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OPINIÃO

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Ceni e Coudet perderam na estreia, mas dizem não saber como. Acordem!

Os técnicos Eduardo Coudet, do Atlético-MG, e Rogério Ceni, do São Paulo - Pedro Souza/Atlético-MG e Marcello Zambrana/AGIF
Os técnicos Eduardo Coudet, do Atlético-MG, e Rogério Ceni, do São Paulo Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG e Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL

16/04/2023 12h56

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No sábado (15) tivemos o início do Campeonato Brasileiro, com algumas curiosidades. Por exemplo: dos quatro times do Rio de Janeiro que disputam o campeonato, três estrearam ontem.

Fluminense e Vasco foram a Belo Horizonte e venceram América-MG e Atlético-MG, respectivamente.

O Tricolor atropelou o Coelho, mostrando o mesmo ótimo futebol do Carioca, da Copa do Brasil e da estreia na Libertadores. Um estilo que Fernando Diniz sempre gostou, que é o de toques rápidos, movimentação, só que agora com muito mais agressividade e objetividade do que antes. Na estreia do Brasileiro, pegou um bom time, vice-campeão mineiro, que bateu de frente com o Galo e simplesmente passou por cima.

As perguntas são sempre as mesmas: o Fluminense terá fôlego para bancar esse futebol com jogos seguidos sem parar? Em um momento de dificuldade, Fernando Diniz terá equilíbrio emocional?

Até agora o Tricolor agrada a todos, mas o Diniz foi expulso no único jogo de dificuldade (derrota pra o Flamengo por 2 a 0).

Já o time de São Januário foi ao Mineirão enfrentar o Atlético-MG, sempre candidato ao título. E só com 10 minutos de jogo já foi fazendo dois gols, e com garotos da base. O ótimo Andrey Santos fez o primeiro e o Gabriel Pec, o segundo. E poderia ter feito mais pela desorganização do Galo. Depois o Atlético melhorou e começou a pressionar, e só foi fazer o seu gol nos acréscimos do primeiro tempo.

No segundo foi aquela pressão louca, mas com mais desespero do que organização, com mais ímpeto do que tática, e com uma "suposta" agressividade que não assustava ninguém.

Na estreia da Libertadores também perdeu no Mineirão para o Libertad, mas sem o Hulk, e agora perdeu para o Vasco com ele. Ou seja, não está sendo a ausência do Hulk que está deixando o time frágil defensivamente e sem objetividade ofensiva.

No segundo tempo foram inúmeros cruzamentos, diversos passes laterais, um meio-campo sem criatividade e lento para fazer a bola chegar ao ataque. Sem o Allan, o time fica previsível, lento e chato, porque os passes são só laterais.

O volante Otávio toca a maioria das bolas para o lado, diferente da época do Jair (que está no Vasco), que junto com o Allan, ditava a dinâmica do time e dava o ritmo do jogo. Eu acho que a maior deficiência do Galo está aí: não tem dinâmica e nem coloca um ritmo favorável ao seu estilo.

Aí vejo hoje a seguinte fala do treinador argentino Eduardo Coudet: "Não sei como perdemos esse jogo."

Ora, Coudet, o seu time perdeu para o Libertad e para o Vasco porque não jogou bem e está sem competência para virar uma partida.

Volume de jogo não significa domínio de jogo, porque no segundo tempo as duas grandes chances do Galo foram nos acréscimos, com um belo chute do Hulk (e grande defesa do Leo Jardim), e uma cabeçada do zagueiro uruguaio Mauricio Lemos, que fez o gol, e mais nada.

Se o Coudet achar que a derrota foi por azar e injustiça, o Atlético-MG não irá chegar a lugar nenhum.

As derrotas para o Libertad e o Vasco foram idênticas. O time sofreu gols no início do jogo e não conseguiu empatar a partida, porque não demonstrou poder de reação objetivo para igualar ou virar o resultado.

O outro time carioca a jogar no sábado foi o glorioso Botafogo de Futebol e Regatas, contra o São Paulo Futebol Clube. É legal às vezes escrever o nome todo do clube, porque é raro de se usar e os nomes são bonitos.

Bom, o Botafogo estreou muito bem, vencendo um concorrente com o mesmo objetivo, que inicialmente é ficar distante da zona de rebaixamento. Os dois times precisarão melhorar muito para ter um futebol digno e merecedor de representar a grande história dos clubes.

O time carioca venceu com gols de Tiquinho e, na última bola do jogo, com Carlos Eduardo. Para o Tricolor, o gol foi do Calleri e mais nada.

Assim como Coudet, o Rogério Ceni também não sabe como seu time perdeu. É sempre a mesma história: o São Paulo é eliminado do Paulista pelo Água Santa e empata na Copa do Brasil com o Ituano jogando mal, e o Rogério nunca sabe o porquê.

As desculpas do Rogério são as mesmas há anos porque ele sempre usou números do jogo como justificativa de uma possível derrota injusta. Então vamos aos números:

  • Chutes a gol: Botafogo 12 x 16 São Paulo
  • Posse de bola: Botafogo 31% x 69% São Paulo
  • Passes: Botafogo 293 x 646 São Paulo

E a minha pergunta é: e daí?

O São Paulo demonstra uma grande fragilidade e falta de agressividade, tanto defensiva como ofensiva. Assim como o Galo, está faltando um líder de reação objetivo.

Beleza, tem muitos jogadores contundidos e alguns só voltam no final da temporada, mas será essa a justificativa pelo ano todo?

Desde o início do ano o time de Rogério Ceni não evoluiu nada, e continua numa oscilação enorme, de um futebol médio para ruim. E não passa disso.

O Botafogo também não passa confiança para a sua torcida, que nos momentos cruciais do jogo fez o seu papel, tanto para comprar o insuportável número de erros de passes como para incentivar e fazer o Engenhão ferver, motivando seus jogadores a buscar a vitória, como aconteceu.

O time do ataque que mais gostei na história (Rogério, Roberto Miranda, Jairzinho e Paulo César) venceu o confronto direto contra um rival que está com o mesmo peso na balança e que joga pelas mesmas coisas. Ficar longe do rebaixamento e classificar para a Sul-Americana. Qualquer outra coisa, cairá do céu.