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Vinte e Dois

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Entre os times de loteria da NBA, quais têm motivos para otimismo... ou não

Vitor Camargo

Colunista do UOL

12/07/2021 04h00

Semana passada, fiz um ranking dos times eliminados dos playoffs da NBA, listando quais mais tinham motivos para preocupação. Agora, chegou a hora de fazer o contrário: quais equipes que ficaram de fora dos playoffs da NBA entram nessa offseason com mais otimismo?

Para deixar claro, essa lista é um pouco diferente do que a outra, porque não diz respeito à temporada 2021 em si. Na verdade, por juntar times muito mais heterogêneos, ela foi umuito mais difícil e com muito menos critérios práticos. Talvez a melhor forma de encarar ela seja: quais times eu estaria mais otimista, entrando na offseason, se eu fosse um torcedor?

Para deixar claro, estar mal colocado nessa lista não é necessariamente uma crítica ao time ou ao que ele tem feito - pode ser simplesmente uma parte pouco animadora do ciclo da equipe dentro do basquete.

Vamos começar do último lugar:

14. Houston Rockets

Parte do time estar aqui vem da situação enfrentada com a saída de James Harden, o melhor jogador da sua história recente, e o que salva é a escolha #2 do Draft, que dá à franquia a chance de pegar um ótimo prospecto como base para o futuro. Mas ainda é uma equipe ao mesmo tempo muito pobre em ativos para o futuro E que está apertada salarialmente e sem flexibilidade, uma das piores combinações possíveis para um time em reconstrução. E, vale citar, eu não consigo ignorar quão ruins as coisas tem sido em Houston fora das quadras desde a chegada do novo dono, o péssimo Tilman Fertitta.

13. San Antonio Spurs

Parte do meu problema com os Spurs vem de não entender o que o time quer. Brigar por playoffs? Seu elenco simplesmente não é bom o bastante. Reconstruir? Você tem alguns talentos interessantes, mas nada lembrando uma base em cima da qual construir. É uma coleção de jogadores talentosos, o que é alguma coisa, mas a não ser que algum deles dê um passo a mais, a equipe parece presa naquele limbo que é o pior lugar para se estar na NBA. Circulam boatos de que os Spurs podem trocar parte do seu núcleo jovem, o que indicaria um recomeço - e, mesmo assim, um recomeço bastante pobre e com poucas perspectivas, que não melhora muito a situação.

12. Sacramento Kings

Kings ficam na frente de Spurs e Rockets porque eles possuem dois jogadores bons, jovens e promissores que pelo menos oferecem alguma base em torno da qual construir, De'Aaron Fox e Tyrese Haliburton. Mas, fora isso... Bogdan Bogdanovic saiu por nada, Buddy Hield é peça muito disponível no mercado, e Marvin Bagley parece cada vez mais ser outro fracasso um Draft. Outro time que precisa desmontar e recomeçar, mas está salarialmente preso demais para fazer isso com facilidade.

11. Orlando Magic

O Magic finalmente decidiu desmontar o elenco e recomeçar do zero, e o time não tem nada de concreto suficiente nessa etapa do processo para que eu coloque ele mais perto da lista dos "otimistas". Mas eu pelo menos vejo uma direção clara a ser seguida: a equipe tem sete jogadores jovens para jogar e explorar e mais duas escolhas no Top 8 desse que promete ser um ótimo Draft. A falta de um pilar definido para essa nova fase é o que impede a franquia de estar mais alto, e a incerteza é grande, mas vejo com bons olhos a trajetória que montaram de modo geral.

10. Chicago Bulls

Pode parecer estranho ter um time com dois All-Stars tão baixo na lista, mas, como eu escrevi em uma coluna recente, para chegar nisso eu achei que os Bulls sacrificaram demais do seu futuro e flexibilidade para se prender naquele eterno limbo de disputar as últimas posições dos playoffs do Leste, sem muitas chances reais de ascender acima disso. Não é um lugar que me desperta muito otimismo, pessoalmente.

9. Oklahoma City Thunder

De longe, o time mais difícil de classificar nessa lista. Até aqui, OKC se posicionou muito bem para o futuro com suas trocas, acumulando um bilhão de escolhas de Draft futuras. O que é bom! É um bom jeito de se começar uma reconstrução.

Mas, até ter uma noção mais clara do que essas escolhas vão trazer - e não ajudou o time ter sido o grande perdedor da loteria do Draft, ficando apenas com a sexta escolha - é difícil realmente ter muito otimismo a respeito, simplesmente por não saber exatamente o que vem pela frente. A posição não é uma crítica a OKC, é só um reconhecimento de que a equipe ainda tende a ser ruim por uns anos antes de a gente sequer saber o que essa reconstrução vai trazer.

