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OPINIÃO

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Brasil está com sorte: ao contrário de rivais, vai à Copa sem desfalques

Vinícius Júnior e Raphinha em treino da seleção brasileira em Turim - Lucas Figueiredo/CBF
Vinícius Júnior e Raphinha em treino da seleção brasileira em Turim Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Colunista do UOL

16/11/2022 04h00

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As listas dos convocados foram saindo e percebi um detalhe: quase todas as seleções estão chegando na Copa do Qatar sem alguém importante, ou com algum jogador imprescindível não estando 100%.

A França talvez seja a seleção que mais sofreu, porque teve duas baixas importantíssimas: os dois volantes titulares do título de 2018, na Rússia.

Um desfalque é do incansável Kanté — que está em todo lugar no campo, marca, sai para o jogo e não deixa nenhum craque adversário em paz. O outro é um dos melhores meias do futebol mundial, Pogba, jogador que dava ritmo ao time, muito técnico, com grande visão de jogo e ótima chegada na área, batendo muito bem de longa distância. São ausências que não desmontam o time, mas prejudicam muito o meio-campo.

A Alemanha vem novamente sem Marco Reus. Ele já ficou fora de duas Euros e essa será a segunda Copa perdida por contusão. Reus é um ótimo jogador, mas não se dá bem em véspera de convocação para competições importantes. Sempre se machuca, é incrível a sua falta de sorte.

A Bélgica também tem um dos seus principais nomes machucado. Lukaku está na lista da Copa, mas ainda se recuperando de contusão. Portanto, caso jogue as primeiras partidas, não estará totalmente em forma.

A situação mais difícil é a do Senegal, porque simplesmente o melhor jogador africano da temporada, o cara que marcou o último pênalti que deu o título da Liga das Nações e também classificou o país para a Copa, está machucado com certa seriedade. Sadio Mané está convocado, mas não chegará na Copa em forma, e a seleção senegalesa depende demais do seu futebol.

A lista da Argentina também não tem um jogador importante, o meio-campo Lo Celso. No Uruguai, o ótimo zagueiro Araújo também está na lista dos que vão para tentar se recuperar já com a Copa rolando.

Nesse ponto o Brasil está levando uma ótima vantagem, pois chega com todos os convocados inteiros e jogando bem em seus times, com exceção do Daniel Alves.

Pelo menos nesse início de treinamento, o Tite só vai quebrar a cabeça na dúvida entre fazer uma equipe ofensiva (com dois pontas e um centroavante) ou conservadora (só com um ponta ou sem o centroavante).

Na verdade, nem sei se ele tem essa dúvida, porque acho que o Tite fará uma equipe conservadora.

Aquele negócio de jogar com Raphinha na direita e o Vinícius Jr na esquerda foi só nas Eliminatórias, com tudo garantido (porque foi muito fácil se classificar), e nos amistosos. Eu acho que ele cometerá a heresia de tirar o Vinícius Jr para empurrar o Paquetá para a esquerda e ficar com quatro no meio-campo.

Eu vi o Vinícius Jr dizer que essa é a seleção mais talentosa depois de 2002. Concordo em partes, porque a de 2006 era super talentosa também, e contava com o Adriano no ataque junto com o Ronaldo. O time não deu certo mas era cheio de talentos. Então, na minha opinião, o grupo atual é o mais talentoso, que dá para formar uma equipe forte, desde a Copa da Alemanha.

Os treinamentos da seleção já começaram em Turim, e como os jogadores estão em meio de temporada (menos os três que jogam no Brasil), não será preciso exigir tanto na parte física, até para não causar um estresse.

O Tite precisa é usar o pouco tempo que tem para aperfeiçoar a parte tática do time e, quem sabe, treinar muito a bola parada, que virou fundamental no futebol de hoje com pouco espaço para se jogar.

Se os novos jogadores não se intimidarem com o tamanho e a importância da competição, e a equipe não encontrar dificuldades por não ter enfrentado uma seleção europeia antes da Copa, acredito que o Brasil possa ir longe sim.

Sei na pele que não importa muito estar bem antes da Copa — isso só serve para o jogador ser convocado, porque o que interessa é estar bem em todos os sentidos, principalmente no lado psicológico. Porque quando a competição começa, aí muda tudo.