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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Como risco de tempestade de areia pode mudar a cara do GP do Bahrein de F1

Max Verstappen, da Red Bull, durante a classificação para o GP do Bahrein - Bryn Lennon/Getty Images
Max Verstappen, da Red Bull, durante a classificação para o GP do Bahrein Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

Colunista do UOL

28/03/2021 04h08

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Desde cerca de duas horas após o final da classificação, no sábado, uma frente fria começou a mudar o cenário para a etapa de abertura do campeonato da Fórmula 1, que começa às 12h, pelo horário de Brasília, no Bahrein. Depois de os termômetros baterem nos 40 graus no sábado e marcarem 30ºC na hora da definição do grid, a previsão para o horário da corrida é de 21 graus e ventos de mais de 40 km/h. E as autoridades locais já avisaram que há possibilidade destas condições se tornarem uma tempestade de areia.

Os carros da F1 enfrentaram uma situação parecida no primeiro dia de testes de pré-temporada, e continuaram na pista mesmo assim. O vento é um fator muito complicador para a aerodinâmica dos carros, desestabilizando-os nas freadas, e é especialmente prejudicial quando não é constante, o que será o caso neste domingo.

Mas em relação à areia em si, o chefe de automobilismo da Pirelli, Mario Isola, apontou um dado interessante. "Como este é o asfalto mais poroso da temporada, o mais 'aberto', digamos assim, e a areia aqui é muito fina, ela acaba entrando no asfalto e não fica tão depositada quanto seria de se esperar pela quantidade que vai para a pista."

Além disso, os organizadores costumam limpar a pista após cada sessão, ao contrário do que aconteceu durante o teste, que teve quatro horas de sessões ininterruptas. Naquela ocasião, a pista ficou muito suja, especialmente fora do traçado, o que inibiria lutas por posição na corrida deste domingo.

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Lewis Hamilton, da Mercedes, durante a tempestade de areia da pré-temporada, no Bahrein
Imagem: LAT Images/Mercedes

Favoritismo de Verstappen ameaçado

Há carros que geralmente são mais afetados pelo vento do que outros. A Red Bull do pole position Max Verstappen é um deles, assim como a Williams, mais atrás no pelotão. O holandês iria para a corrida como favorito depois de ser bem mais rápido que as Mercedes nas simulações de corrida nos treinos livres, mas agora tem o desafio dessa situação de pista bem diferente em relação aos últimos dias. Por outro lado, largar na frente é o melhor lugar para se estar se as condições estiverem realmente tão complicadas como se espera, e é claro que a já instável Mercedes também ficaria mais complicada de se pilotar com muito vento. Por outro lado, serão duas Mercedes contra uma Red Bull, já que o companheiro de Verstappen, Sergio Perez, larga em 11º.

Um fator interessante relacionado à temperatura é a vantagem menor daqueles pilotos que estão largando com os pneus médios. Dentro do top 10, são eles Verstappen, o segundo colocado Lewis Hamilton, o terceiro Valtteri Bottas, e o quinto Pierre Gasly. Eles fizeram suas melhores voltas na segunda parte da classificação com este composto, e por isso, têm de começar a corrida com ele. A ideia é evitar andar com o carro pesado com o composto macio, que se degrada bem rapidamente no circuito bastante abrasivo do Bahrein.

Porém, com as temperaturas bem mais baixas, é provável que o pneu macio dure mais do que o esperado no começo da prova, além de ser bem mais veloz que o médio. De qualquer maneira, a previsão é de uma prova com duas paradas, com o composto duro também podendo aparecer durante a corrida.

Briga forte pelo pódio

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Charles Leclerc se prepara para entrar em sua Ferrari no GP do Bahrein
Imagem: Ferrari/Divulgação

Outro fator interessante observado na classificação foi a pouca diferença entre a ponta e o meio do pelotão, com Charles Leclerc colocando a Ferrari a 0s1 da Mercedes de Bottas, em quarto. A Scuderia vem sofrendo um pouco mais que os rivais com o desgaste de pneus em ritmo de corrida, mas a AlphaTauri de Gasly e as McLaren de Daniel Ricciardo, sexto, e Lando Norris, em sétimo, vêm fortes e podem até se colocar na luta pelo pódio.

Mais atrás, resta saber o que Fernando Alonso poderá fazer com a Alpine depois de um surpreendente nono lugar com a Alpine, e principalmente até onde Sergio Perez consegue escalar o pelotão. Por estar fora do top 10, ele pode escolher seu composto, e tem como grande característica o bom manejo de pneus.