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OPINIÃO

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O Brasil saiu da Copa, mas acredito na rapaziada e na nova era da seleção

Rodrygo será um grande craque da nossa seleção - Nelson Almeida/AFP
Rodrygo será um grande craque da nossa seleção Imagem: Nelson Almeida/AFP

Colunista do UOL

09/12/2022 15h27

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Jogo sofrido, jogo nervoso, jogo não sei o que mais...

A Croácia fez a sua estratégia prevalecer a maior parte do tempo, com um ótimo toque de bola, fazendo o jogo ficar cadenciado e muitas vezes lento. Mas poucas vezes levou algum perigo real ao gol do Alisson.

O Brasil, nas poucas vezes em que conseguiu avançar, criava algo interessante por ser mais agressivo.

Mas a partida foi enrolada em muitos momentos. Ficamos correndo atrás dos croatas enquanto Modric desfilava pelo campo, mostrando seu toque de bola. E foi assim nos dois tempos do jogo.

E os croatas carregaram a partida para a prorrogação, querendo tentar um gol e se fechar, ou levar para os pênaltis, sem vergonha alguma, como fizeram nas oitavas contra o Japão.

O primeiro tempo da prorrogação foi angustiante, porque a Croácia teve a bola do jogo, talvez um minuto antes de a arbitragem dar mais um de acréscimo. E foi no momento em que saiu a melhor jogada do Brasil.

Uma triangulação entre Rodrygo, Neymar e Paquetá, que saiu maravilhosamente bem, e Neymar marcou. Podemos dizer que foi o gol mais importante do camisa 10 na seleção brasileira até hoje.

Mas quando tudo parecia terminado, o Brasil se encolheu e o time croata foi para cima, com uma agressividade que não havia mostrado até então.

Adiantou a marcação e empurrou o Brasil para trás. Num contra-ataque, conseguiu pegar a defesa brasileira desprevenida e empatou a partida com Petkovic. Que, como Neymar, provavelmente fez o gol mais pesado com a camisa da sua seleção até o momento.

E aí fomos para Alisson x Livakovic. Esse goleiro croata é um monstro. Tenho certeza que logo após a Copa sairá do Dínamo de Zagreb e irá para um grande time do seu continente.

Na disputa por pênaltis, a primeira cobrança não pode ser de um garoto de 21 anos, que pela primeira vez bateria uma penalidade com a camisa da seleção brasileira. O Brasil deveria ter começado com alguém mais experiente.

Fiquei imaginando a cabecinha do Rodrygo enquanto caminhava para bater sabendo que tinha que fazer o gol de qualquer jeito.

Outra coisa: por que Neymar, que é o melhor batedor da seleção, não cobrou o quarto pênalti, sabendo que se o Marquinhos perdesse acabaria? Não fizeram as contas? A comissão técnica quis esperar o pênalti da classificação que nunca chegou?

Caímos mais uma vez nas quartas, e não fizemos uma boa Copa num modo geral. Mas valeu a pena ver o esforço, principalmente dessa molecada que estará na formação da nova seleção.

Acredito muito nessa rapaziada nova e em uma nova era. Novo treinador, nova comissão, e um novo trabalho: é assim que temos que olhar.

Marquinhos fez uma grande Copa e o Rodrygo será um grande craque da nossa seleção. Thiago Silva jogou demais, assim como Casemiro.

Neymar fez uma Copa prejudicada pela sua contusão no tornozelo no primeiro jogo, mas foi profissional o tempo todo e se envolveu poucas vezes em polêmicas desnecessárias.

Sei bem o que os jogadores estão sentindo, porque em 1986, na Copa do México, aconteceu a mesma coisa comigo.

Perdemos nos pênaltis para a França, eu estava no banco e, naquela época, só entravam dois jogadores. Telê fez suas escolhas, e eu fiquei querendo entrar de qualquer jeito.

Choramos todos, e ficamos como os jogadores de hoje: dentro do campo, sem saber o que fazer.