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Elenco acatou corte salarial no Atlético-MG, mas não opinou sobre decisão

Jogadores do Atlético-MG acataram decisão da diretoria sobre corte salarial de até 25% durante pausa do calendário - Bruno Cantini/Agência Galo
Jogadores do Atlético-MG acataram decisão da diretoria sobre corte salarial de até 25% durante pausa do calendário Imagem: Bruno Cantini/Agência Galo

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

31/03/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Os jogadores do Atlético-MG acataram a decisão da diretoria em reduzir os salários em até 25% e não criaram desgaste pela situação
  • Eles não tiveram a possibilidade de ajustar os moldes da decisão tomada pelo presidente Sérgio Sette Câmara. As medidas passam a valer apenas em abril
  • O UOL apurou que a cúpula tentou acordo por meio dos líderes do elenco - Réver e Fábio Santos estavam entre eles - ao longo da última semana
  • Contudo, não conseguiu um aval dos atletas para as propostas apresentadas. No último domingo (29), o clube optou pelo corte de até 25% dos pagamentos

Os jogadores do Atlético-MG acataram a decisão da diretoria em reduzir os salários em até 25% e não criaram desgaste pela situação. No entanto, não tiveram a possibilidade de ajustar os moldes da decisão tomada pelo presidente Sérgio Sette Câmara. As medidas passam a valer somente em abril e duram enquanto houver a paralisação do calendário brasileiro por causa da pandemia do coronavírus.

O UOL Esporte apurou com fontes ligadas a pelo menos cinco jogadores que a cúpula atleticana tentou acordo por meio dos principais líderes do elenco — Réver e Fábio Santos estavam entre eles — ao longo da última semana. Neste período, contudo, não conseguiu um aval dos atletas para as propostas apresentadas. Na tarde do último domingo (29), o clube optou pelo corte de até 25% dos pagamentos.

Antes de divulgar a nota oficial por meio de suas redes sociais, o clube entrou em contato com os jogadores a fim de avisar sobre a decisão. Eles foram comunicados pelo diretor de futebol Alexandre Mattos. O dirigente informou os líderes do plantel, responsáveis pelo diálogo com a cúpula. A informação foi repassada aos demais atletas em um grupo de WhatsApp que conta com os membros do grupo profissional.

Os atletas não apresentaram qualquer resistência à diretoria ao receberem o comunicado sobre a redução dos salários. Até aqueles que têm remunerações menores aceitaram a determinação.

O Atlético não se baseou em uma lei ou artigo da Constituição Federal para se resguardar sobre o assunto, mas alegou que há necessidade de compreendimento dos funcionários.

"O sindicato foi acionado, mas a situação de urgência e de singularidade impõe adoção das medidas. Aqui não devemos nos apegar a um ou outro artigo de lei. Há que se compreender o sistema e a excepcionalidade. Ontem, por exemplo, uma liminar do STF [Superior Tribunal Federal] suspendeu parte dos efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal [LRF], atendando exatamente o motivo excepcional de força maior", disse Lásaro Cândido Cunha, vice-presidente do Atlético, ao UOL Esporte.

A decisão da diretoria do Atlético afeta funcionários que recebem acima de R$ 5 mil na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Portanto, 77% do quadro de empregados do clube permanece recebendo o salário integral.

Diferentemente dos moldes adotados por Fortaleza e Ceará, o Atlético-MG não estabelece a devolução da quantia cortada nos meses de paralisação. Os clubes cearenses parcelaram a diferença e devolverão o valor até dezembro de 2020 aos seus jogadores.

Jorge Sampaoli também foi consultado pela diretoria do clube. Até a tarde do último domingo (29), ele não havia recebido nenhum tipo de comunicado. O argentino, no entanto, foi consultado e deu resposta positiva à diretoria.

Na tarde de ontem (30), o Atlético divulgou um comunicado com declaração do treinador sobre o tema: "Ninguém se salva sozinho. Isso acontece no mundo, em uma sociedade, em uma equipe ou em um clube. A realidade indica que um momento de entender o que está acontecendo e colaborar. Decidimos diminuir nosso salário. Isso vai além de ser solidário ou não: existe uma situação no planeta que se reflete na situação do clube e, como sou privilegiado, posso contribuir para tentar superá-la da melhor maneira".

"Em um mundo de desigualdades, acredito que todos os privilegiados devem ajudar quem mais precisa. Espero que possamos sair desta pandemia transformados para melhor. É essencial cuidar de nós mesmos, de forma conjunta. Um grande abraço".

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