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Como Russell quase conseguiu a pole com um dos piores carros do grid em Spa

George Russell comemora segundo lugar na classificação para o GP da Bélgica - Pool/Getty Images
George Russell comemora segundo lugar na classificação para o GP da Bélgica Imagem: Pool/Getty Images

Colunista do UOL

28/08/2021 18h12

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Quando George Russell olhou para o céu assim que chegou nos boxes antes da primeira sessão de treinos livres, ainda na sexta-feira, fez cara feia ao ver as nuvens carregadas. Mas mal sabia que sua Williams funcionaria melhor que os outros em uma Spa-Francorchamps encharcada neste sábado, e ele conquistaria o segundo lugar no grid do GP da Bélgica com o, em dias de pista seca, segundo pior carro do grid.

A explicação para isso está no talento de um piloto que foi campeão em todas as categorias em que correu desde o kart, é claro, e sua particular sensibilidade para andar em pista molhada, mas também recai sobre a Williams, que viu Nicholas Latifi se classificar em 12º, sua melhor posição de largada da carreira. Com a punição de Lando Norris pela troca do câmbio e Valtteri Bottas pelo acidente causado no GP da Hungria, ele sai em 10º.

O bom casamento do carro da Williams com a pista de Spa e as condições de clima deste fim de semana era claro. "É impressionante a confiança que o carro me dava, desde o primeiro treino livre do sábado", disse Russell, que fez seus primeiros pontos com a Williams na última corrida, na Hungria, comprovando o crescimento do time.

O britânico já obteve alguns feitos neste ano, como colocar a Williams no top 10 do grid, sob condições normais, sem chuva, em três oportunidades. E não era surpresa vê-lo volta à parte final na classificação em Spa. Mas sua posição normal seria nas últimas colocações no top 10, e não no segundo lugar do grid, sendo tirado nos últimos segundos da pole provisória por Max Verstappen. Para isso, ele precisava de alguma decisão inspirada do pitwall, e ela veio meio que por coincidência.

Russell foi à pista com pneus para chuva forte, e teve de voltar aos boxes para trocar por intermediários. Enquanto os rivais davam uma volta lançada e uma mais lenta para recuperar energia da unidade de potência e fazer os pneus voltarem à temperatura ideal, ele teria que fazer duas voltas lançadas, sendo que a primeira seria um pouco mais lenta, aproveitando também para recuperar energia e preparar o carro para a segunda volta.

Então ele estava com os pneus em temperatura ideal e com a energia recarregada para sua última tentativa, a segunda volta seguida com pneus intermediários. Desta forma, colocou-se em situação melhor que os demais, e conseguiu um inesperado segundo lugar.

Mas o que isso quer dizer para a corrida? Vimos na Bélgica no passado carros, como a Force India (como a Williams, um carro com menos arrasto e com motor potente, o Mercedes) adaptando-se particularmente bem a Spa-Francorchamps, com Giancarlo Fisichella fazendo a pole em 2009 e chegando em segundo. Além disso, espera-se que a chuva volte a ser a protagonista na corrida, o que é uma boa notícia para Russell.

Norris é liberado para a corrida

Outro jovem piloto que vinha andando muito bem na classificação até sofrer um forte acidente na saída da Raidillon foi Lando Norris. O britânico da McLaren tinha todas as condições para estar na briga pela pole, assim como Russell, mas perdeu o carro e bateu violentamente na proteção de pneus, passando pelo hospital para fazer um raio-x do cotovelo, sendo depois liberado para correr neste domingo.

Antes do acidente, ele foi o mais rápido nas duas primeiras sessões da classificação. No início do Q3, Lando acabou sendo o primeiro a abrir volta rápida. Mesmo na volta de aquecimento de pneus, vários pilotos disseram relatar que a pista estava muito molhada, e Sebastian Vettel inclusive foi visto pelo UOL Esporte após a classificação pedindo ao diretor de prova, Michael Masi, que ouça mais os pilotos e os fiscais de pista sobre as condições de pista no futuro. Quando Norris bateu, Vettel estava logo atrás do inglês, parou para ver como ele estava, e reclamou via rádio, dizendo que havia pedido uma bandeira vermelha.

Norris disse que está dolorido depois da batida, mas está apto a correr. "Eu estava falando que eu estava aquaplanando, e que o treino tinha que ser interrompido. A batida foi um pouco por eu estar forçando mais do que deveria com as condições da pista e a aquaplanagem na Eau Rouge, o que nunca acaba muito bem. Eu me sinto mal, porque o carro estava sensacional e eu poderia estar na luta pela pole, e agora eu vou dar muito trabalho para a equipe."

Norris confirmou o que Lewis Hamilton disse após os treinos livres sobre uma nova ondulação na Eau Rouge. "Sim, dá para sentir que há um outro tipo de asfalto. Eu estou bem, mas infelizmente o carro não está e os caras vão ter muito trabalho para ajeitar tudo para a corrida."

A McLaren confirmou uma troca de câmbio, o que fará Norris largar em 14º.

O GP da Bélgica começa às 10h da manhã deste domingo, pelo horário de Brasília, com Max Verstappen em primeiro e Lewis Hamilton, líder do campeonato, em terceiro.