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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como o Barcelona, invicto há 2 meses, voltou a ser rival à altura do Real

Barcelona, de Ferran Torres, não perde desde janeiro - David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images
Barcelona, de Ferran Torres, não perde desde janeiro Imagem: David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images

20/03/2022 04h00

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Cinco meses atrás, o Real Madrid encontrou um Barcelona em frangalhos: órfão pela saída do maior craque da sua história, tomado por um espírito de insegurança, ocupando um lugar no meio da tabela do Campeonato Espanhol e com mais tropeços do que vitórias na temporada. O resultado foi uma óbvia vitória, mesmo com a partida tendo sido jogada no Camp Nou.

Mas hoje (a partir das 17h, de Brasília), quando os dois maiores clubes do país campeão mundial de 2010 ficarem novamente frente a frente na La Liga, desta vez no Santiago Bernabéu, a situação será completamente diferente.

É verdade que o Barça ainda não é o mesmo dos tempos de Lionel Messi, Xavi Hernández e Andrés Iniesta. Mas já começou a dar os primeiros passos para voltar a ser respeitado por qualquer adversário do mundo, inclusive por seu arquirrival.

O time catalão já defende uma invencibilidade há dois meses. Desde que foi eliminado da Copa do Rei pelo Athletic Bilbao, no dia 20 de janeiro, só venceu (oito vezes) ou empatou (apenas três jogos).

Com isso, já subiu para a terceira colocação no Espanhol (ainda que esteja 15 pontos atrás do Real, líder da competição) e chegou às quartas de final da Liga Europa, a competição continental que lhe resta depois da queda ainda na fase de grupos da Liga dos Campeões.

Mais importante ainda: recuperou a confiança e estabeleceu um padrão de jogo necessário para não ficar acumulando tropeços contra as equipes mais fracas (algo comum no seu começo de temporada) e tentar tirar uma casquinha quando se depara com elencos mais poderosos que o seu.

O arquiteto da mudança é um velho conhecido da torcida culé: Xavi, campeão de tudo com a camisa do clube quando jogador. O ex-meio-campista, um estreante como treinador no cenário europeu, foi contratado no dia 6 de novembro. E não demorou muito para começar a dar resultado.

Sob seu comando, o Barcelona até perdeu um clássico para o Real (3 a 2, em 12 de janeiro). Mas já conseguiu vender caro a derrota e arrastou o confronto com o poderoso rival para a prorrogação.

E o clube catalão se encorpou bastante desde então. O lateral direito Daniel Alves e o atacante Ferrán Torres, que chegaram no começo de janeiro, ganharam mais dois novos companheiros importantes: Adama Traoré (ex-Wolverhampton) e Pierre-Emerick Aubameyang (ex-Arsenal).

Além disso, o meia Pedri recuperou-se da lesão da coxa sofrida ainda no começo da temporada e rapidamente virou o maestro do time, uma espécie de Xavi da equipe agora dirigida por Xavi. Na vitória por 2 a 1 sobre o Galatasaray, na semana passada, o jovem de 19 anos fez um golaço e teve uma atuação chamada de "brilhante" pela imprensa catalã.

Até mesmo fora de campo, a situação do Barcelona tem melhorado. A grave crise financeira na qual o clube se encontra (motivo que fez com que Messi fosse embora) será amenizada pelo recente acordo fechado com o Spotify.

A empresa de streaming musical irá pagar aproximadamente 300 milhões de euros (quase R$ 1,7 bilhões) para ser a patrocinadora máster dos catalães a partir da próxima temporada e também pelos naming rights do Camp Nou.

Ciente de que, apesar da melhora neste começo do ano, não deve mais alcançar o Real e brigar pelo título espanhol, o Barcelona tem na Liga Europa sua melhor chance de levantar um troféu em 2021/22. Seu adversário nas quartas será o Eintracht Frankfurt, e o primeiro confronto está marcado para 7 de abril.

Um dia antes, o Real inicia o mata-mata contra o Chelsea, que vale vaga na semifinal da Liga dos Campeões. Outros dois clubes espanhóis (Atlético de Madri e Villarreal) também ainda estão na disputa pelo posto de melhor time do continente.