Topo

Saiba quem é a promoter que coloca os boleiros em qualquer balada

Juliana Alencar

Do UOL, no Rio

28/04/2015 06h00

Carol Sampaio tem uma agenda de fazer inveja a muitos jornalistas esportivos. De Ronaldo a Neymar, a lista está à altura do título que carrega, ainda que com ressalva: a promoter queridinha dos boleiros.

"Sempre fui a favor de misturar os mundos. Tem jogadores, mas tem também atores, músicos...", contemporiza, antes de reconhecer o mérito. "De fato, antes de mim não era tão comum boleiro ser convidado para festas".

A ligação de Carol com esse universo vem de seu passado esportista. Antes de começar a trabalhar como promoter, aos 17 anos, Carol foi atleta do Flamengo. Jogou futebol de 1995 a 1998 no clube, o que a fez se aproximar dos ídolos do rubro-negro na época. O convívio ia além da Gávea: com Romário e Edmundo, por exemplo, costumava jogar futevôlei no Pepê, point dos praticantes da modalidade na Barra, zona oeste do Rio.

"Quando virei promoter, era natural que convidasse os amigos que fiz por causa do esporte.  Na época, lembro que fui convidada pela Nova Schin  para fazer a lista do camarote na Sapucaí e eles não tinham certeza se era esse perfil que queriam. Mas deu tão certo que acabei levando a marca para patrocinar o clube", orgulha-se.

Carol, hoje com 33 anos, se tornou promoter depois de sofrer uma lesão que a impediu de seguir profissionalmente no esporte. Mas antes de deixar a carreira, realizou um dos seus grandes sonhos: jogar no Maracanã. "Disputei a preliminar da final da Copa do Brasil de 1997, Flamengo e Grêmio. Foi demais", recorda-se.

Além do futebol, Carol ainda praticou vôlei e jiu-jítsu. "Se havia preconceito contra jogador, imagine com lutador.  Era a época dos pitboys, os contratantes tinham muitas restrições. Mas os tempos são outros". 

Neste Carnaval, contratada pela Ambev, Carol colocou no camarote da Boa, na Sapucaí, atletas como  Emerson Sheik e o jogador de basquete Lucas Bebê, além dos ex-boleiros Roger Flores e Edmundo.  

Fama de 'pidão'

Como uma boa anfitriã, Carol não  gosta de taxar os convidados pelo comportamento ou perfil. Sobre a fama de "pidão" dos boleiros, trata com naturalidade. Jura, inclusive, nunca ter passado por alguma saia-justa ao escutar exigências deles. "Se me pedem, é porque está ao meu alcance. Não tem problema nenhum em pedir.  Faz parte do meu trabalho", minimiza. 

Dona do tradicional  "Baile da Favorita", Carol conta que é na festa que costuma ser mais requisitada por eles. "Muitos compram camarote, mas outros preferem ficar no meu, talvez por privacidade", diz.

Sem citar nomes, lembra que cansou de receber jogadores no evento sem que a imprensa soubesse. Mas diz não orientar ninguém sobre o que não fazer: "O comportamento deles é algo que foge da minha alçada. Cada um tem que saber cuidar da própria vida".

Com mais de 15 anos de experiência, a promoter reconhece que os boleiros, no entanto, estão mais cuidadosos hoje em dia. "Celular com foto e redes sociais mudaram muito os hábitos", admite. Talvez por  isso tenha recomendado Neymar, o atual número 1 na lista de jogadores, a não aceitar tantos convites para badalações: "Sou amiga da família".

Fanática

Flamenguista doente, Carol lembra, aos risos, de "causos" envolvendo jogadores, como o dia que ganhou de Fred uma camisa do Fluminense. "Quando ele não era comprometido, estava sempre nos meus eventos. Me deu a peça, assinada por todo o grupo, e escreveu uma dedicatória para implicar, na brincadeira", diz ela, que coleciona camisas de clubes.  São mais 80, todas ganhas de amigos. "David Luiz, por exemplo, eu não conhecia quando ele me mandou uma em agradecimento por ter cedido um camarote para amigos".

O amor pelo Flamengo, aliás, fez a promoter abrir mão de um convite do goleiro Júlio César para assistir à final da Champion's League, em 2010. Preferiu viajar ao Chile para ver o rubro-negro ser eliminado da Libertadores contra o Universidad de Chile. "Fui a todos os jogos. Não me arrependo, não", diz ela, que elege a conquista do hexa no Brasileiro como a maior alegria. E lamenta não ter visto Zico e Junior jogarem. 

 E já que o assunto são craques, Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo? "Como promoter, eu convidaria os dois. Sou cara-de-pau", esquiva-se. "Mas como torcedora, o Messi."