Topo

Rafael Reis

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Clubes brasileiros vão ao 'mundo árabe' em busca de dinheiro para as SAFs

Alexandre Mattos (Athletico-PR) se encontra com xeque em Dubai - Reprodução
Alexandre Mattos (Athletico-PR) se encontra com xeque em Dubai Imagem: Reprodução

19/03/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Depois de passar pelo menos duas décadas perdendo jogadores para Arábia Saudita, Emirados Árabes e Qatar, os clubes brasileiros agora estão batendo nas portas do "mundo árabe" para tentar manter seus melhores atletas por aqui e conseguir montar elencos melhores.

Pelo menos três times brasileiros importantes tiveram reuniões nos últimos meses com investidores do Oriente Médio e conversaram sobre a possibilidade de vender para eles suas SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol).

Vários outros clubes menores, que atuam nos escalões inferiores do cenário nacional ou mesmo que só disputam campeonatos estaduais, também estão procurando xeques, príncipes ou fundos árabes que estejam dispostos a serem donos de times no país pentacampeão mundial.

A busca pelos petrodólares tem uma explicação bem clara. Apesar de não ter tanta tradição assim no cenário internacional, o Oriente Médio é hoje um dos maiores investidores do futebol mundial.

A família real de Abu Dhabi (Emirados Árabes) é dona do Manchester City e de mais nove clubes espalhados por quatro continentes. O Paris Saint-Germain está nas mãos do governo do Qatar, país-sede da próxima Copa do Mundo. E o Newcastle é uma propriedade do herdeiro do trono da Arábia Saudita.

Só o City Group já conversou com dois clubes famosos do Brasil. Ainda no final do ano passado, ele se reuniu com a diretoria do Atlético-MG e acenou com a possibilidade de pagar R$ 1 bilhão pelo controle acionário do atual campeão nacional.

Os donos do líder do Campeonato Inglês também têm negociado com o Bahia. Apesar de atualmente estar na Série B, o time nordestino é visto pelo conglomerado como um exemplo de gestão e uma bela oportunidade de negócio.

Já o Athletico-PR, atual campeão da Copa Sul-Americana, enviou uma delegação no mês passado a Dubai (também nos Emirados) para tentar vender o projeto da sua SAF para algum investidor de lá.

O "Blog do Rafael Reis" apurou também que há duas equipes pequenas, uma do interior de Minas Gerais e outra do estado de São Paulo, que têm conversas avançadas com investidores do Oriente Médio.

Outras tantas estão em fase "garimpagem de dinheiro". Ou seja, estão mapeando empresários/conglomerados cheios da grana espalhados pelo mundo (boa parte deles, nos países árabes) que poderiam ter interesse de entrar no futebol brasileiro para lhes enviar uma proposta e tentar uma negociação.

Dos 12 clubes tradicionalmente chamados de "grandes" do futebol brasileiro, apenas dois foram negociados até o momento com investidores estrangeiros. O dono do Botafogo é o norte-americano John Textor. Já o Vasco pertence ao fundo de investimentos 777 Partners, também dos Estados Unidos.

O Cruzeiro é outra força tradicional do cenário nacional que virou SAF. Só que o acordo de terceirização do seu departamento de futebol foi selado com um empresário brasileiro, Ronaldo Fenômeno. O negócio ainda precisa ser confirmado pelo ex-atacante da seleção para entrar em vigor.