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Rodrigo Mattos

Lebron e NBA expõem o atraso do Brasil ao ameaçar punir Carol Solberg

LeBron James exibe o troféu de campeão da NBA e o de MVP das Finais - Mike Ehrmann/Getty Images
LeBron James exibe o troféu de campeão da NBA e o de MVP das Finais Imagem: Mike Ehrmann/Getty Images

12/10/2020 04h00

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Ao conquistar o título da NBA pelo Lakers, Lebron James fez um discurso político sobre o combate à desigualdade e à brutalidade policial. Agradeceu aos organizadores da liga pelo acordo que permitiu aos atletas se manifestarem sobre o que vinha ocorrendo nos EUA. "Todo mundo teve uma voz sobre o que acontece na América", disse ele.

A NBA é uma das ligas mais avançadas do mundo em termos de exploração de potencial econômico. E foi a organização esportiva que talvez tenha melhor reagido à pandemia de coronavírus com a bolha que isolou atletas para a disputas de jogos.

Em paralelo, houve um acordo com os jogadores para que eles pudessem participar do movimento "Black Lives Matter" que se espalhou pelos EUA após a morte de George Floyd por policiais. As camisas dos times e as quadras tinham expressões pedindo por mudança social, e os atletas tinha total liberdade para se expressarem politicamente.

A NBA quebrou assim regras antigas e hipócritas do esporte de não misturar política com esporte como as escritas na carta olímpica do COI e em regras da Fifa. Deu aos seus atletas uma voz.

Enquanto isso, no Brasil, a atleta de vôlei de praia Carol Solberg será julgada na próxima terça-feira por falar um "Fora Bolsonaro" após um jogo. Sequer existem regras claras que proíbam a manifestação política em competições.

Os procuradores e juízes de Carol criaram leituras subjetivas das regras para ameaça-la. O CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) não menciona vedação à manifestação política. O regulamento do torneio só proíbe manifestações contra o patrocinador que é o Banco do Brasil, não o presidente Jair Bolsonaro. Lembremos, ainda não vivemos em um país em que o presidente é dono de empresas com capital estatal, essas são de todos nós. Pelo menos é assim que funcionam democracias.

A forçada de barra para punir Carol enquanto Lebron pode se expressar livremente mostra a distância entre a NBA e o esporte nacional. Somos atrasados, retrógrados, repressores, enquanto eles são libertários e entenderam a evolução da sociedade.

Se olharmos o desenvolvimento econômico da NBA e do esporte brasileiro, não é difícil entender quem está na vanguarda e quem está atrasado.