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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Gasto com Rafinha não cabe nas contas do Flamengo e gera briga interna

Rafinha - GettyImages
Rafinha Imagem: GettyImages

23/03/2021 04h00

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A contratação de Rafinha foi vetada dentro do Flamengo porque seu custo não cabia nas contas do clube. Não seria possível à agremiação pagar principalmente as luvas pedidas pelo atleta. Isso gerou uma briga interna entre membros do Conselho Diretor e o departamento de futebol e responsáveis pelas finanças.

Ao se desligar do Olympiakos, Rafinha voltou a conversar com o departamento de futebol do Flamengo sobre seu retorno. Na sexta-feira, as negociação foram encerradas sem sucesso. Em nota, o time rubro-negro informou que seu retorno era "inviável" por questões financeiras. Na segunda-feira, o atleta deu entrevistas dizendo que não fechou com o clube por conta de uma "guerra política".

Há, de fato, uma disputa interna no clube, mas essa gira em torno das contas da agremiação. O Flamengo fechou 2020 com um prejuízo de R$ 100 milhões, fruto da falta de receitas de bilheteria, quedas nos sócio-torcedor e eliminações em campeonatos com quedas de cotas. Além disso, há um cenário incerto em 2021 com menos receitas de patrocínio e nada de público.

Por isso, não havia dinheiro para investimento em contratações. Nas conversas com o jogador, o departamento de futebol fez uma proposta para Rafinha para sua volta e informou que não aumentaria. Só que essa proposta não foi aprovada pelo departamento de finanças, na versão de membros do Conselho Diretor.

Há outra questão: o jogador fez um pedido de luvas que deveriam ser pagas em 2022. Isso deixou dirigentes contrariados porque Rafinha já tinha levado luvas quando renovou seu contrato até o meio de 2021. Recebeu o valor integral e saiu para o Olympiakos no meio do contrato. Fato é: as luvas teriam de ser contabilizadas como contratação e não havia dinheiro previsto no orçamento.

Além do prejuízo do ano passado, o Flamengo tinha previsto receitas de bilheteria a partir de abril deste ano, o que não se concretizou. A receita do clube com patrocínio está, neste momento, com uma projeção de R$ 20 milhões a menos por espaços na camisa. No futebol, ainda será preciso vender R$ 90 milhões em jogador no meio do ano.

Com isso, dirigentes rubro-negros entendem que o clube será duro para cumprir os compromissos que já têm firmados, entre salários e contratações. Por isso, seria uma irresponsabilidade assumir novas contas. "Qualquer investimento como este, no momento atual, não estaria condizente com a responsabilidade financeira que sempre baseou o trabalho da atual administração rubro-negra", disse nota do clube.

Na sexta-feira, o vice-presidente de Futebol, Marcos Braz, comunicou a Rafinha a desistência. Não ficou claro qual a justificava que deu ao jogador. Ao SporTV, Rafinha afirmou: "A parte financeira já deixei claro que não era o problema. Vou repetir: flexibilizei o máximo que poderia para receber meu salário em 2022. Claro que eu fui vítima de uma guerra política (?) Pula para o outro lado e tinha as pessoas que eu soube que não queriam minha contratação", disse ele.

Essa versão é negada no clube onde dirigentes do Conselho Diretor dizem gostar do jogador. Mas deixam claro que, no cenário de incerteza, têm que priorizar o caixa e a segurança financeira do clube.