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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Pioneiro, alemão quer ver jogadores homossexuais na Copa do Qatar

Thomas Hitzlsperger é um dois jogadores assumidamente gays que já disputaram a Copa                  - Reprodução
Thomas Hitzlsperger é um dois jogadores assumidamente gays que já disputaram a Copa Imagem: Reprodução

11/11/2022 04h20

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Um dos dois homossexuais declarados que já jogaram a Copa do Mundo masculina, o alemão Thomas Hitzlsperger está na torcida para que algum atleta siga seus passos e revele, durante a disputa do Qatar-2022, ser integrante da comunidade LGBTQIA+.

Em entrevista ao jornal "Die Zeit", o ex-meia, terceiro colocado do Mundial-2006 com a seleção alemã, afirmou que seria ótimo ver um jogador não-heterossexual participando da competição de futebol mais importante do planeta no Oriente Médio.

A declaração de Hitzlsperger é uma resposta às várias polêmicas ligadas à questão da homossexualidade no Qatar, país que foi escolhido pela Fifa para sediar a competição deste ano.

Com base na lei islâmica, a nação árabe trata como crime relacionamentos amorosos e/ou sexuais entre pessoas do mesmo gênero. Quem descumpre essa regra pode ser punido com até três anos de prisão.

Ainda que tenha prometido à comunidade internacional não cumprir essa lei durante o Mundial, o Qatar tem disparado, via representantes do seu governo e da organização do torneio, uma declaração homofóbica atrás da outra.

No começo da semana, o ex-jogador e hoje embaixador da Copa Khalid Salman afirmou a prática é uma "doença mental" e pediu para que os gays que viajem ao país para acompanhar o torneio respeitem as regras locais, ou seja, que disfarcem a orientação sexual.

Em forma de protesto à política homofóbica que impera no Qatar, oito seleções europeias (Holanda, Inglaterra, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Suíça e País de Gales) prometem usar no Mundial braçadeiras de capitão nas cores do arco-íris e da bandeira do movimento LGBTQIA+.

Apesar do ativismo de querer ver jogadores homossexuais na Copa, o próprio Hitzlsperger admitiu que esse não é o melhor momento para um jogador declarar ao público que não se relaciona apenas com mulheres. "Um anúncio dessa magnitude desviaria completamente a atenção do futebol", disse.

O alemão, por exemplo, só revelou sua orientação sexual em 2013, depois da aposentadoria dos gramados. Ele ainda continuou trabalhando por seis anos em cargos diretivos de um clube de futebol (o Stuttgart) e só saiu do ramo em março.

Além de Hitzlsperger, somente um outro homossexual assumido, o atacante francês Olivier Rouyer, companheiro de Michel Platini na seleção francesa que disputou a Argentina-1978, esteve em um Mundial.

No entanto, ele só revelou ao mundo que não era heterossexual 30 anos depois da Copa, quando já havia inclusive encerrado sua carreira de treinador. Após o anúncio, ele ingressou na carreira política (disputou uma eleição municipal) e virou comentarista esportivo.

A Copa do Mundo do Qatar-2022 será a primeira disputada no Oriente Médio e contará com a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e será baixa.

O torneio será disputado fora do seu período habitual por causa do calor que faz no país-sede no meio do ano, o auge do verão no Hemisfério Norte. Por isso, começará no próximo dia 20 e tem a final marcada para 18 de dezembro.

Essa será a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, organizada por Estados Unidos, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.