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Ouro em Tóquio, Jardine resgata time no México e quer estágio com Simeone
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Oito meses atrás, André Jardine viveu o ponto mais alto da carreira como treinador e levou a seleção brasileira à conquista do segundo título consecutivo no futebol masculino dos Jogos Olímpicos.
A medalha de ouro em Tóquio-2020, acreditava, seria o seu passaporte de retorno para um clube grande do cenário nacional (já havia dirigido o São Paulo durante três meses na virada de 2018 para 2019). Mas não foi o que aconteceu.
O técnico de 42 anos até teve uma proposta do Bahia e algumas sondagens durante o segundo semestre do ano passado. Mas acabou mesmo aceitando o desafio de ir para o México desarmar uma bomba.
Jardine chegou ao Atlético San Luis no começo de fevereiro, com o time ocupando a última colocação do Torneio Clausura e carregando um incômodo jejum de cinco meses e meio sem vencer sequer uma partida em casa.
Dez partidas depois, o cenário é completamente diferente. Com cinco vitórias, dois empates e uma derrota, a equipe já subiu para a nona posição e entrou na zona de classificação para a fase final da competição.
Mais que isso, emendou três triunfos consecutivos como mandante (um deles contra o Puebla, que ainda estava invicto na temporada), algo que jamais havia acontecido na história do clube fundado em 2013.
"Acho que tomei a decisão acertada de vir para cá. Não consigo ver clubes brasileiros apresentando um projeto de crescimento como tenho aqui. Considero a liga mexicana como um mercado interessante, um campeonato que os treinadores brasileiros nunca deram muita importância. Fazer sucesso aqui também abre as portas para trabalhar na MLS e na La Liga", afirmou Jardine, em entrevista por telefone ao "Blog do Rafael Reis".
A ênfase dada pelo treinador no Campeonato Espanhol tem uma explicação. Metade das ações do San Luis pertence ao Atlético de Madri. A parceria com a equipe mexicana visa transformá-la em um centro de formação e amadurecimento de talentos (em campo e no banco de reservas) para os colchoneros.
E Jardine pretende aproveitar essa chance para, pelo menos, fazer um estágio com o argentino Diego Simeone, um dos treinadores mais prestigiados do planeta, que comanda a equipe da capital espanhola há mais de uma década.
"Ainda não conversei com o Simeone, mas quero ir para lá para aproveitar essa oportunidade. Estou descobrindo como funciona a parceria ainda. É um tema que está se solidificando aqui dentro. São dois clubes em duas ligas importantes e que podem se ajudar bastante."
Independente de conseguir uma futura vaga no futebol espanhol ou não, Jardine acredita que seu trabalho no México pode ajudar a melhorar um pouco a imagem dos técnicos brasileiros, que andam em baixa até mesmo dentro de casa (nove dos 20 clubes da Série A são comandados por "professores" importados, algo jamais visto antes).
"Nós precisamos mostrar serviço. Não adianta ficar reclamando e apontando culpados por essa invasão estrangeira. O treinador brasileiro se acomodou um pouco e achou que dava para ficar trabalhando só no Brasil. Olha a quantidade de clubes legais na América do Sul onde poderíamos trabalhar, mas isso não aconteceu. Então, precisamos abrir novos mercados para mostrar nossa qualidade", analisou.
Enquanto tenta levar o San Luis à sua melhor campanha na Liga MX (nunca superou o 12º lugar), Jardine continua prestando atenção no que acontece no "mundo da CBF", especialmente com os seus pupilos do time olímpico.
Vários deles, como o lateral esquerdo Guilherme Arana (Atlético-MG), o meia Bruno Guimarães (Newcastle) e os atacantes Antony (Ajax), Matheus Cunha (Atlético de Madri) e Richarlison (Everton), já estão recebendo chances na seleção principal e vivem a expectativa de disputar a Copa do Mundo, no fim do ano, no Qatar.
"Isso é algo que me deixa orgulhoso. A gente sabia que eles acabariam tendo essas oportunidades na seleção. O que não sabíamos é se eles conseguiriam aproveitar essas chances. E isso está acontecendo. Arrisco dizer que no próximo ciclo [Mundial-2026], eles estarão ainda melhores", completou.
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