Comprar rublo no Brasil para ver a Copa pode sair muito caro. Entenda
Quem pretende viajar à Rússia para assistir à Copa do Mundo precisa estar muito atento às operações de câmbio: o spread para a compra em espécie (papel) do rublo, a moeda russa, chegou a ficar quase oito vezes mais caro que o do dólar e do euro.
Spread é a diferença entre as taxas de compra e venda de uma moeda. Na prática, é o valor cobrado pelas instituições de câmbio para comercializar a moeda, é de onde vêm seus lucros. Nesta segunda-feira (12), por exemplo, o spread do dólar e do euro estava por volta de 4,5%.
Isso significa que, se você comprar um dólar ou um euro, pagará o valor estipulado pela tabela de câmbio atual acrescido dessa porcentagem. O spread do rublo, porém, estava por volta de 32% ao meio-dia desta segunda-feira. Semana passada, chegou a 35%.
Não há nada ilegal nesses valores: trata-se de uma questão de mercado. O rublo é uma moeda “exótica” no Brasil, tanto que apenas duas casas de câmbio o estão comercializando. Com uma demanda maior por conta da Copa do Mundo, e uma oferta pequena, o preço da moeda russa vai às alturas.
Há saídas, porém, para fugir das taxas altíssimas. Levar pouco dinheiro vivo, optando pelos cartões “travel money”, e comprar dólares ou euros para trocá-los por rublos diretamente na Rússia, são as mais indicadas.
Cartões “travel money” são oferecidos no Brasil por diversos bancos e casas de câmbio. Permitem que o viajante carregue em dólar ou euro e faça saques em moeda local. O usuário paga IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em cada saque realizado, mas o alto spread do rublo faz com que, mesmo assim, esta seja uma opção mais em conta.
Por exemplo: vamos supor que você coloque R$ 1.000 em seu cartão travel money. Descontados o IOF, o spread do euro e outras taxas menos conhecidas cobradas em transações do tipo, você terá 221 euros em seu cartão. Chegando na Rússia, isso significará um total de cerca de 15.480 rublos para sacar.
Já se você gastar R$ 1.000 para comprar rublos em espécie, sairá da casa de câmbio com cerca de 13.407 rublos. A diferença pode parecer pequena porque a moeda russa é desvalorizada, mas com 2.073 rublos a mais à disposição o torcedor pode, por exemplo, andar seis horas de táxi (com bandeira 1) em Moscou. Ou pagar um almoço para duas pessoas, que na capital russa tem preço médio de 2.000 rublos.
Vale lembrar também que viajar à Rússia é relativamente caro e qualquer economia é, a princípio, bem-vinda. O gasto médio em passagens aéreas do Brasil até o país é de R$ 5.000 por pessoa, enquanto estima-se que um turista vá gastar em torno de R$ 250 a diária em hospedagem.
“Não existe uma demanda forte no Brasil de viagens para a Rússia. O que teremos é um evento específico, e o rublo não é uma moeda comum, que você vê em qualquer casa de câmbio”, explica Ricardo Santos, superintendente da área de câmbio do banco Itaú.
“Cerca de 98% do que se vende no mercado brasileiro é dólar e euro. Todas as demais moedas juntas estão dentro do 2% restantes”, diz Santos. O superintendente conta que o próprio Itaú decidiu não investir em rublos pela falta de demanda pela moeda, apesar da Copa do Mundo.
Por enquanto, Cotação e Confidence são as duas casas de câmbio que vendem rublos no Brasil. A primeira não se pronunciou oficialmente sobre a questão do spread, enquanto a Confidence se posicionou por meio de sua assessoria de imprensa: "Em função de políticas internas da empresa, não fazemos comentários sobre a formação de nossos spreads. De qualquer forma, vale destacar que a comparação do spread de moedas líquidas como dólar e euro não é aplicável, visto que as moedas exóticas, como é o caso rublo russo, tem menor liquidez e alto custo logístico”.
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