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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Não há time mais letal que a França nesta Copa

Colunista do UOL

10/12/2022 18h00

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Mbappé disputa com Messi o posto de melhor jogador da Copa do Mundo 2022. Muito bem marcado, não teve uma grande atuação contra a Inglaterra, mas não precisou exatamente dele. Há muito talento para decidir de formas diferentes e, mesmo abaixo da Inglaterra coletivamente, a França aproveitou as chances que surgiram. Giroud foi o responsável pelo gol da vitória no momento mais crítico para os franceses.

Escalações

Gareth Soutghate e Didier Deschamps não apresentaram mexidas em suas equipes. Mantiveram os mesmos times que iniciaram as oitavas de final. Saka e Foden foram os pontas da Inglaterra e Henderson compôs o meio com Bellingham e Rice. Koundé seguiu como o lateral-direito francês.

Bola rolando

Não deu nem para piscar no 1º tempo disputado no Al Bayt Stadium. O ritmo frenético de ingleses e franceses certamente compôs um dos jogos mais emblemáticos desta Copa. O gol marcado em belo chute de longe de Tchouaméni, logo aos 16 minutos, condicionou o retrato tático do duelo. Com o placar zerado, as duas equipes buscavam a bola e se impor com ela. Com a vantagem, a França apostou em contragolpes.

Não por acaso, a jogada do gol começou justamente em uma transição ofensiva rápida. Upamecano roubou a bola de Saka e puxou o contra-ataque. Aí a França fez algo que faz quase que perfeitamente neste tipo de lance. A bola passou nos pés de Mbappé e Griezmann antes de chegar ao camisa 8. Velocidade e movimentos agressivos para gerar opções de passe e progredir como um trator para aproveitar os espaços.

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Como Inglaterra e França iniciaram o duelo pela semifinal da Copa do Mundo 2022
Imagem: Rodrigo Coutinho

Como Walker não descia ao ataque. Resguardava o setor de Mbappé, a França conseguia fazer com que Griezmann não precisasse recompor tão recuado como em outros jogos. Rabiot encaixava em Henderson, Griezmann em Rice e Tchouaméni em Bellingham. Se Walker atacasse, Rabiot teria que compensar o ''não retorno'' de Mbappé pelo lado e Griezmann faria a função que vem fazendo ao lado de Tchouaméni.

A Inglaterra tinha certa dificuldade de se livrar da marcação forte da França. Dembelé vigiava Shaw. Koundé acompanhava Foden, e Théo batia com Saka. Kane era quem conseguia mais vantagens individuais. Tendo a atenção dividida entre Upamecano e Varane, ele ganhou dois duelos do primeiro e quase marcou um lindo gol. Lloris impediu. O arqueiro voltou a parar o camisa 9 ao espalmar chute forte da entrada da área.

Mbappé era acompanhado de muito perto por Walker e, até o intervalo, não teve a mesma influência mostrada em outros jogos. Dembelé acabava sendo a opção mais perigosa de contra-ataque. A partir de uma tabela dele com Griezmann, Giroud recebeu o cruzamento na área e cabeceou para a defesa de Pickford.

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Tchouameni chutou de fora da área e marcou pela França, na partida contra a Inglaterra
Imagem: Paul ELLIS / AFP

A Inglaterra controlou de vez o jogo na 2ª etapa. Marcando forte no campo de ataque e intensa nos movimentos para gerar as combinações e criar, o time produziu bastante, sobretudo com Saka e Henderson pela direita. Harry Kane tinha uma atuação digna do centroavante sensacional que é. Saiu dos pés dele o empate. Converteu, aos oito minutos, o pênalti cometido por Tchouaméni em Saka.

Lloris precisou fazer duas boas defesas antes dos 20 minutos. A França não conseguia oferecer um contraponto ao domínio inglês, que manteve um ritmo mais forte em campo. Maguire, em linda cabeçada, aos 24', fez a bola resvalar na trave direita de Lloris. Saka também perdeu grande chance na sequência, após ótima jogada de Luke Shaw.

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Jude Bellingham marca Mbappé, na partida entre Inglaterra e França
Imagem: Jewel SAMAD / AFP

A letalidade do time francês, porém, apareceu de novo. Giroud mostrou seu faro de gol ao concluir de cabeça um cruzamento preciso de Griezmann. A dificuldade inglesa e botar a bola na rede no duelo ficou ainda mais clara na sequência. Théo Hernández fez um pênalti infantil em Mount, mas Harry Kane isolou desta vez. Certamente teve que mexer na sua batida. Lloris é seu companheiro de clube e o conhece bem.

Mesmo frustrada por manter o jejum de títulos mundiais e saindo uma fase antes em relação a 2018, a Inglaterra cai na Copa do Qatar com mais momentos positivos do que negativos, e a certeza de um bom trabalho realizado. Southgate se precipitou ao sacar Saka e Henderson, mas o time é muito bem estruturado. Já a França é a principal favorita ao título mundial mais uma vez.