Topo

Rafael Reis

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Quem são os jogadores gays que disputaram a Copa do Mundo?

Thomas Hitzlsperger disputou a Copa do Mundo de 2006 pela Alemanha - Getty Images
Thomas Hitzlsperger disputou a Copa do Mundo de 2006 pela Alemanha Imagem: Getty Images

03/06/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Mais de 800 jogadores irão disputar a Copa do Mundo masculina de futebol no fim deste ano. Aos olhos dos públicos, todos eles têm a mesma orientação sexual e se relacionam exclusivamente com mulheres.

No entanto, é óbvio que o Mundial do Qatar, assim como as edições anteriores, não será exclusividade de atletas heterossexuais. Afinal, de acordo com a escala de Kinsey, um relatório produzido ainda em meados do século passado nos Estados Unidos, mais de 10% dos homens são integrantes da comunidade LGBTQIA+.

O que acontece é que, como o futebol ainda é um meio extremamente machista, os jogadores que são homossexuais ou bissexuais não costumam falar abertamente sobre o tema com receio de prejudicar suas carreiras.

Por isso, em quase 100 anos de história da Copa masculina, apenas dois atletas abertamente gays participaram da competição mais importante do cenário global do futebol. E ambos só tornaram públicas as suas orientações sexuais depois que penduraram as chuteiras.

O primeiro jogador assumidamente homossexual que disputou o torneio foi o atacante Olivier Rouyer, companheiro de Michel Platini na seleção francesa que foi eliminada na primeira fase da Argentina-1978.

O ponta direita, que na época defendia o Nancy, participou de dois dos três jogos da campanha (atuou no finalzinho da derrota para a Itália, foi titular na vitória sobre a Hungria e não saiu do banco no 2 a 1 sofrido ante os anfitriões). No total, Rouyer vestiu a camisa dos Bleus em 17 oportunidades e marcou dois gols, nenhum na Copa.

Após a aposentadoria, o francês ainda trabalhou como técnico do Nancy e do Sion. Só em 2008, nove anos depois de deixar essa função, ele revelou ao mundo que se relacionava com outros homens. Após o anúncio, ele ingressou na carreira política (disputou uma eleição municipal) e virou comentarista esportivo.

Quase três décadas depois de Rouyer, foi a vez de Thomas Hitzlsperger chegar ao torneio que reúne os mais prestigiados jogadores do planeta. Ele fez parte do elenco da Alemanha que aproveitou o fator casa para ser a terceira colocada em 2006.

O volante, que passou a maior parte da carreira no Stuttgart, mas também defendeu Aston Villa, Lazio, West Ham, Wolfsburg e Everton, só atuou durante 11 minutos na disputa pelo terceiro lugar.

Ao longo da carreira, foram 52 partidas com a camisa da seleção germânica. Hitzlsperger também disputou uma Copa das Confederações (2005) e foi vice-campeão da Eurocopa-2008.

Assim como Rouyer, o alemão também só revelou sua orientação sexual depois da aposentadoria. No entanto, ele ainda trabalhou durante seis anos em um clube de futebol e só em março deixou de ser o presidente do conselho que administra o Stuttgart.

"Eu queria ter me assumido enquanto era jogador porque sabia que isso teria um impacto muito grande. Mas meus amigos mais próximos pensavam que essa era uma má ideia. Por isso, demorei tanto para ser corajoso o suficiente", disse, em entrevista ao documentário "Outraged", produzido pela Uefa.

A Copa do Qatar-2022 será disputada fora do seu período habitual por causa do calor que faz no Oriente Médio no meio do ano. Por isso, começará em 21 de novembro, com a partida entre Senegal e Holanda, e tem a final marcada para 18 de dezembro.

Cabeça de chave do Grupo G, o Brasil estreia na competição contra a Sérvia, em 24 de novembro, em Lusail. Suíça e Camarões serão os outros adversários dos comandados de Tite na primeira fase.

Essa será a última edição do torneio da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998. A partir do Mundial seguinte, cuja organização será dividida entre EUA, Canadá e México, serão 48 participantes na disputa pelo título.