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Cano jogou com Honda, viveu fase ruim e dupla caiu para Grêmio no Mundial

Germán Cano e Keisuke Honda se cumprimentam no Vasco x Botafogo: foram companheiros no Pachuca (MEX) - Vitor Silva/Botafogo
Germán Cano e Keisuke Honda se cumprimentam no Vasco x Botafogo: foram companheiros no Pachuca (MEX) Imagem: Vitor Silva/Botafogo

Alexandre Araújo e Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/09/2020 04h00

O abraço antes de a bola rolar no último domingo (13) evidenciava um carinho muito além do encontro casual no centro do gramado do estádio Nilton Santos. Ícones de Botafogo e Vasco, Keisuke Honda e Germán Cano, respectivamente, estarão em lados opostos novamente hoje (17), às 19h, pelo jogo de ida da quarta fase da Copa do Brasil, mas nem sempre foi assim. Três anos antes, envergaram a mesma camisa e defenderam o Pachuca, do México.

A temporada foi a de 2017, onde o time mexicano foi campeão continental e disputou o Mundial de Clubes da Fifa. Naquela ocasião, Cano esteve longe de ter o mesmo prestígio que possui no Vasco e que alcançou por cinco temporadas no Independiente Medellín, da Colômbia, entre idas e vindas.

No Pachuca, o argentino foi reserva a maior parte do tempo, chegou a ser colocado para treinar separadamente do restante do elenco e não apresentou o mesmo faro de gols dos últimos anos. Foram apenas três em 17 jogos. Em sua opinião, até este momento difícil serviu de aprendizado.

"Eu melhorei em muitas coisas na minha carreira. E aprendi muitas coisas com companheiros que tive no México e na Colômbia, que me ajudaram muito a chegar onde estou hoje. Bom, o trabalho acho que é o principal. Não abaixar nunca os braços, não se conformar com nada. Saber muito bem que o que passou, já não existe, pensar sempre no presente e seguir trabalhando. Nos momentos bons e ruins, sempre sigo adiante. Hoje, estou desfrutando de fazer gols, mas não foi fácil. Foi todo um sacrifício. Passar pelo México, treinar separado do elenco... Mas segui trabalhando porque sabia que, com trabalho, se pode chegar longe", disse Cano ao SporTV.

Honda, por sua vez, foi mais participativo na equipe mexicana. No total, fez 13 gols em 36 partidas, boa média para um meia. No entanto, assim como no Brasil, também teve o marketing como um fator de peso para sua contratação.

"Aqui a verdade é que o Honda gerou muita expectativa devido ao 'exótico' de sua nacionalidade. No México não se vê muitos jogadores japoneses. Ele foi um imã para contar boas histórias na imprensa", disse ao UOL Esporte a jornalista mexicana Abigail Parra.

Eliminados para o Grêmio no Mundial

Keisuke Honda é pressionado pela marcação do Grêmio - Hassan Ammar/AP - Hassan Ammar/AP
Honda, pelo Pachuca, durante semifinal contra o Grêmio no Mundial de 2017: Cano entrou na prorrogação
Imagem: Hassan Ammar/AP

Depois de passarem pelo Wydad Casablanca, do Marrocos, por 1 a 0, nas quartas de final, encararam o Grêmio nas semis e fizeram uma partida dura. Acabaram sendo eliminados somente na prorrogação, por 1 a 0, com gol de Everton Cebolinha. Naquela partida, Honda foi titular e Cano entrou somente na prorrogação.

O Pachuca ainda fez a disputa de 3º e 4º lugares e goleou o Al-Jazira, dos Emirados Árabes, por 4 a 1, mas nenhum dos dois balançou as redes. Na final, o Grêmio foi derrotado pelo Real Madrid, por 1 a 0, com gol de Cristiano Ronaldo.

Cano ressurge e vira "máquina de gols" da Fifa

German Cano comemora um dos gols do Vasco sobre o São Paulo, em jogo do Brasileirão 2020 - Rafael Ribeiro / Vasco - Rafael Ribeiro / Vasco
German Cano comemora um dos gols do Vasco na vitória sobre o São Paulo, pelo Brasileirão 2020
Imagem: Rafael Ribeiro / Vasco

Após ser emprestado ao León (MEX) e também não ter brilho, Germán Cano retornou em 2018 ao Independiente Medellín (COL), onde tinha tido uma boa primeira passagem, entre 2012 e 2014, quando fez 54 gols em 99 partidas.

Desta vez, no entanto, o atacante foi além e virou ídolo de vez, se tornando o maior artilheiro da história do clube.

Na primeira temporada, foram 33 gols em 49 jogos. Já ano passado, foram nada menos que 41 tentos em 47 partidas, tornando-se o oitavo maior artilheiro do mundo no ano, superando até mesmo Cristiano Ronaldo, na Juventus. Entre os argentinos de todo o planeta, ficou atrás apenas de Lionel Messi, no Barcelona.

Em 2020, pelo Vasco, a média segue impressionante. São 16 gols em 23 jogos. Ele é o artilheiro isolado da equipe e vice no Campeonato Brasileiro, estando na cola de Thiago Galhardo, do Internacional, que tem apenas um gol a mais.

Entidade máxima do futebol, a Fifa o chamou de "máquina de gols" no site em suas redes sociais. Cano, posteriormente, agradeceu os elogios.

Honda passou por Austrália e Holanda

Keisuke Honda no Melbourne Victory - AP - AP
Keisuke Honda foi para o Melbourne Victory, da Austrália, depois do Pachuca
Imagem: AP

Após o Pachuca, Honda seguiu para centros menos badalados no futebol mundial. Primeiramente, entre 2018 e 2019, o japonês defendeu o Melbourne Victory, da Austrália, onde disputou 24 jogos e fez oito gols. Em seguida, antes do Botafogo, teve uma passagem meteórica pelo Vitesse, da Holanda, quando fez apenas quatro duelos e ficou um mês e meio. No Twitter, publicou um vídeo justificando sua saída:

"Olá, tenho que dizer algo a vocês. Decidi deixar o clube porque a minha missão quando cheguei aqui era mudar a situação, essa era a missão. Não consegui. Não consegui mudar a situação, e o [Leonid] Slutsky [treinador] saiu. Eu me sinto um pouco responsável por isso. Então, não devo ficar aqui depois do inverno. Mas aprecio o apoio de todos os torcedores e companheiros de equipe. Foram tão bons para mim enquanto estive no clube. Até à próxima. Obrigado!".

Cano afaga Honda

Cano afaga Honda após japonês ser substituído no primeiro tempo do clássico entre Botafogo e Vasco - Reprodução / Premiere - Reprodução / Premiere
Cano afaga Honda após japonês ser substituído no primeiro tempo do clássico entre Botafogo e Vasco
Imagem: Reprodução / Premiere

No duelo do último domingo pelo Campeonato Brasileiro, em que o Vasco venceu o Botafogo por 3 a 2, Honda foi substituído ainda no primeiro tempo, aos 42 minutos, por opção técnica do treinador Paulo Autuori, e saiu com cara de poucos amigos.

Enquanto se direcionava à linha lateral para dar lugar a Rentería, Cano fez questão de ir até o japonês, apertar sua mão e fazer um afago na cabeça do meia.