Ela saiu de Madureira, faz sucesso na Rússia e já cantou para 4 presidentes
Já passa de 2h da manhã e Gabriella surge no palco de uma balada exclusiva em Moscou. Ela usa uma calça esportiva com um decote generoso na lateral e um cropped top da moda. O show começa com um hip hop russo e não demora para o DJ soar a batida de ‘Baile de Favela’. Gabi se vira para o público e faz o quadradinho perfeito. É fácil cravar. Essa russa é brasileira.
Mas é quando ela canta os versos de 'Ne Ostanovit' é que o público se empolga mais e canta a letra toda. A música rendeu um clipe com o cantor Jacques Anthony que já teve 1,3 milhão de visualizações no Youtube. É a prova que Gabriella saiu de Madureira, no subúrbio do Rio de Janeiro, para fazer sucesso na Rússia.
A cantora chegou há quase dez anos no país e começou a ficar popular depois que participou de dois realities de música. Um deles o The Voice russo em que cantou a lambada ‘Chorando se foi’. Ela nem queria a canção porque achava que não favorecia sua voz, mas passou pelo temido teste da cadeira e avançou até a terceira fase.
“Depois disso, em termos de popularidade, se eu estava no shopping ou em algum lugar, as pessoas começaram e me conhecer mais. Depois do The Voice a gente começou a trabalhar sério, eu comecei a fazer show em outros países, a gravar em russo, fazer parte de uma gravadora que é bem forte. Graças a Deus estou indo muito bem, o tempo todo eu dou entrevista para canais de televisão, revistas jornais. Posso falar que na minha carreira hoje já fiz bastante coisa”, conta ela.
Ela já pode contar para os dois filhos que se apresentou para quatro presidentes, entre eles Lula e Dilma e o ex-presidente da Rússia Dmitry Medvedev. “Cantei para o presidente do Cazaquistão, no Kremlin quando Dmitry era presidente, conheci, tenho foto com ele, cantei com cantor famoso, Sergei, já conheci a Dilma aqui em Moscou. Cantei quando vieram fazer uma convenção e para o Lula também, então já foram quatro na minha história. Espero conhecer mais. Já desfilei na semana de moda de Moscou com vários designers importantes, já cantei na Praça Vermelha, agora vou cantar de novo”, conta ela.
Gabriella nem poderia imaginar o rumo que sua vida tomaria quando saiu do Brasil. Ela que é carioca da gema, canta desde os sete anos e chegou na Rússia por acaso. Uma amiga que fazia parte de um grupo estava morando no país e fez um convite despretensioso. Como ela buscava qualquer oportunidade para cantar, não titubeou. Mas teve que enfrentar a desconfiança e o medo da mãe.
“Mãe, vou para Rússia. Lá não tem nada de errado, não é prostituição, a minha amiga é dançarina, você conhece, ela dançava no nosso grupo. Teimei com a minha mãe e falei ‘vou’ porque antes eu tive várias oportunidades e ela não deixava”, conta.
Gabi foi para a Rússia e conheceu o marido Vitaly com quem hoje tem dois filhos. Mas a história ainda teria algumas idas e vindas até o final feliz. Sentiu muito o frio e a solidão. “Foi muito difícil a língua e o frio, eu não estava acostumada com o frio. Entrei em depressão, não saía de casa e falei para ele: ‘Eu não consigo ficar aqui. Eu te amo, mas assim eu não consigo’. Eu voltei para o Brasil e ele foi atrás de mim de novo. Eu fui embora e ele ficou me ligando, a sua passagem está comprada, volta. Ele não aguentou e foi atrás de mim”, conta.
Gabi topou o desafio de voltar a Rússia com uma condição: não abriria mão do seu sonho de cantar. Ela arrumou um grupo de Bossa Nova e passou a cantar em bares até surgir a oportunidade dos programas de TV. Depois, com a ajuda do marido bem sucedido arrumou uma gravadora e já se deu ao luxo de produzir um dos clipes mais caros da história recente da Rússia. “Realmente o clipe é alta produção porque não quero fazer uma coisa parecida com a Rússia, quero uma coisa mais americana, no estilo americano”.
A cantora é ambiciosa e tem o sonho de conquistar território fora da Rússia. Seu sonho é fazer sucesso no Brasil e ela acredita que a visibilidade da Copa do Mundo pode ajuda-la. Gabi tem vários shows marcados para o período de Copa, um deles na Fan Zone da Fifa.
“Eu quero mais, ainda não estou totalmente satisfeita. Sei que tenho potencial. Eu estou esperando. A gente quer fazer um trabalho em outros países, quando você começa a fazer em outros países fica mais fácil para chegar no seu”, conta ela.
Apesar do sonho de brilhar no Brasil, ela nem pensa em voltar a morar em terras tupiniquins e defende a Rússia de Putin. Enquanto isso, ela foca e tenta entender as tendências do mercado russo que mudou bastante desde que ela chegou. “Alguns anos atrás quem fazia sucesso era quem era amante de um milionário ou quem tinha muito dinheiro para pagar. Hoje em dia quem quer comprar música, programa de televisão e rádio, não trabalha mais. Agora o que se trabalha muito é a internet. A moda é hip hop, R&B, e esse estilo quem gosta são os jovens, os jovens mudaram, é uma revolução na música que está acontecendo na Rússia. Os jovens mudaram esse sistema. Tanto que os cantores que eram muito famosos, hoje em dia não têm mais, não ganham tanto dinheiro porque não tem mais espaço pra eles”.
Gabi sabe que mesmo dentro do país que escolheu para viver ainda precisa galgar um espaço bem maior. Com seus 100 mil seguidores no Instagram, ela reconhece que ainda não é uma estrela. "Eu não sou uma Anitta, mas... estou bem", brinca
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