Eleição do Vasco chega ao STF e envolve até ex-advogado de Lula

A confusão eleitoral do Vasco transcendeu os muros de São Januário e atingiu o âmbito nacional. Numa verdadeira batalha jurídica, o pleito chegou à instância máxima do judiciário brasileiro e foi parar nas mãos da ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os advogados representantes de chapas, até mesmo o vascaíno Wadih Damous, que foi subscritor do habeas corpus que determinou a libertação do ex-presidente Lula, esteve envolvido.

O executor da ação foi o candidato da chapa "Somamos", Leven Siano, advogado do ramo marítimo que se considera vencedor da eleição do último dia 7, em São Januário, que teve seus efeitos suspensos pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.

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Carmen Lúcia, porém, rejeitou o processo na noite de ontem (13), cerca de 13 horas antes do início da nova votação marcada pelo Vasco para hoje (14), de maneira online, das 9h às 22h.

O veto do STF, no entanto, não significa que a guerra judicial chegou ao fim. Antes de ingressar com a ação no Supremo, Leven, que contratou Wadih Damous, já havia feito mais duas movimentações jurídicas, ambas no STJ: uma na última quinta (12), pedindo a reconsideração da decisão do ministro Humberto Martins, e outra ontem (13), com um mandado de segurança solicitando a anulação do pleito deste sábado (14). Ambas, todavia, ainda não tiveram suas respostas.

Enquanto o cenário não muda, concorrerão na votação de hoje os candidatos Jorge Salgado, da chapa "Mais Vasco", e Julio Brant, da "Sempre Vasco".

Alexandre Campello, que buscava a reeleição pela "No Rumo Certo", Sérgio Frias, da "Aqui é Vasco", além de Leven Siano, protocolaram cartas de renúncia e se retiraram da disputa.

As polêmicas da eleição

A corrida eleitoral realizada no último sábado (7), e de forma presencial, aconteceu graças a uma decisão judicial publicada na noite anterior. Nela, o desembargador Camilo Ribeiro Ruliére derrubou liminar que determinava que o pleito fosse online no dia 14.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, porém, suspendeu a eleição na noite de sábado, com ela já em andamento, e fazendo valer a liminar anterior. Após idas e vindas, a votação teve continuidade, já sem a presença do presidente da Assembleia Geral, Faues Cherene Jassus, e das chapas "Mais Vasco", de Jorge Salgado, "Sempre Vasco", de Julio Brant, e "No Rumo Certo", de Alexandre Campello. A apuração dos votos, inclusive, só teve a presença de membros das chapas "Somamos", de Leven Siano, e "Aqui é Vasco", de Sergio Frias.

Posteriormente, Mussa, como é conhecido internamente o presidente da Assembleia Geral, convocou outra eleição presidencial para este sábado (14), no formato online, algo que foi chancelado pelo Vasco com a publicação do edital de convocação no site oficial do clube.

Quem é Wadih Damous?

Wadih Damous, de 64 anos, é um respeitado advogado que transita nos tribunais superiores de Brasília. Além de ter em seu currículo a participação no habeas corpus que libertou Lula da prisão, tem uma extensa carreira no meio jurídico e também no político.

Ele é ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) e ex-deputado federal filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT-RJ), onde apresentou 27 projetos de lei, dentre os quais, os que tratam de temas como sistema de justiça, direitos trabalhistas, defesa da advocacia e contra o encarceramento em massa.

O outro advogado de Leven Siano é o também renomado Ronaldo Cramer, outro com bom trânsito em Brasília.