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Sampaoli precisa de centroavante? Veja o que os últimos trabalhos mostram

Ivan Storti/Santos FC
Imagem: Ivan Storti/Santos FC

Eder Traskini

Colaboração para o UOL, em Santos

13/04/2019 04h00

O assunto é recorrente: falta ao elenco do Santos um centroavante de ofício. A diretoria do Peixe já fez várias tentativas, mas não teve sucesso até aqui em nenhum nome. Mas será que o técnico Jorge Sampaoli realmente precisa de um camisa 9 para ter sucesso? Analisamos os últimos trabalhos do argentino para elucidar a questão.

"Sempre joguei com um centroavante. Saber mexer na área é específica de uma posição. Chegamos com muitos jogadores, tentamos com um e com outro. Derlis jogou por dentro e costuma jogar por fora. Com tantos cruzamentos em cada jogo, com uma pessoa que se mova bem e entenda bem a leitura da partida, seguramente converteríamos muito mais gols. Temos muita verticalidade e situações. Fazemos poucos gols pelo que geramos. Precisamos de contundência com ou sem 9", disse o treinador após a vitória por 3 a 0 sobre o Atlético-GO na Copa do Brasil.

Antes de chegar a La U (CHI), de onde se projetou para o mundo, Sampaoli venceu o torneio Apertura do Equador com o Emelec em 2009 e acabou em terceiro no campeonato nacional daquele ano. No Apertura, o artilheiro do time foi o meia David Quiroz, com oito gols, enquanto na segunda fase o goleador da equipe foi o centroavante Franco Mendoza, mas com apenas quatro gols.

Dois anos mais tarde, em 2011, Sampaoli chegou a La U, clube que treinaria até 2013. No Chile, o treinador conquistou duas vezes o torneio Apertura e uma vez o Clausura, além de se sagrar campeão da Copa Sul-Americana. Foram duas temporadas completas na equipe antes de aceitar o convite para dirigir a seleção nacional.

Na primeira temporada, o ponta Edson Puch foi o artilheiro do time no Apertura com oito gols e o centroavante Francisco Castro o artilheiro no Clausura também com oito. No ano seguinte, o centroavante Angelo Henriquez e o ponta Raul Ruidiaz dividiram a artilharia do time com sete gols no Apertura, enquanto o meia Enzo Gutierrez foi o maior marcador da equipe no Clausura também com sete gols.

Entre 2013 e 2015, Sampaoli comandou a seleção do Chile, onde conquistou a Copa América de 2015. Em todos seus anos dirigindo o Chile, o artilheiro da equipe sempre foi o atacante, mas não centroavante, Eduardo Vargas: em 2013 foram 10 gols, em 2014 ele fez sete e no ano seguinte voltou a marcar sete vezes. A seleção chilena de Sampaoli teve sucesso atuando com Vargas e Alexis Sánchez na frente, sem nenhum centroavante de origem.

Na temporada 2016/17, o Sevilla de Jorge Sampaoli, aí sim, teve um centroavante como artilheiro. O francês Ben Yedder foi o melhor marcador da equipe no campeonato espanhol, balançando as redes 11 vezes. Convidado para dirigir a Argentina logo na sequência, Sampaoli teve no craque Lionel Messi seu principal marcador tanto em 2017 quanto em 2018: foram três gols no primeiro ano e quatro no segundo.

No início deste ano assumiu o Santos e transformou o desacreditado meia Jean Mota em peça fundamental e artilheiro do time na temporada, com oito gols. Sampaoli até tentou utilizar um centroavante e testou todos os disponíveis no elenco do Peixe, mas nenhum agradou e foi com o paraguaio Derlis González atuando como falso 9 que o time teve seus melhores momentos nesta temporada.

Ou seja, eventualmente os times de Jorge Sampaoli precisam sim de um centroavante, mas a peça está longe de definir se o trabalho do argentino será bom ou ruim. Até hoje a principal conquista de Jorge Sampaoli, a Copa América de 2015, foi feita sem um centroavante de origem, mas com dois atacantes móveis.

Assim sendo, o Santos tem tudo para melhorar com a chegada do prometido camisa 9, mas as variantes do jogo de Sampaoli nem sempre passam necessariamente por essa figura parada dentro da área.

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