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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O mexicano que fez boa Copa e poderia atuar no futebol brasileiro

Colunista do UOL

11/12/2022 04h00

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Depois de 36 anos indo para as oitavas de final, o México foi eliminado na fase de grupos de uma Copa do Mundo. Desfalques importantes, oscilações no trabalho de ''Tata Martino'', e atletas fundamentais longe do melhor momento físico ajudam a explicar. Houve, porém, um destaque surpreendente. Luis Chávez não tem mercado na Europa, mas mostrou que pode ser útil a clubes brasileiros.

Ele tem 26 anos e apenas 12 jogos disputados pela seleção mexicana. Ganhou espaço na Tricolor perto do final do ciclo, já em abril de 2022, e vive uma crescente. Mas certamente não seria alvo de propostas de grandes centros europeus em virtude da idade e por nunca ter atuado por lá. Para completar, tem contrato em vigor até junho de 2025. Não sairia de graça, como no caso de Gustavo Scarpa ao Nottingham Forest.

Luis Chavez, desde 2019, é jogador do Pachuca, atual campeão mexicano. Foi revelado pelo Tijuana e se profissionalizou em 2014. Jamais saiu do futebol mexicano, mas mostrou que está pronto para voos maiores ao ser um dos melhores de sua seleção no Mundial do Qatar. Possui muita qualidade no passe, visão de jogo para descobrir os atacantes nas costas da defesa e um potente chute de longa distância.

O canhoto é até hoje o atleta que mais finalizou de fora da área na Copa. Dez arremates assim em três jogos, cinco deles na direção da meta, inclusive o golaço que marcou de falta contra a Arábia Saudita. Foi titular em todos os minutos mexicanos no torneio.

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Luis Chávez vive um momento de crescimento na carreira
Imagem: Fonte: Wyscout

Chavez é um ''centro-campista''. Pode atuar em dupla de volantes, de preferência com mais liberdade que o seu par, ou como um meia-esquerda num trio central, forma em que jogou a Copa do Mundo. Já chegou a ser escalado como o homem mais recuado de um tripé de meio-campo no Pachuca, mas isso ocorre em situação muito específicas. Não tem a marcação como o seu ponto forte.

Seu perfil é o de um organizador nato. Se coloca próximo aos zagueiros para receber a bola e atuar de frente para a defesa adversária, distribui com precisão os passes, sobretudo ao acionar companheiros mais distantes, seja em inversões ou em bolas em profundidade para os atacantes. Faz a pelota andar com dinâmica, velocidade e inteligência.

Fisicamente não é um atleta de imposição nos duelos de meio-campo. Precisa de times que joguem com a posse de bola para render o seu melhor. Equipes que fazem muitas ligações diretas não oferecem o melhor cenário para ele. Não é exatamente alguém rápido, mas consegue se deslocar com agilidade em zonas mais curtas do gramado. Em longas distâncias não mantém a velocidade.

Pode ser decisivo em bolas paradas. Faltas direitas, faltas laterais batidas na área, escanteios. Costuma dar muita rapidez e precisão no percurso da pelota. Até por essa característica, arrisca bastante. Passa longe de ser um eximio marcador, mas possui agressividade para pressionar a bola durante boa parte dos 90 minutos. Cumpre as funções defensivas sem comprometer.

O investimento para trazê-lo certamente seria inferior a dez milhões de euros. Não é barato. O futebol mexicano costuma valorizar a venda de seus bons jogadores, mas é um valor que determinados clubes brasileiros dispõem. Tem nível para ser um dos destaques nas competições brasileiras e sul-americanas.