8. Cleveland Cavaliers

Eu gosto do núcleo que os Cavs estão juntando, assim com da (aparente) decisão de trocar Collin Sexton: um ativo valioso o suficiente para trazer um bom retorno, mas que mantém flexibilidade salarial da equipe e um que não deve fazer falta com o time em boa posição para pegar outro ótimo armador com a escolha #3 do Draft. A falta de peças mais estabelecidas e definidas é o que impede a equipe de estar mais alto, dada a incerteza de qual direção todos esses ativos (pick #3, Sexton, Kevin Love) vão leva-los, mas eu gosto da direção que a franquia tem seguido e das peças centrais do processo.

7. Detroit Pistons

Um ano atrás, Detroit estaria isolado em último. Essa é a diferença que faz a escolha #1 e um jogador de potencial tão grande como Cade Cunningham para dar cara ao seu processo de reconstrução.

Ajuda que Detroit também teve dois jogadores nos times All-Rookie da NBA, Saddiq Bey e Isaiah Stewart, e isso sem falar em Killian Hayes. É cedo demais no processo para achar que tem algo definido aqui, mas conseguir uma peça do peso de Cunningham já ajuda muito.

6. Indiana Pacers

Você pode argumentar que Indiana está numa situação parecida com os Bulls - time sólido no curto prazo, mas com teto limitado e possivelmente preso no limbo - e que deveria estar mais baixo na lista, mas os Pacers simplesmente têm muito talento ao redor do elenco e acabaram de trazer um dos melhores técnicos da NBA inteira.

Considerando a evolução dos jovens, o potencial ainda indefinido adicionado por TJ Warren (pós-bolha) e Caris LaVert e as opções de trocas caso o time decida fazer um movimento grande, eu acho que esse time ainda tem potencial escondido suficiente para acreditar que ainda não estão presos na mediocridade.

5. Charlotte Hornets

Provavelmente não é bom o suficiente para estar no meio desses times da segunda metade, mas para uma franquia que não tem uma identidade nem relevância desde os anos 90, a chegada de LaMelo Ball e a ascensão da equipe como uma das mais empolgantes da NBA ano passado trás algo que esse time não tem faz séculos: diversão.

Se fosse uma coluna de critérios técnicos, Charlotte sem dúvida estaria mais baixo - mas, se eu fosse torcedor da equipe, eu estaria eufórico com a perspectiva de acompanhar esse elenco pelos próximos anos, mesmo que ainda seja incerto se ele tem um teto suficientemente alto.

4. Minnesota Timberwolves

Confiar nos Wolves sempre é um erro, mas tem talento DEMAIS aqui para eu não ter pelo menos algum otimismo, ainda mais dadas as ótimas temporadas de calouro de Anthony Edwards e Jaden McDaniels. O time foi legitimamente bom na segunda metade da temporada, após a troca de técnicos e a volta de Karl Anthony-Towns, e se a equipe conseguir manter esse embalo com a evolução natural dos jovens e alguns ajustes pontuais - é uma das franquias mais ativas tentando trazer Ben Simmons, por exemplo - ainda é um potencial alto demais para ignorar.

3. New Orleans Pelicans

Uma legítima superestrela no segundo ano de NBA em Zion Williamson, um segundo jogador nível All-Star ainda jovem em Brandon Ingram, bastante profundidade de jovens talentos no elenco, e diversas escolhas de Draft futuras - é tudo que um time em reconstrução pode querer. O problema dos Pelicans - e que impede eles de serem #1 na lista - é que, na ânsia de acelerar o processo ao redor de Zion, a equipe tomou algumas decisões apressadas demais que prenderam a equipe mais do que o ideal (notavelmente, a extensão de Stevem Adams) em algo que não tem forma muito definida, e o encaixe entre as peças não é bom. Ainda assim, é talento demais e flexibilidade demais para fazer movimentos para ignorar um dos melhores núcleos jovens da NBA.

2. Toronto Raptors

Toronto foi o grande vencedor da loteria do Draft, ficando com a escolha #4 em um dos melhores recrutamentos dos últimos tempos. Na pior das hipóteses, devem conseguir pelo menos um jogador do nível de Jalen Suggs ou Evan Mobley - e juntar um talento desses a um núcleo com Fred VanVleet, OG Anunoby, Pascal Siakam e um dos melhores técnicos da NBA é uma perspectiva deliciosa demais. Duvido que vão continuar na loteria do Draft por muito tempo.

1. Golden State Warriors

2021 foi uma decepção, mas deixou claro algo importantíssimo: Stephen Curry ainda é uma superestrela. Com a volta de Klay Thompson, o time volta a fazer sentido e deve voltar a brigar por playoffs e quem sabe até o título, uma vez que seu núcleo central esteja de volta em quadra. Além disso, Golden State está em uma das melhores posições possíveis para buscar trocas no mercado, com James Wiseman e duas escolhas de loteria nesse ótimo Draft, incluindo a #7.

Você pode ter certeza que eles vão caçar todas as estrelas possíveis no mercado - Bradley Beal, Damian Lillard - e, mesmo que não consigam uma delas, ainda é uma ótima posição para conseguir veteranos, reforçar o elenco e cercar seu Big Three com os talentos necessários para mais uma vez voltar a disputar títulos.