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Rafael Reis

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Por que Marquinhos é hoje o melhor jogador brasileiro no futebol europeu?

Nem Neymar tem jogado tanto quanto Marquinhos na Europa - Divulgação
Nem Neymar tem jogado tanto quanto Marquinhos na Europa Imagem: Divulgação

30/03/2021 04h20

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Neymar pode até ser o jogador brasileiro mais talentoso de sua geração. Alisson e Roberto Firmino viveram fases estupendas quando o Liverpool estava lá em cima. E Casemiro é uma âncora de estabilidade no mar de oscilação onde o Real Madrid tem navegado.

Mas, ao longo dos últimos meses, não existe representante do futebol pentacampeão mundial jogando mais bola na Europa (e, consequentemente, no planeta inteiro) que Marquinhos.

Aos 26 anos, o capitão do Paris Saint-Germain vive o melhor momento da carreira e não fica devendo nada na comparação aos zagueiros mais badalados da atualidade, como Sergio Ramos, Raphaël Varane, Matthijs de Ligt e mesmo, Virgil van Dijk.

Não à toa, levantamento recente feito pelo "Transfermarkt", site especializado na cobertura do Mercado da Bola global, mostrou que Marquinhos já é o terceiro defensor central mais valioso do planeta. Seu preço estimado atual é de 70 milhões de euros (R$ 474,4 milhões).

Só que, para o PSG, ele vale muito mais. Mesmo que não seja tão reconhecido quanto Neymar e Kylian Mbappé, o camisa 5 é hoje tão importante para o sucesso dentro de campo da sua equipe quanto os dois astros principais da companhia, com a vantagem de ser muito mais consistente do que eles (seu compatriota perde muitos jogos por problemas físicos e suspensões e o francês oscila demais).

Afinal, enquanto os atacantes estelares decidem lá na frente, é o brasileiro quem dá estabilidade para a defesa parisiense. Sobretudo nos jogos contra adversários mais fortes, quando o time é mais frequentemente atacado e precisa mostrar que sabe recuperar a bola, é nítido o protagonismo exercido pelo capitão.

Esse papel ficou escancarado na reta final da última Liga dos Campeões. Mesmo improvisado como volante, o brasileiro teve atuações de gala (com direito a gols) contra Atalanta e RB Leipzig e foi essencial para que o PSG alcançasse pela primeira vez a decisão do torneio.

Revelado nas categorias de base do Corinthinas, Marquinhos se transferiu para a Europa muito cedo. Com 18 anos, ele já defendia as cores da Roma.

A chegada precoce ao Velho Continente ajudou a lapidar as características de zagueiro moderno que o brasileiro já possuía naturalmente. Leve para um defensor (tem 79 kg para 1,83 m), ele é suficiente rápido para jogar em linhas mais altas e apostar corrida contra atacantes adversários.

Além disso, tem refinamento técnico para sair jogando e qualificar a saída de bola de qualquer time em que é escalado. Até por isso, já foi usado várias vezes como lateral ou volante.

Por fim, apesar de não ser muito alto, possui impulsão suficiente para não ser um problema nas jogadas aéreas. Por isso, é um zagueiro completo e totalmente adaptado às exigências contemporâneas de sua posição. Um dos melhores do mundo, sem nenhuma dúvida.

Depois de uma espécie de intertemporada de 15 dias, já que a seleção brasileira não jogou nesta Data Fifa, Marquinhos volta a campo no sábado, contra o Lille, para tentar ajudar o PSG a manter a liderança do Campeonato Francês.

A partida tem cara de final antecipada da Ligue 1, já que os dois times somam até o momento os mesmos 63 pontos. A equipe da capital só aparece à frente na classificação porque tem saldo de gols superior (46 a 31).

Depois da partida decisiva no cenário local, o PSG terá pela frente outro "jogo da vida". Na terça-feira, reencontra o Bayern de Munique na reedição da final da última edição da Champions. Desta vez, no entanto, o confronto é válido pelas quartas de final da competição.