o meio-campo.

Com 32 pontos, o Santos ganhou uma posição e chegou ao 16º lugar, empurrando o Juventude para a zona de rebaixamento. Um novo triunfo em Curitiba (PR) poderia levar o Peixe até a 11ª colocação, superando o próprio Athletico-PR.