Topo

ANÁLISE

Rafael Oliveira: Real Madrid hoje é limitado em termos de poder ofensivo

Do UOL, em São Paulo

24/02/2021 23h11

O Real Madrid venceu fora de casa no primeiro jogo do confronto de oitavas de final com a Atalanta na Liga dos Campeões, em jogo no qual o time italiano precisou jogar com um jogador a menos a partir dos 17 minutos do primeiro tempo, quando Freuler foi expulso.

No Fim de Papo, live pós-rodada do UOL Esporte, Rafael Oliveira afirma que considera a expulsão exagerada e vê a Atalanta com um jogador a menos ter exposto os problemas ofensivos do Real Madrid, que ele considera com um ataque que tem problemas para criar jogadas desde a saída de Cristiano Ronaldo, o que se acentua na ausência de Benzema.

"Sobre a expulsão, para mim era lance de amarelo em qualquer momento do jogo, ali para mim, no primeiro ou no último minuto, era lance para amarelo, não era lance para vermelho, então foi, na minha visão, um erro grave da arbitragem, que naturalmente muda todo o restante do embate", afirma Rafael.

"Tem um outro lado que é curioso nisso tudo, a expulsão mudou radicalmente a necessidade da Atalanta e, com isso, acabou expondo ainda mais a fragilidade do ataque do Real Madrid. O Real Madri hoje é um time limitado em termos de poder ofensivo. Isso não é de agora, tem três anos, desde a saída do Cristiano Ronaldo. É um time que depende muito do Benzema para ser esse jogador que acha soluções, porque os atacantes de lado não viraram goleadores confiáveis, então o Real Madrid sente muito a falta disso, como distribuir os gols", completa.

O jornalista explica que a partida muda após a expulsão pela necessidade de a Atalanta mudar um pouco a sua forma de jogar, recuando sua marcação e tirando os espaços que o time comandado por Zinedine Zidane pretendia explorar com suas opções de velocidade.

"Numa partida em que você tem inúmeros desfalques, fica praticamente sem opções no banco e sem o Benzema, era natural que o Real Madrid fosse ter problemas, e a partir do momento em que a expulsão muda a dinâmica da Atalanta, ela acaba tirando os espaços que o Real Madrid pretendia explorar e até tinha começado explorando bem", afirma Rafael.

"A Atalanta encaixa individualmente a marcação e vai pressionar lá em cima. Então é um time que corre riscos defensivamente porque pretende marcar dessa forma, agressiva, sem guardar posições, você não enxerga as linhas da Atalanta, porque cara jogador não está preocupado com o espaço que ocupa e sim onde a sua referência vai estar. Aí, quando você perde um jogador logo no início, se marcar individualmente o campo inteiro já é arriscado, imagine com um a menos, porque fatalmente você já está em inferioridade, você já não consegue marcar todo mundo individualmente, então isso mudaria completamente o tipo de jogo", completa.

Rafael Oliveira considera que Zidane acertou ao escalar Isco para tentar desorganizar a marcação do time italiano, mas não conseguiu explorar como queria devido à mudança a partir da expulsão em jogo no qual a Atalanta se segurou até os 40 minutos do segundo tempo sem levar gols, mas acabou sendo castigada.

"Ao colocar o Isco, ele tirou a referência do Romero, zagueiro que está fazendo ótima temporada como esse zagueiro central, e o Isco ia ficar circulando no campo, tentando arrastar com ele o zagueiro central da Atalanta, que persegue, como todo mundo na Atalanta, a sua referência, e isso estava funcionando no início do jogo. A ideia do Zidane foi muito interessante, se a Atalanta vai marcar, vai pressionar, eu vou tentar bagunçar todas as referências que a Atalanta possa ter, e acho que era um jogo muito interessante até os 17, quando acontece a expulsão", diz o jornalista.

"Continua interessante depois, mas com outro formato, porque aí foi a Atalanta já não podendo pressionar lá em cima, tendo que se posicionar um pouco mais atrás e aí tentando se sustentar. A Atalanta foi muito competente nisso e acabou castigadas com o gol no final, porque a Atalanta fez um jogo muito correto em esperar diante de um Real Madrid de muita limitação para criar chance clara, para finalizar. Então, tirando o Isco acionando o Ascensio, acionando o Vinícius Júnior, acionando o Mendy, foi muito pouca a capacidade ofensiva do Real Madrid no jogo, acho que foi um castigo para a Atlanta", conclui.