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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Favorito da CBF, Ancelotti já perdeu emprego por ser 'bonzinho demais'

Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, é agora o favorito para assumir a seleção - David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images
Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, é agora o favorito para assumir a seleção Imagem: David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images

12/02/2023 04h00

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Favorito da CBF para ser o técnico do Brasil no ciclo da Copa do Mundo-2026, que será organizada em parceria entre Estados Unidos, México e Canadá, Carlo Ancelotti certamente não comandará a seleção mais vitoriosa da história fazendo cara feia e distribuindo "patadas" nos jogadores e jornalistas.

O italiano de 63 anos, que tem no currículo quatro títulos de Liga dos Campeões da Europa, está longe do perfil linha dura que tanto sucesso faz no futebol pentacampeão mundial. Pelo contrário, tem fama de ser dócil com todos aos seu redor e de se comportar como um verdadeiro gentleman.

Mas essa imagem de "bonzinho", vista por muitos como uma das suas grandes qualidades à beira do gramado, também já prejudicou o andamento da carreira do atual comandante do Real Madrid.

Em 2008, Carleto quase teve sua primeira oportunidade de trabalhar na Premier League inglesa, que já despontava como o principal campeonato nacional do planeta. Só que, após negociar com o italiano, a alta cúpula do Chelsea preferiu apostar em um nome de perfil radicalmente diferente, o "sargentão" brasileiro Luiz Felipe Scolari.

Em sua autobiografia "Liderança Tranquila", publicada no Brasil pela Editora Grande Área, Ancelotti contou a história e afirmou que não ficou com o emprego porque seu inglês não era suficientemente bom. Mas, pouco tempo depois, ele descobriria que Roman Abramovich, então dono do clube londrino, realmente preferia treinadores mais durões.

Uma temporada depois da contratação de Felipão, Ancelotti, enfim, recebeu sua chance de comandar o Chelsea. A experiência durou dois anos (com direito a três títulos, incluindo o Campeonato Inglês de 2009/10).

O principal motivo da sua demissão não foi a ausência de resultados, mas sim o fato de "ser bonzinho demais com os jogadores". Abramovich queria que o técnico pressionasse mais os jogadores, só que o italiano não conseguia cumprir às expectativas do chefão russo.

Mas é claro que Ancelotti também tem seus dias de fúria. Em um deles, quando comandava o Paris Saint-Germain, entrou tão furioso no vestiário que meteu o bico em uma caixa que estava jogada no chão. O problema é que ela voou bem na cabeça de Zlatan Ibrahimovic, o craque do time. A sorte é que o astro sueco reconheceu que foi um acidente e deixou por isso mesmo.

De acordo com reportagem publicada na última sexta-feira pelo UOL Esporte, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já aceitou a ideia de que só poderá ter italiano a partir do segundo semestre, após o fim da temporada europeia.

A ideia da entidade é que Ancelotti fique com o cargo de técnico da seleção e tenha como seu coordenador o ex-meia Kaká, último brasileiro a ser eleito o melhor jogador do mundo, que foi seu atleta no Milan e no Real.

Além do agora favorito Ancelotti, a CBF tem o espanhol Luis Enrique e os portugueses Jorge Jesus e José Mourinho como outras opções principais para substituir Tite à frente da equipe canarinho.

Os primeiros compromissos da seleção brasileira após a Copa do Qatar-2022 serão dois amistosos contra adversários ainda indefinidos na Data Fifa do próximo mês, entre os dias 21 e 29 de março.

Inicialmente, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, havia afirmado que gostaria que a equipe canarinho já fosse comandada por um treinador efetivo nessas partidas. No entanto, agora ele já admite a possibilidade de entregar o controle para um profissional interino.

Nesse cenário, o favorito para treinar o Brasil neste pontapé inicial de novo ciclo é Ramon Menezes, técnico da seleção sub-20 que encerra hoje sua participação no Sul-Americano da categoria e já conquistou, de forma antecipada, a classificação para o Mundial.