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Hamilton diz encarar ataques racistas "de coração aberto" e agradece apoio

Lewis Hamilton (centro) tem se engajado em lutas raciais especialmente desde o ano passado - Daimler AG/Divulgação
Lewis Hamilton (centro) tem se engajado em lutas raciais especialmente desde o ano passado Imagem: Daimler AG/Divulgação

Colunista do UOL

20/07/2021 07h49

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Lewis Hamilton acredita que o trabalho que tem feito para enfrentar o racismo o ajudou a lidar com os ataques sofridos após a polêmica colisão com Max Verstappen na primeira volta do GP da Grã-Bretanha. Ao criticar a agressividade do piloto britânico no lance que acabou fazendo com que o líder do campeonato tivesse que passar pelo hospital para exames, muitas pessoas nas mídias sociais usaram palavras e emojis racistas, o que gerou uma forte reação tanto da equipe de Hamilton, a Mercedes, quanto da F1 e das equipes rivais, inclusive a Red Bull de Verstappen.

Ao UOL Esporte, Hamilton falou pela primeira vez desde que sofreu os ataques, e afirmou que o fato de ter se engajado mais na luta antirracista nos últimos anos, especialmente do ano passado para cá, motivado pelo movimento BLM (Vidas Negras Importam, em português) o ajudou a lidar com esse tipo de ataque de maneira diferente do que ele faria no passado.

"Estou bem, passei a segunda-feira relaxando e tentando absorver tudo o que aconteceu. A maneira como eu pude lidar com isso, em comparação com o passado? Acho que hoje eu consigo enfrentar isso com o coração mais aberto, com mais consciência", disse o piloto, que venceu o GP da Grã-Bretanha e agora está a oito pontos de Verstappen no campeonato.

Hamilton lembrou que nem sempre lidou tão bem com ofensas racistas, que não são uma novidade para ele, o primeiro piloto negro a disputar um GP de F1. "Quando eu era mais novo, eu meio que suprimia isso e não sabia como lidar com isso. E estou muito agradecido pelo apoio que eu recebi dentro da comunidade."

O heptacampeão aproveitou para lembrar do trabalho que vem fazendo por meio da Comissão Hamilton, que recentemente publicou um relatório identificando quais os motivos que fazem com que minorias étnicas, especialmente no Reino Unido, que concentra a maior parte da mão de obra da Fórmula 1, sejam pouco representadas no esporte.

"Estou muito orgulhoso do trabalho que estamos fazendo com a Comissão e o trabalho que vamos fazer juntos para que haja mais diversidade no esporte. Diria que este é o fator mais empoderador e que também está mantendo minha motivação alta", completou o inglês, referindo-se ao que tem aprendido sobre si mesmo neste ano em que tem um desafiante tão forte como Verstappen.

A briga dos dois atingiu um ápice na primeira volta do GP da Grã-Bretanha. Sabendo que sua única vantagem seria a velocidade de reta e que o ritmo de corrida do rival era melhor, algo que ele já tinha observado no sprint, no sábado, Hamilton foi bastante agressivo ao colocar seu carro do lado de dentro da curva Copse, feita a 280km/h. Também conhecido pela agressividade, Verstappen, que estava à frente, fez sua trajetória normal e os dois se tocaram. O carro do holandês acabou colidindo com a barreira de pneus de forma violenta, com um pico de força de 51 vezes a força da gravidade, e ele primeiro foi levado ao centro médico do circuito, e logo depois ao hospital local para fazer mais exames, que acabaram não identificando nenhum problema.

Hamilton foi considerado predominantemente culpado pela batida e foi punido com 10s mas, mesmo assim, ganhou a corrida e descontou 25 pontos em relação a Verstappen.