A história de Lionel Messi e Barcelona terminou ontem. Após 17 temporadas e uma trajetória repleta de títulos, o ídolo argentino viu encerrar sua passagem vitoriosa pelo clube catalão e deixa em aberto seu futuro profissional. Enquanto borbulham especulações sobre o destino do jogador, o Barcelona tenta encontrar uma solução para preencher esta imensa lacuna em seu elenco.
No podcast Posse de Bola #149, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira falaram sobre o fim da era Messi no Barça e discutiram os impactos que essa saída trará não apenas ao clube como também ao futebol espanhol.
"Olho com muita tristeza. Gostaria que esse vínculo permanecesse até o fim. Mas é a tal história: a gente idealiza certas coisas na vida que ele acaba não produzindo. E aí você tem que engolir a frustração. De maneira muito ingênua, ou otimista, imaginava que ele permanecesse, mas infelizmente não foi possível porque o Barcelona se perdeu. Não chegou a 'cruzeirar', mas esteve próximo disso. Perder Lionel Messi é uma derrota maior do que cair para a segunda divisão", disse Juca.
Para Arnaldo, a saída de Messi do Barcelona evidencia a crise pela qual passa o futebol na Espanha. "Fiquei curioso ao entender um pouco mais os motivos pelos quais ele não renovou, com a questão do fair play financeiro e a disputa política do Barcelona com La Liga. Acho que tem uma coisa clara com a saída dele do Barcelona. O futebol de clubes na Espanha está vivendo uma grande crise. Ele já estava no Barcelona nos últimos anos como remanescente de um clube e de uma liga em crise. Quando Cristiano Ronaldo saiu do Real Madrid, era um sinal de que a liga estava 'definhando'. Acho que o Messi ficou maior do que a liga", comentou.
A situação em torno de Messi ilustra a desorganização administrativa do Barcelona, como apontou Mauro. "Vejo até uma certa boa vontade de alguns setores, inclusive da mídia, com o Barcelona, que é muito avacalhado. O clube foi esculachado por péssimas administrações. Só de contratações de jogadores caríssimos, na casa dos 100 milhões de euros, tem Dembélé, Griezmann e Philippe Coutinho. Nenhum dos três deu retorno técnico esperado. Venderam o Neymar por 222 milhões de euros, na maior negociação da história do futebol, colocaram uns 350 milhões nesses três atletas e não conseguiram nada", disse, lembrando como o clube gastou mal o dinheiro obtido com a venda do brasileiro para o PSG.
Sobre o futuro do argentino, Juca o vê em dois bons caminhos para prosseguir em alto nível. "O Messi passou 21 anos no Barça, com 17 anos de carreira profissional. A imagem dele se mistura com a do Barcelona a esse ponto. Quem cresceu indo ao Camp Nou para vê-lo, não terá mais Messi no Camp Nou. É muito triste olhar sob esse ponto de vista. Agora, se ele fizer a escolha certa, ou ir para o PSG para tentar fazê-lo ser campeão da Europa, ou ir para o Manchester City para trabalhar de novo com Pep Guardiola, estará muito bem", opinou.
Na visão de Arnaldo, Barcelona e Real Madrid vêm perdendo terreno no cenário europeu, em um sinal de queda do futebol espanhol. "O cara ia reduzir o salário em 60% e ainda assim não cabe. O Barcelona ia fazer um contrato de cinco anos para tê-lo jogando em dois e pagaria os outros três sem 'usá-lo'. Essa foi a operação financeira reprovada por La Liga. O campeonato perde muito. Barça e Real Madrid são os dois times mais populares da geração videogame aqui no Brasil. Já não são mais. Está tendo uma transformação nisso. A saída do Messi é um símbolo dessa deterioração da liga espanhola", concluiu.
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