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Juiz troca apito pelo hospital e atua como enfermeiro em tempos de Covid-19

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/04/2020 04h00

Em tempos de Covid-19, o árbitro fluminense Rafael Martins de Sá trocou o apito pelo jaleco e passou a ser mais um combatente na luta contra a pandemia. Enfermeiro em um hospital de Maricá, Região dos Lagos do Rio, o juiz, que faz parte dos quadros da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e da CBF, tem encarado uma realidade mais triste e menos colorida que um Maracanã lotado.

Ainda que os relatos de seu hospital não sejam dos mais dramáticos, Martins vive a tensão do dia a dia e ressalta a preocupação com o alto grau de infecção dos profissionais da saúde. Ao chegar do plantão, o juiz toma as precauções devidas e lava em separado suas roupas. A saudade de voltar a calçar a chuteira, no entanto, é grande.

"É uma luta, é difícil para todos. A prioridade como enfermeiro é no combate à pandemia, mas estava no melhor momento da minha carreira. É torcer para que passe logo, o que estamos tentando fazer é achatar a curva para que os hospitais aguentem", contou ele ao UOL Esporte.

Rafael Martins de Sá durante plantão no hospital - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Rafael Martins de Sá durante plantão no hospital
Imagem: Arquivo Pessoal

Rafael já tinha arbitrado quatro jogos no Carioca, e fez sua "despedida" em Fluminense 4 x 0 Resende. Como concilia as duas funções, aproveitou a interrupção no calendário para "pagar" as dívidas com os colegas de hospital, já que a escala de jogos faz com que ele tenha de fazer trocas na escala. Entre um treinamento físico e um dia atribulado no trabalho, o árbitro aproveita o tempo para se aprofundar nos temas das quatro linhas.

"O que tenho feito para suprir essa falta de jogos é trabalho físico e estudo das regras. Mas o ritmo de jogo só irei readquirir apitando mesmo. Estou tomando cuidados em dobro para me manter saudável", acrescentou.

Rafael Martins de Sá durante partida do Carioca-2020 - Marcos Farias  - Marcos Farias
Rafael Martins de Sá durante partida do Carioca-2020
Imagem: Marcos Farias

Enfermeiro há 13 anos, Rafael evita comparar o frio na barriga de um estádio cheio com a tensão de encarar um dia na enfermaria. Agora, a única missão é dar cartão vermelho para o vírus:

"No hospital, eu me esqueço do campo. Me condicionei a isso. Quando a situação se normalizar, volto a viver também a vida de árbitro."