Osorio supera desconfianças por rodízio e 7 a 0 e agora faz México sonhar
Uma entrevista do atacante Chicharito Hernández a um canal de televisão mexicano que viralizou recentemente ilustrava bem a baixa expectativa do país antes da Copa do Mundo. Nela, o jornalista cravava que o México não tinha chances de ir longe e que vencer a Alemanha na estreia era impossível. Citou com ceticismo o processo de dois anos e meio do técnico Juan Carlos Osorio à frente da seleção, pontuado por um polêmico rodízio de jogadores e uma goleada de 7 a 0 sofrida contra o Chile em 2016.
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A resposta de Chicharito soou indignada. "Por que não?". Dito e feito. Dois jogos e duas vitórias depois – um espetacular 1 a 0 sobre a Alemanha na estreia, em jogo que poderia ter tido um placar mais elástico, e um 2 a 1 com outra atuação sólida diante da Coreia do Sul –, o México está a um passo da classificação às oitavas e com boas chances de terminar em primeiro do grupo F.
A caminhada de Osorio até o brilho nos gramados da Rússia não foi nada fácil. Após deixar o São Paulo para assumir a seleção mexicana em outubro de 2015, ele arrancou com uma série invicta de 22 jogos e uma proposta de jogo ofensiva. Mas nem os bons resultados aplacaram as críticas por uma metodologia que também gerou desconfianças em terras brasileiras: o rodízio constante de jogadores.
Até hoje, nenhuma vez Osorio manteve uma escalação de um jogo para outro. Mas o colombiano se manteve impassível diante das cobranças de imprensa e torcida por uma regularidade maior na definição de 11 titulares. Sua filosofia de sempre mexer no time se baseia em dois pilares: armar sua equipe em função das virtudes e fraquezas do adversário, e nunca deixar seus atletas entrarem em uma zona de conforto. Para ele, com a exceção de jogadores fora de série, ninguém consegue fazer mais de três jogos seguidos em alto nível.
Se as cobranças sobre o treinador já vinham mesmo com os bons resultados, seu trabalho ficou por um fio depois dos 7 a 0 sofridos para o Chile nas quartas de final da Copa América Centenário, em 2016. A pressão pela demissão de Osorio, oito meses depois de sua contratação, foi imensa. Ele pediu desculpas ao povo mexicano, classificou a goleada como um "desastre do futebol" e foi mantido.
O caminho para a Copa do Mundo manteve a toada: bons resultados, com classificação tranquila nas Eliminatórias, mas sempre uma relação tensa com torcedores e jornalistas. As críticas constantes ao rodízio eram intensificadas quando aconteciam oscilações pontuais de desempenho, como na derrota por 4 a 1 para o time B da Alemanha na semifinal da Copa das Confederações de 2017. Mais de uma vez, a competência de Osorio para comandar a seleção foi questionada.
A reviravolta veio no melhor palco possível. Diante dos atuais campeões mundiais, o México fez uma partida espetacular. Negou espaços, jogou coletivamente e poderia ter feito bem mais que 1 a 0 se aproveitasse melhor os muitos contra-ataques que teve. Osorio transformou seu time para se adaptar aos desafios propostos pela Alemanha, fazendo a equipe se compactar na defesa e mudando para uma linha de cinco defensores no segundo tempo, quando os europeus apostaram na artilharia aérea.
Diante da Coreia do Sul, um desafio totalmente diferente. Se a Alemanha controlou a bola, os asiáticos a deram para o México e ficaram esperando a chance de contra-atacar. Mas a equipe de Osorio mostrou sua versatilidade e voltou a jogar bem, desta vez dominando a posse, tocando de pé em pé com velocidade e achando os espaços para abrir a defesa do rival.
O próximo degrau que o México terá que subir na Copa é a Suécia, na próxima quarta (27). Um empate basta para que o time avance como primeiro do grupo às oitavas de final. E para Osorio, é mais uma chance de mostrar que os dirigentes do país acertaram ao fazer o mesmo que Chicharito: acreditar.
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