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Empate expõe falta de opções e problemas repetidos no Fluminense de Odair

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/10/2020 04h00

O Fluminense ficou no empate com o Botafogo pelo Campeonato Brasileiro em um jogo que sintetiza a maioria dos problemas da equipe. Seja pelos erros repetidos nas bolas paradas, pela queda de rendimento após sair na frente do placar ou pela falta de criatividade do time de Odair Hellmann, o que se viu no Estádio Nilton Santos está longe de ser novidade no Tricolor.

Esta foi a terceira vez no Brasileirão que o Fluminense saiu na frente, mas não ficou com a vitória. Antes do empate "cedido" ao Botafogo, que foi melhor em boa parte do clássico, o time também conquistou apenas um ponto contra o Atlético-GO, no Maracanã, e viu o São Paulo virar o jogo no Morumbi.

Para piorar, o filme parecia ter o mesmo roteiro: o Tricolor abriu o placar, mas recuou mesmo contra um adversário de igual ou pior qualidade técnica, com substituições conservadoras e opções que já se mostraram falhas, como Yago atuando avançado e abrindo pelas pontas e Nenê, sem agregar muito na criação, voltando a ficar preso aos lados do campo.

O problema crônico de criação é exposto em números. O Fluminense é o time que menos cria chances no Brasileirão, de acordo com levantamento do Sofascore. Em 13 jogos, foram apenas 14 grandes chances criadas. O Tricolor precisa de quase um jogo inteiro (83 minutos) para criar uma chance clara de gol.

Odair, entretanto, viu o time criar "muitas chances" na bola parada e na construção de jogo.

"Antes de fazer o gol, tivemos muitas chances na bola parada em até situações de construção. Criamos, mas a definição, a parte final do cruzamento, passou um pouquinho do ponto. Erros que acontecem a gente precisa estar sempre atento, corrigir, estar apto a olhar e melhorar para o próximo", afirmou, em coletiva após o empate.

Poucas opções e falhas na defesa

A bem da verdade, eram poucas opções no elenco após um surto de coronavírus que gerou dez desfalques para além dos lesionados Wellington Silva, Yuri e Frazan. O que também tem sido uma realidade presente nos últimos jogos, após saídas importantes de Gilberto e Evanílson, Marcos Paulo de malas prontas para a Europa e lesões constantes.

Sem alguns titulares e principais alternativas no banco, como Ganso e Luiz Henrique, o Fluminense carece de qualidade para resolver jogos mais equilibrados.

Na defesa, os erros também são os de sempre: após a rebatida na barreira em cobrança de falta de Rafael Forster, Caio Alexandre ficou com a sobra e marcou para o Botafogo. Este foi o nono gol de rebote sofrido pelo Tricolor em 2020, pior marca entre os times da Série A.

Antes, outros lances que pareciam antigos também foram notados: Muriel teve falhas técnicas nas saídas de gol, com os pés e até embaixo das traves. O goleiro, pressionado desde as falhas contra o Atlético-GO, que custaram a eliminação do Fluminense na Copa do Brasil, mais uma vez não teve boa atuação, ainda que seus erros não tenham se refletido no placar.

Os preparadores de goleiros indicaram mudança para o jogo contra o Coritiba, mas o técnico Odair Hellmann bancou sua permanência, além de evitar criticá-lo.

Fred não levou o gol, mas fez sua melhor partida na volta ao Fluminense - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Fred não levou o gol que pediu a Daronco, mas fez sua melhor partida na volta ao Fluminense
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

A bola aérea defensiva também voltou a ser problema, principalmente nas bolas paradas, em que a marcação por zona mais uma vez se mostrou falha tanto na primeira como também na segunda bola. O Fluminense cedeu rebotes e sofreu com Pedro Raúl e Matheus Babi no ataque do Alvinegro no segundo tempo, além de ter perdido Matheus Ferraz, lesionado.

"Em algum momento, os caras vão ganhar alguma jogada, vai ter algum rebote, algum desvio. Esse é um jogo muito difícil de você conseguir evitar. Pelo todo, acho que a defesa se comportou bem até, que tiveram muitos lances nesse sentido", opinou o treinador.

Fred faz seu melhor jogo em volta ao Fluminense

Uma boa notícia foi a atuação de Fred, que parece se encaixar aos poucos no sistema de Odair fazendo muito bem o pivô em deslocamentos curtos, vencendo a maioria dos duelos pelo chão e pelo alto mesmo contra dois zagueiros velozes como Kanu e Marcelo Benevenuto. Esse foi de longe o melhor jogo do atacante em sua volta ao Fluminense.

Fred não levou o gol, mas fez sua melhor partida na volta ao Fluminense - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Fred não levou o gol que pediu a Daronco, mas fez sua melhor partida na volta ao Fluminense
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

"É um jogador importante para nós. Jogando, como ele está, já fez gols nos clássicos, já nos ajudou... Tem nos ajudado muito. Vai nos ajudar e está nos ajudando também com sua experiência, personalidade, fora do campo. Ele está muito bem, está feliz. Cada vez mais, com a sequência, vai melhorar também em aspecto de desenvolvimento de jogo. E a equipe também para a gente conseguir criar movimentações, criar construções, fazer mais volume na parte final para que ele possa concluir. É um jogador importantíssimo", destacou Odair.

O bom jogo do camisa 9, entretanto, não foi o suficiente para compensar a falta de velocidade, principalmente após a saída de Fernando Pacheco, que mais uma vez não foi bem, ainda que melhor que nas outras chances que recebeu. Com o retorno de Luiz Henrique, o peruano muito provavelmente voltará a ser opção no banco de reservas. Melhor talhado à ponta-direita, o jogador atuou pela esquerda, onde não repetiu seus melhores momentos com a camisa tricolor.

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