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Rodrigo Mattos

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Paulista revela um São Paulo promissor e um Palmeiras monotemático

Lance do duelo entre São Paulo e Palmeiras, pela final do Paulista, no Morumbi - Marcello Zambrana/AGIF
Lance do duelo entre São Paulo e Palmeiras, pela final do Paulista, no Morumbi Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

23/05/2021 19h32

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O fim do jejum de oito anos do São Paulo por títulos será o fato mais exaltado na campanha do título Paulista. Mas talvez a melhor notícia seja o futebol promissor apresentado durante o campeonato, mais até do que nas finais. Dos times do Estado, é o que hoje apresenta o futebol mais agradável, mais envolvente ofensivamente.

Foram duas finais pobres em futebol em pelo menos três tempos. Foram usados eufemismo como "jogo amarrado taticamente", "times estudando o rival" ou "defesas prevalecem sobre os ataques" para explicar a falta de soluções ofensivas encontradas pelos dois times.

No caso palmeirense, há o estilo de jogo reativo implantado pelo técnico Abel Ferreira. Sempre prioriza o jogo no erro do adversário, com roubadas de bola no meio-campo e transição rápida para Ronny e Luiz Adriano.

Do outro lado, o técnico Hernan Crespo decidiu não dar esse campo ao rival e, por isso, abriu mão do estilo original do time. Um time que tinha enfiado oito gols em duas eliminatórias do Paulista passou a marcar mais atrás, sem pressionar tanto a saída do rival e sem avançar tanto suas linhas.

Depois dos três tempos sem futebol, foi o acaso que abriu o placar da final com o chute de Luan que desviou em Felipe Mello. Isso condicionou o segundo tempo.

O Palmeiras, que tinha praticamente sete jogadores mais defensivos em campo, teve trocas depois dos 20min do segundo tempo. Segundo seu técnico Abel Ferreira, o time não era defensivo, nem tinha três zagueiros, porque tinha alternativas de saída de bola com alguns dos zagueiros ou os alas. Não era o que se via em campo, faltavam ideias ofensivas aos palmeirenses.

E isso ficou mais claro quando Abel fez substituições para avançar o time. Danilo, Patrick de Paula, Wesley e Gabriel Menino entraram para ter um atacante extra, e avançar o meio na marcação. Só que o time não conseguia criar jogadas de gol e ficou bagunçado atrás.

O São Paulo já enfileirava contra-ataques com espaço quando Nestor recebeu pela esquerda e meteu a bola para Luciano fazer o segundo gol. Com espaço, o time de Crespo voltou a ser o time de troca de bolas e transição rápida para chegar ao gol. Foi, enfim, um tempo com a cara do São Paulo destes dois meses. É esse time que se espera aqui da frente sem o peso do jejum.

Do lado do Palmeiras, sobraram só ligações diretas de Weverton para tentar ataques desesperados. Não deu para compreender como Abel Ferreira ficou tão satisfeito com atuações nas finais. Aparentemente não viu nada para aprimorar para o futuro apesar do time monotemático em jogo de contra-ataque.

Um título Paulista tem uma importância normalmente limitada que o São Paulo ampliou por conta do seu jejum. Já escrevi aqui que considerava a estratégia equivocada por ver a Libertadores como mais relevante para a história do clube. Mas talvez a melhor notícia para o time seja o futebol promissor para o restante da temporada quando disputará títulos do tamanho do clube.