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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Como Verstappen foi de 0s4 mais lento para 0s4 mais rápido em quatro meses

Max Verstappen dominou treinos e largará na frente no Bahrein - Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen dominou treinos e largará na frente no Bahrein Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

27/03/2021 16h36

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Dava quase para ver o sorriso por trás da máscara de Max Verstappen após fazer a pole position do GP de abertura da temporada da Fórmula 1, no Bahrein. "Claro que eu estou feliz. Nunca tive um começo de ano assim!", disse o holandês. E não é por acaso: o piloto da Red Bull foi quase quatro décimos mais rápido que Lewis Hamilton, da Mercedes, e no mesmo circuito em que foi, também, quatro décimos mais lento que o inglês no último GP na pista barenita, disputado há apenas quatro meses.

É uma reviravolta que tem dois lados. Um deles é o da própria Red Bull, que seguiu desenvolvendo seu carro do ano passado até o final, ao contrário da Mercedes, para resolver um problema que vinha incomodando há anos: a má correlação entre os dados da pista e do túnel de vento, o que fazia com que eles não conseguissem começar bem as temporadas, e tivessem que correr atrás da Mercedes ao longo do ano. Mas o RB16B nasceu "no chão", o motor Honda também evoluiu bastante com as atualizações trazidas para este ano, e Verstappen confirmou o favoritismo depois de dominar os treinos livres.

"Minha sensação com o carro foi até boa, e então vi que ele tinha sido 0s4 mais rápido e pensei: 'Jesus! Não dava para chegar'", disse um Lewis Hamilton, que viveu uma situação parecida com a qual ele colocou os rivais por tantas vezes nos últimos anos. A falta de rendimento da Mercedes, que perdeu parte da vantagem que tinha não apenas para a Red Bull, mas também para a maioria das rivais, é outro motivo para o resultado da classificação deste sábado.

Embora Hamilton tenha dito que estava mais contente com o carro do que esteve em todo o final de semana, os problemas de equilíbrio seguem comprometendo o rendimento do time que dominou os últimos sete campeonatos da Fórmula 1. E a impressão que ficou após os treinos livres e a classificação no Bahrein é que a mesma rigidez do carro que funcionava tão bem com os pneus do ano passado não casa tão bem com a nova construção que a Pirelli trouxe para 2021. Ora o carro sai de frente, ora é a traseira que escapa, e o resultado no Bahrein não foi uma coincidência.

Mesmo com todos os problemas, a Mercedes ainda conseguiu colocar dois pilotos nas três primeiras posições no grid, já que o companheiro de Verstappen, Sergio Perez, acabou eliminado no Q2. Ele foi apenas 0s3 mais lento que o holandês, algo que Alex Albon raramente fazia ano passado no mesmo carro, mas foi um dos pilotos que ficaram pelo caminho quando apostaram em fazer a segunda parte da classificação com os pneus médios para ter uma estratégia melhor na corrida.

AlphaTauri arriscou e se deu bem com Gasly

gasly - Bryn Lennon/Getty Images - Bryn Lennon/Getty Images
Pierre Gasly, da AlphaTauri, foi um destaque na classificação
Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

O outro foi Yuki Tsunoda. A ousadia da AlphaTauri em colocar os dois pilotos com o pneu médio no Q2 mostrou a confiança do time na melhora do carro e também no motor Honda, que agora "está muito próximo da Mercedes", segundo o chefe Franz Tost. A tática pelo menos deu certo com Pierre Gasly, que vai largar em quinto e com os melhores pneus para a corrida.

O francês era outro que sorria por debaixo da máscara após a classificação, assim como Fernando Alonso. O espanhol vinha tendo um retorno tímido nos treinos livres, e disse que nem sabia ao certo por que o carro tinha "ganhado vida" na definição do grid, algo que provavelmente tem a ver com a queda da temperatura na sessão disputada já à noite no Bahrein. Alonso larga em nono, chegando a um Q3 que a Alpine provavelmente não esperava. "Pilotar um carro de Fórmula 1 com pouco combustível é muito divertido. Na corrida, vai ser diferente, mas a classificação é especial", disse ele, que nos dois anos em que ficou de fora da F1, pilotou de tudo um pouco, de carros de rali até Indy.

Menos satisfeitos estavam Esteban Ocon e Sebastian Vettel, ambos eliminados logo cedo após serem atrapalhados pela bandeira amarela causada, no finalzinho do Q1, pela segunda rodada de Nikita Mazepin na classificação. Último colocado, o estreante russo culpou os freios da Haas, que herdou da Williams o posto de lanterna do pelotão.

Como a condição de pista deve estar bem diferente no domingo, com mais vento e menos calor, é possível que alguns rostos satisfeitos deste sábado fechem a cara após a etapa de abertura do campeonato, que começa às 12h, pelo horário de Brasília.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL