Rafael Reis

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De saída da Roma, Mourinho tenta 'cavar' emprego na seleção brasileira

A declaração de que "só um louco deixaria o Real Madrid sem que o clube queira", dada por José Mourinho, em entrevista à emissora RAI1, da Itália, não foi bem um conselho desinteressado para Carlo Ancelotti.

Mais do que um mero desejo de ver Carleto continuar à frente do clube do qual diz ser torcedor, o treinador português parece mesmo é estar de olho na vaga de comandante da seleção brasileira que está reservada ao italiano.

Mourinho sempre deixou claro que considera dirigir equipes nacionais um trabalho para treinadores veteranos. Aos 60 anos e depois de duas décadas na elite europeia, percebeu que chegou sua vez de entrar nesse time.

Com contrato com a Roma até junho de 2024 e desinteressado a renovar com a equipe italiana, o português aposta que o Brasil pode ser o melhor caminho para uma despedida gloriosa do primeiro escalão do futebol antes de se aventurar em mercados alternativos (como Oriente Médio e Estados Unidos) apenas para engordar ainda mais sua conta bancária.

'Special' até quando?

Campeão da Conference League duas temporadas atrás e vice da última edição da Liga Europa, Mourinho acreditava que as boas campanhas em torneios continentais com a Roma poderiam colocá-lo novamente na mira dos clubes mais importantes do planeta.

Foi por essa razão que o "Special One" não se animou com a possibilidade de assumir o comando de Portugal depois da última Copa do Mundo e, em um primeiro momento, fez bico para uma possível aproximação do Brasil.

Só que, ao longo dos últimos meses, o técnico luso foi se dando a conta que as portas da elite europeia realmente se fecharam para ele e que os dias em que ele podia escolher entre Real, Chelsea, Inter de Milão e Manchester United ficaram para trás.

O episódio decisivo dessa mudança de percepção foi o fato de o Paris Saint-Germain ter preferido contratar o espanhol Luis Enrique na última janela de transferências a investir no veterano vencedor de duas Champions.

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Com isso, o que restou a Mourinho para continuar navegando nos mares da elite futebolística é tentar descolar um convite para treinar alguma das principais seleções do planeta.

Pode até ser que depois da Euro-2024, quando deve rolar um troca-troca de técnicos de times nacionais, o português consiga alguma oferta interessante para seu futuro profissional. Mas, por enquanto, quem está dando mole é o Brasil, nas mãos do interino Fernando Diniz até a aguardada, mas não confirmada, chegada de Ancelotti.

E é nessa carta que Mourinho está apostando suas fichas.

Pior Brasil em 60 anos

Pela primeira vez desde 1963, a seleção terminou um ano com mais derrotas do que vitórias. Em 2023, o Brasil foi batido cinco vezes (por Marrocos, Senegal, Uruguai, Colômbia e Argentina) e só conseguiu desbancar Guiné, Bolívia e Peru.

Com essa campanha errática, a equipe canarinho só continua na zona de classificação para a Copa do Mundo-2026 por conta do aumento no número de participantes no torneio. Afinal, até o ciclo do Qatar-2022, o sexto lugar nas eliminatórias sul-americanas (com sete pontos, oito a menos que a líder Argentina) não dava direito a vaga nem na repescagem.

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A próxima rodada do qualificatório da Conmebol só está prevista para setembro, quando o Brasil já deve estar sob comando de um novo treinador. Antes, a seleção encara amistosos contra Inglaterra e Espanha, em março, e a Copa América, entre junho e julho, nos Estados Unidos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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