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Crise de lesões cobra preço e limita opções de Crespo em eliminação do SPFC

Staff Images / CONMEBOL
Imagem: Staff Images / CONMEBOL

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

18/08/2021 04h00

Depois do título do Campeonato Paulista, conquistado em maio sobre o Palmeiras, o assunto que mais rondou o São Paulo foi o alto número de lesões: uma atrás da outra. Três meses depois, diante do mesmo rival alviverde, os desfalques cobraram seu preço. Precisando fazer gols no Allianz Parque para avançar na Libertadores, Hernán Crespo viu suas opções ficarem limitadas no ataque. O time acabou eliminado do torneio continental ao ser derrotado por 3 a 0.

O problema recorrente obrigou Crespo a encontrar soluções emergenciais ao longo da temporada. Recém-chegado, Rigoni virou titular incontestável ao assumir a vaga de Luciano depois que o camisa 11 se machucou contra o Santos. Artilheiro do Brasileirão 2020, Luciano não joga desde 21 de junho.

Éder, um dos maiores salários do elenco, poderia ser um parceiro para Rigoni, mas também se lesionou (na primeira partida contra o Racing, pelas oitavas da Libertadores). O que abriu espaço para a repentina e surpreendente ascensão de Marquinhos, garoto de 18 anos que subiu da base e foi alçado a titular no segundo jogo contra o clube argentino.

Se Rigoni seguiu como uma referência para Crespo no ataque, Marquinhos em pouco tempo virou estatística no departamento médico, mesmo sem ter participado do desgastante início de temporada do time. Um estiramento muscular sofrido no jogo contra o próprio Palmeiras pelo Brasileirão tirou o jovem dos duelos da Libertadores e obrigou Crespo e achar uma velha solução para um velho problema.

Sobrou, então, apostar mais uma vez em Pablo. Artilheiro do time na temporada, ele havia perdido espaço depois do Paulistão, virando o suplente dos reservas. Mas foi se recuperando conforme a lista de desfalques crescia. No jogo de ontem, teve a bola do empate nos pés, no início do segundo tempo, mas chutou por cima do gol de Weverton.

As opções que já eram escassas para montar o time titular dificultaram ainda mais as tentativas de mudanças ao longo do jogo. Se as baixas no ataque se acumularam, o argentino também ficou sem aquele que talvez seja seu principal armador, o compatriota Benítez.

Sem contar com Marquinhos e Luciano e tendo Eder voltando de lesão, Crespo precisou apostar em Joao Rojas quando a partida pedia um jogador de velocidade para tentar incomodar o Palmeiras depois de ter sido dominado no primeiro tempo. O equatoriano, que não balança as redes desde maio, teve um desempenho importante muito mais do ponto de vista tático, caindo principalmente pela ponta direita, mas, com a bola, pouco conseguiu fazer para alterar os rumos da partida.

A procura fracassada por um 9

As lesões não foram a única razão que deixaram Hernán Crespo com opções limitadas em um jogo tão importante. A diretoria do São Paulo colocou como missão trazer um centroavante capaz de assumir a titularidade imediata, mas não teve sucesso nas duas tentativas que fez.

As tratativas com Jonathan Calleri e Darío Benedetto pararam nas altas pedidas feitas pelos empresários, que inviabilizaram o negócio. Sem opções que agradassem no mercado interno, o São Paulo não conseguiu um reforço que chegasse a tempo para a disputa das quartas de final. Diante do Palmeiras, Pablo era o único atacante acostumado a fazer a função de centroavante.

Benítez mais uma vez fora

Benitez, jogador do São Paulo, com a nova camisa pré-jogo - Fellipe Lucena / saopaulofc - Fellipe Lucena / saopaulofc
Imagem: Fellipe Lucena / saopaulofc

O ataque foi o grande problema, mas não o único afetado pela crise de lesões. No meio, as já conhecidas questões físicas de Martín Benítez voltaram para assombrar o São Paulo. Desde que foi contratado, o argentino atuou por 90 minutos em apenas três jogos.

No confronto diante do Palmeiras, ele não entrou em campo em nenhuma das duas partidas. Na primeira, Crespo justificou a ausência de Benítez como opção técnica, mas na segunda foi o físico que o tirou de campo. O meia argentino sentiu dores no músculo adutor da perna esquerda durante os treinos do fim da última semana e não passou no teste físico feito no vestiário do Allianz Parque.

Benítez chegou a ir para o banco de reservas, mas acompanhou de lá Crespo colocar Igor Gomes no lugar de Rodrigo Nestor e Vitor Bueno na vaga de Gabriel Sara.

Escolhas não dão resultado em eliminação

Jogadores do Palmeiras comemoram gol marcado sobre o São Paulo - Pool/Getty Images - Pool/Getty Images
Imagem: Pool/Getty Images

Se Marquinhos foi a grande aposta de Crespo contra o Racing, diante do Palmeiras a novidade era o posicionamento de Gabriel Sara. O meia foi escalado como ala para permitir que o São Paulo mudasse de formação tática ao longo do jogo sem precisar trocar peças.

No Allianz Parque, a repetição da tática se mostrou pouco efetiva. No primeiro tempo, o São Paulo foi amplamente dominado pelo Palmeiras e encontrou muitos problemas para criar jogadas de ataque diante da marcação individual montada por Abel Ferreira. Na ala, Sara não conseguia encontrar espaços para explorar as costas de Marcos Rocha.

"Sobre o Reinaldo, a comissão acreditava que com Marcos Rocha, que é um jogador mais defensivo, podíamos chegar com Sara como ala. Mas tudo aquilo que eu possa falar nesse momento não aconteceu", explicou na entrevista coletiva depois da eliminação.

No segundo tempo, quando Rojas entrou em campo e uma linha de quatro defensores foi armada, Gabriel Sara foi deslocado para o meio e Léo assumiu a lateral-esquerda. Enquanto isso, Reinaldo, um dos líderes de assistências do São Paulo na temporada, acompanhava a eliminação do banco de reservas.

"Acredito que nesse momento que quem está fora é sempre o melhor em campo. Respeito a pergunta, foi a terceira pergunta sobre o Reinaldo. Acredito que seja um grande jogador, mas já expliquei o motivo pelo qual não jogou. Talvez eu tenha errado, porque depois de uma derrota nada do que eu possa falar vai acalmar a dor e a tristeza que todos nós sentimos", prosseguiu o treinador.

O São Paulo agora tenta superar uma eliminação difícil para um rival para seguir na temporada. Sem disputar a Libertadores, a equipe de Crespo terá mais tempo para trabalhar e tentar recuperar os lesionados para a sequência do Brasileirão e da Copa do Brasil.

"Estamos muito tristes com a situação, mas devemos levantar a cabeça e continuar a lutar, trabalhar, sabendo que infelizmente saímos de uma situação ao qual honramos até o final. Aceitar a derrota, parabenizar o Palmeiras e amanhã continuar a trabalhar para tentar uma nova chance de jogar a Libertadores no próximo ano e honrar a Copa do Brasil", disse Crespo, na entrevista coletiva depois da eliminação.

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