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Criciúma perde 80% da receita em crise e anuncia mudanças em contratos

Jaime dal Farra, presidente do Criciúma, explica mudanças contratuais durante a pandemia do novo Coronavírus - Everton Goulart/Criciúma
Jaime dal Farra, presidente do Criciúma, explica mudanças contratuais durante a pandemia do novo Coronavírus Imagem: Everton Goulart/Criciúma

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

26/04/2020 12h02

O Criciúma precisou realizar mudanças nos contratos de trabalho. Ao todo, 32 funcionários foram demitidos por causa da crise financeira. O clube informou, na noite de ontem (25), que diante da pandemia do novo Coronavírus, "seis atletas do elenco profissional terão seu vínculo encerrado ao término de seus contratos que ocorrem entre final de abril e início de maio; e os demais atletas celebraram acordo individual para ajuste de contrato e redução de salário por até 60 dias". Os acordos podem ser retomados antes conforme o retorno das atividades.

Para explicar o caso, o UOL Esporte entrou em contato com Jaime Dal Farra, presidente do clube catarinense. Ele revela que houve redução de 80% da receita do clube neste período e explica as mudanças contratuais.

Os atletas questionaram em um primeiro momento, mas entenderam, concordaram. Todos foram feitos em comum acordo, dentro da legalidade e do que manda a lei. Foi um trabalho desgastante, mas que teve apoio de todo mundo.

"A receita caiu em torno de 80%, é muita coisa", disse ao UOL. Ele ainda explicou por que o faturamento não foi totalmente zerado no período: "Não chegou a zero, porque a gente tem o sócio-torcedor, que antes da paralisação, era a terceira receita do clube. A primeira era a TV, depois patrocínios e bilheteria de jogos. Até março, tínhamos 3.200 sócios rigorosamente em dia. A gente fez uma campanha para todos manterem isso em dia, porque temos coisas para pagar".

"O CT, os jogadores, os funcionários. Amanhã, se for para voltar, temos a estrutura física totalmente montada. O clube não parou de funcionar, não foi abandonado. A receita do sócio, hoje, um ou outro patrocinador de placa e de camisa permaneceu. A maioria pediu suspensão de contrato", acrescentou.

As mudanças são estabelecidas conforme a Medida Provisória n° 936, de 1° de Abril de 2020. No decorrer do estado de calamidade pública, empregado e empregador podem celebrar acordo individual escrito. Isso foi o que ocorreu no Heriberto Hulse.

"A nossa receita caiu drasticamente. Vários clubes fecharam, tinha gente que não vinha pagando, e essa pandemia atrapalhou todo mundo. As receitas caíram drasticamente, vários patrocínios, cotas de TV. Isso não foi diferente com o Criciúma. A gente colocou um corte de despesas bastante duro e forte. Tivemos que demitir 32 colaboradores em vários setores. A gente mudou os contratos por 60 dias, conforme a lei permite. Alguns salários de R$ 4 mil, R$ 5 mil, R$ 6 mil, a gente sabe que o governo completa. O clube não está feliz com isso, mas é uma pandemia que está atingindo gente dentro e fora do Brasil", comentou Jaime Dal Farra.

"Os jogadores todos concoradaram. Mas jogadores que ganham até R$ 3 mil recebem o salário integral. A gente faz a suspensão, mas o governo completa o valor. O nosso salário está em dia nos últimos dez anos. Funcionários da base, todos estão conversados conforme prevê a lei. Foi assinado e conversado com todos os atletas do clube. Todos entenderam. É uma ação de 60 dias, mas se o campeonato voltar em 15 dias, volta por inteiro", completou.

Embora a queda da receita seja de 80%, a redução nos pagamentos não chega a 60%, o que era a meta inicial do clube.

"A gente está tendo uma redução de pelo menos 40%, 50% da despesa. O projeto era cortar até 60%. A gente fez o levantamento, mas vamos avaliar. A gente teve uma queda de 40%, 50%. A receita caiu 80%. Então, não tem jeito. A gente tem que pagar e manter os jogadores. A comissão técnica e todo o estafe do futebol concordaram imediatamente. Todos entenderam o cenário e prontamente aceitaram o acordo de redução", concluiu.