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Sincerão: Henry foi verdadeiro melhor do mundo em ano que Ronaldinho levou

Thierry Henry é o maior artilheiro da história da seleção francesa - Reuters
Thierry Henry é o maior artilheiro da história da seleção francesa Imagem: Reuters

23/04/2020 04h20

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Luís Figo, Ronaldo, Zinédine Zidane, Ronaldinho, Fabio Cannavaro, Kaká, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. A lista dos vencedores do prêmio da Fifa de melhor jogador do mundo na década de 2000 deveria ter mais um nome.

Em 2004, ano que consagrou Ronaldinho (620 pontos) como craque máximo do planeta pela primeira vez, o troféu deveria ter ido para o segundo colocado da eleição organizada pela entidade máxima do futebol: Thierry Henry (552 pontos).

E esse é só um dos motivos pelos quais o ex-atacante francês que marcou época com a camisa do Arsenal foi a escolha de jogador mais subestimado que já vi na entrevista que concedi ao "Sincerão", do UOL Esporte.

Para quem já se esqueceu ou era muito novo para acompanhar, Henry era um jogadorzaço. Originalmente um atacante de lado de campo, ele rapidamente aprendeu a atuar pela faixa central e virou um homem de frente completo.

Seu estilo de jogo era bastante semelhante ao de Mbappé. A principal diferença é que o astro dos anos 2000 era mais técnico e finalizava melhor de média e longa distância - os chutes da entrada da área que acertavam o ângulo adversário eram uma de suas marcas registradas.

Henry disputou quatro Copas do Mundo. Foi campeão em 1998, mas era reserva. Em 2006, fez o gol que eliminou o Brasil. Maior artilheiro da história da seleção francesa com 51 gols, também ganhou a Euro de 2000 e a Copa das Confederações de 2003.

Se não tivesse sido compatriota de Zidane, provavelmente seria lembrado como o maior jogador dos "Bleus" em sua geração.

Já no Arsenal, clube que defendeu durante nove temporadas, não houve essa concorrência. Henry foi a estrela máxima do time de Arsène Wenger que revolucionou o futebol inglês ao trocar o tradicional "kick and rush" por um jogo mais técnico, de troca de passes e sem tantos chuveirinhos.

O francês ganhou só dois títulos ingleses, mas foi quatro vezes artilheiro da Premier League. E, claro, ostenta o recorde de maior goleador da história da equipe londrina: 228 gols, 43 a mais que o segundo colocado, Ian Wright.

No ano específico em que merecia ter sido eleito o melhor do mundo, Henry só não fez chover. A temporada 2003/2004 foi o apogeu de sua carreira. Foi nesse ano que o Arsenal foi campeão inglês invicto (algo não mais repetido desde então).

Na soma de todas as competições, o francês participou diretamente de 50 gols (39 marcados por ele e 11 assistências). No mesmo período, Ronaldinho, que levou o troféu para casa, meteu 22 bolas nas redes e deu os mesmos 11 passes para seus companheiros marcarem.

Além disso, o brasileiro, que estava em sua primeira temporada no Barcelona, não participou da Liga dos Campeões da Europa (os catalães disputaram a Copa da Uefa e foram eliminados pelo Celtic nas oitavas de final) e passaram meio ano na metade da classificação do Campeonato Espanhol - terminaram na segunda posição, atrás do Valencia.

Ronaldinho ganhou o prêmio de melhor do mundo porque era o jogador mais mágico, aquele que mais impressionava e protagonizava os lances mais geniais. Eu mesmo passei mais de 15 anos achando o resultado da eleição extremamente justo.

Foi só nas últimas semanas, depois de uma conversa com um leitor do "Blog do Rafael Reis" e admirador confesso de Henry, que mudei de opinião. Seus argumentos me deixaram com uma pulga atrás da orelha e lá fui eu conferir números e assistir novamente a alguns jogos para chegar à decisão.

É óbvio que Ronaldinho já era, naquele momento, o melhor jogador do planeta. Mas a ideia do prêmio é consagrar não o atleta de maior talento, mas sim aquele que teve o melhor ano. E, em 2004, Henry foi subestimadamente imbatível.