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Veteranos são mantidos, mas má fase do Flu dá espaço para jovens e apostas

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/08/2020 04h00

O Fluminense ainda não venceu nos oito jogos oficiais que disputou após o retorno do futebol. Em má fase, a equipe de Odair Hellmann tem sofrido mudanças, seja por desfalques, opções táticas ou negociações. E a espinha dorsal com veteranos está em xeque.

Se no início do ano a diretoria projetava uma mescla entre atletas rodados e jovens vindos da base, o 2020 do Fluminense tem mostrado até aqui que a juventude tem dado uma resposta melhor do que a experiência - principalmente nas partidas de maior nível técnico. O início difícil no Campeonato Brasileiro, com derrota para o Grêmio e empate em casa com o Palmeiras, ligou o sinal de alerta nas Laranjeiras.

Destaque no início da temporada ao marcar nove vezes em 11 jogos, Nenê não repete desde então as mesmas atuações. Talvez o jogador que mais tenha sentido a paralisação por conta da pandemia do coronavírus, o jogador de 39 anos é a síntese de como o Tricolor tem se apresentado nas últimas partidas: lento, perdido em um confuso novo posicionamento e sem poder de fogo.

Ainda assim, o camisa 77 foi prestigiado por Odair Hellmann, que bancou sua permanência na equipe titular para a partida contra o Internacional, no domingo, às 18h, no Maracanã. Mas as substituições cada vez mais frequentes - a última, inclusive, com reclamações do jogador ao deixar o campo - mostram que o treinador já visualiza outros formatos sem o experiente meia.

"O Nenê continua e continuará iniciando. Pelo menos iniciará a próxima partida, já te aviso de antemão. Como aqui dentro tem bastante fonte, de passar as informações para fora, já estou sendo a fonte para você. E aí, se na próxima partida eu tiver que tomar decisão, ou por avaliação técnica ou de característica ou de composição, certamente farei com Nenê, Fred, Evanilson... com qualquer jogador", disse Odair, em coletiva após o empate com o Palmeiras.

Além dele, o atacante Fred ainda não engrenou em seu retorno ao clube onde é idolatrado. Pelo Fluminense em 2020, o camisa 9 fez cinco jogos e não completou 90 minutos em nenhum deles. Para piorar, já sofreu com dois problemas físicos: primeiro uma cirurgia no olho esquerdo, e agora dores na coxa. O veterano fará um exame hoje (13) para saber se tem alguma lesão constatada no local.

Em sua ausência, Evanílson é a melhor notícia do Fluminense na temporada. Com oito gols em 18 jogos, o atacante não sentiu o peso da paralisação e voltou balançando as redes contra Flamengo, Botafogo (amistoso) e Palmeiras. Se o chavão "futebol é momento" servir de alguma coisa, o camisa 99 segue pedindo passagem e é o jogador mais perigoso do ataque do Tricolor, com status de titular absoluto.

Evanílson é o melhor do Fluminense na temporada, principalmente jogando com Marcos Paulo - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Evanílson é o melhor do Fluminense na temporada, principalmente jogando com Marcos Paulo
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

Por outro lado, Marcos Paulo, com quem o jovem de 20 anos forma entrosada dupla, ainda vive certa irregularidade no time de Odair Hellmann. A opção por sua saída da equipe não caiu bem entre torcedores nas redes sociais.

"A divergência faz parte e tem o respeito da minha parte. Foi a opção pela manutenção de um goleador, de força e velocidade, que é o Evanilson, em uma função que ele faz, com um movimento um pouco diferente, mas com liberdade para infiltrar. E a manutenção de um meia armador, Nenê, e um polivalente, como o Michel Araújo, que pode fazer função de lado e de meia", explicou.

O camisa 11 costuma ser o primeiro a ser substituído pelo treinador quando está em campo e foi barrado para a volta de Fred aos titulares contra o Palmeiras. A saída do ídolo promoveu sua entrada ainda na primeira etapa, e no tempo que teve a joia de Xerém deu mais um passe para gol, assumindo o posto de maior garçom do Flu na temporada com cinco assistências.

É quando os dois estão juntos e se procurando em campo que o Tricolor é mais perigoso no ataque, ainda que crie pouco. Outra alternativa que tem dado resultado é a entrada do uruguaio Michel Araújo na equipe. Adaptado, o polivalente meia de 23 anos colocou uma pulga atrás da orelha de Odair com boas atuações e dificilmente será sacado dos titulares.

"O Michel, por exemplo, está conseguindo se adaptar bem, dar resposta. Ele está evoluindo parte técnica, física e pode jogar tanto do lado quando por dentro, avançado, como pode fazer como fiz hoje, lateralizando ele e Dodi. Está demonstrando essa capacidade de força, intensidade", opinou o técnico.

Michel Araújo entrou bem no Fluminense e colocou pulga atrás da orelha de Odair Hellmann - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Michel Araújo entrou bem no Fluminense e colocou pulga atrás da orelha de Odair Hellmann
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

A exceção pode ser Paulo Henrique Ganso, recuperado de dores na coxa. O camisa 10 entrou bem contra o Palmeiras. Apesar das questões físicas que sempre o cercam, o jogador é capaz de organizar o time e fazer a bola correr, dois dos maiores problemas nos últimos jogos.

Mercado ruim dá espaço para soluções caseiras

Apesar de ter ido ao mercado buscar Hudson, Yago e Henrique - que acabou voltando para o Cruzeiro - o Fluminense também viu uma "solução caseira" aparecer para o meio de campo. No clube desde 2018, o volante Dodi agarrou a chance que teve e, com a sequência de jogos, é o jogador mais regular do time na temporada junto com Nino, seu parceiro dos tempos de Criciúma.

Na defesa, setor em que renovou com os experientes Digão e Matheus Ferraz, o Tricolor teve grata surpresa com Luccas Claro, ainda sem contrato para 2021, mas que mostrou muita segurança quando exigido e foi elogiado por Hellmann em coletivas.

Também absoluto na equipe, Egídio não vem repetindo as atuações de seu início pelo Fluminense e falhou em momentos capitais nas últimas partidas, virando alvo da torcida nas redes sociais. O lateral de 34 anos não tem sombra, mas o clube está no mercado para buscar um jogador que eleve o nível da posição, assim como no lado oposto, onde Igor Julião não é visto como solução para repor a saída de Gilberto.

Jovens como Calegari e Luiz Henrique receberam chances, assim como Miguel, já integrado aos profissionais desde 2019. Além deles, André e Luan têm aparecido no banco de reservas e também terão oportunidades no Brasileirão.

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