Órfãos de Ceni, Fortaleza e São Paulo se planejam para futuro sem o técnico

Fortaleza e São Paulo, rivais na noite de hoje (14), pela 21ª rodada do Brasileirão, são órfãos de Rogério Ceni, ídolo dos dois clubes. Os cearenses acabaram de perder o treinador após duas passagens que somam três anos de trabalho. Os paulistas, sobretudo os dois candidatos às eleições presidenciais, cogitavam a volta do técnico no mercado da bola em 2021. No entanto, viram o comandante se acertar com o Flamengo na última terça-feira (10).

Com Fernando Diniz ainda sem conquistar um título e a pressão da torcida, o ex-goleiro era cogitado para assumir o Tricolor paulista na próxima temporada. Pessoas ligadas aos dois candidatos — Julio Casares e Roberto Natel — fizeram contato com o treinador nos últimos meses e trabalharam em um possível retorno. Eles se animaram com as atuações do time comandado por Ceni na disputa contra o São Paulo, pelas oitavas de final Copa do Brasil.

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Não houve negociação, mas apenas conversas visando o futuro. O próprio treinador descartava iniciar tratativas com alguém à frente do cargo. O desejo de tê-lo no banco de reservas pela segunda vez, todavia, foi frustrado com a sua transferência para o Flamengo.

A decepção por parte da torcida foi tão grande que Fernando Diniz, criticado por eliminações recentes no Campeonato Paulista, na Libertadores e na Sul-Americana, passou a receber o apoio externo. O treinador viu manifestações positivas envolvendo o seu nome nas redes sociais e também no embarque da delegação para enfrentar o Fla, pela partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil.

Sem Rogério Ceni, inclusive, ele vive um raro momento de paz no clube e ganha força nas alamedas do Morumbi. É possível, inclusive, que Diniz siga no cargo no ano seguinte. A decisão sobre o treinador será tomada somente após as eleições presidenciais.

A situação do Fortaleza, que apostou em Marcelo Chamusca para o cargo, é semelhante à do São Paulo. Os cearenses já esperavam a saída do técnico ao fim do contrato, em fevereiro de 2021. Rogério Ceni falava abertamente em ter uma chance por um clube de maior expressão do futebol brasileiro.

A situação sempre foi conversada com Marcelo Paz, presidente do clube nordestino. O desejo do técnico era ter uma oportunidade em um time com mais investimento para poder brigar por títulos nacionais, o que ele não vislumbrava após três temporadas no futebol cearense — com uma breve interrupção para passagem pelo Cruzeiro.

Na ideia do comandante, a chance de defender uma equipe com maior poder aquisitivo permitiria se aproximar do grande sonho, que é chegar ao futebol europeu. Ceni, então, recebeu o convite do Flamengo no início da semana, após a demissão de Domènec Torrent. Em menos de 24 horas, viajou ao Rio de Janeiro e acertou a mudança para a Gávea.

Na capital fluminense, o ex-goleiro tem tudo o que pretendia para este momento da carreira. Atual campeão brasileiro e da Libertadores, o Fla oferece elenco vasto, com jogadores consagrados, e um dos maiores orçamentos do Brasil. No clube, ele terá a possibilidade de montar uma equipe para brigar por títulos. A decisão, porém, deixou São Paulo e Fortaleza desamparados na orfandade.

Ceni deixou legados

Rogério Ceni iniciou a carreira como técnico à frente do São Paulo, em 2017. Inexperiente à época, contou com a imagem do passado, do período em que foi jogador, para ganhar o respeito dos torcedores. Em pouco tempo de trabalho no clube em que é considerado ídolo, deixou um legado em campo. Ele foi o responsável por promover o atacante Brenner, com 17 anos na ocasião, ao elenco profissional.

O treinador contrariou a recomendação de André Jardine, técnico da base naquele período e não favorável à promoção do jovem, para utilizá-lo no time principal. Três anos mais tarde, o atleta bancado por Ceni na equipe é o artilheiro do São Paulo na temporada, com 17 gols e três assistências em 26 jogos.

A herança de Rogério Ceni no Fortaleza superou as quatro linhas. Além do time estruturado que deixou, o treinador também foi preponderante para melhorias internas, seja no organograma ou na estrutura do centro de treinamentos.

O ex-goleiro cobrou o presidente Marcelo Paz em sua gestão e pediu melhoras na infraestrutura do CT. As solicitações do antigo comandante da equipe foram atendidas ao menos parcialmente. Ele exigiu a modernização do aparelhamento físico e móvel dos setores de fisioterapia, fisiologia e departamentos físico e médico, o que foi feito pela diretoria do clube.

Ficha técnica

FORTALEZA X SÃO PAULO

Motivo: 21ª rodada do Campeonato Brasileiro 2020
Data: 14 de novembro de 2020, sábado
Horário: 19 horas (de Brasília)
Local: Arena Castelão, em Fortaleza
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Assistentes: Michael Correia (RJ) e Luiz Claudio Regazone (RJ)
VAR: Rodrigo Nunes de Sá (RJ)
Assistentes do VAR: Wanderson Alves de Sousa (MG) e Frederico Soares Vilarinho (MG)

FORTALEZA: Felipe Alves; Gabriel Dias, Paulão, Jackson e Bruno Melo; Felipe e Juninho; Romarinho, Osvaldo, Bergson e David. Técnico: Marcelo Chamusca.

SÃO PAULO: Tiago Volpi, Juanfran, Bruno Alves, Diego Costa e Reinaldo; Léo (Rodrigo Nestor), Daniel Alves, Gabriel Sara e Igor Gomes; Luciano e Brenner. Técnico: Fernando Diniz.