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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Chefe revela que Verstappen tem brecha para tentar vaga de Hamilton em 2022

Max Verstappen se prepara para sua quinta temporada completa na Red Bull - Eva Plerier/Reuters
Max Verstappen se prepara para sua quinta temporada completa na Red Bull Imagem: Eva Plerier/Reuters

Colunista do UOL

17/02/2021 04h00

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A temporada de 2021 da Fórmula 1 nem começou e já há muita especulação sobre o que pode acontecer com o mercado de pilotos nos próximos meses. Isso porque Lewis Hamilton renovou seu contrato com a Mercedes por apenas um ano e o chefe de Max Verstappen, Christian Horner, confirmou que o piloto tem uma cláusula de performance em seu contrato, ou seja, também poderia estar livre de seu acordo, que vale até o final de 2023, ainda neste ano.

‘'Todos os pilotos têm cláusulas de performance, e a realidade é que sempre foi assim’', disse Horner. ‘'Há um elemento de performance no contrato de Max. Não vou dar detalhes do que é. Não tem nada a ver com a unidade de potência em si, é relacionado à performance em um determinado momento.’'

Não é a primeira vez que esse assunto vem à tona. Falando sobre o contrato anterior de Verstappen, que expiraria em 2020 e acabou sendo renovado antecipadamente no final de 2019, o consultor da Red Bull, Helmut Marko, afirmou que havia uma cláusula que o piloto poderia acionar caso a equipe não lhe desse um carro para lutar pelo campeonato, em decisão que deveria ser tomada antes de agosto. Depois disso, não valeria mais. Na época, o empresário do piloto, Raymond Vermeulen, explicou que ele poderia ativar tal cláusula se não estivesse entre os três primeiros no campeonato.

Horner tem consciência de que Verstappen estaria no topo da lista de qualquer equipe que quisesse um piloto rápido, jovem e experiente ao mesmo tempo, e faminto por títulos, da mesma forma que sabe, também, que não faltariam opções para a Mercedes caso Hamilton decida se aposentar da Fórmula 1.

‘'Tenho certeza de que, se Lewis decidir parar, Max naturalmente seria o piloto que estaria no topo da lista [da Mercedes]. Mas eles também têm George Russell. E também têm outros pilotos que obviamente estariam disponíveis para eles’', disse o britânico.

Mas qual a possibilidade disso realmente acontecer? Antes de mais nada, o chefe de Hamilton, Toto Wolff, explicou que eles preferiram assinar por apenas um ano sabendo que está em curso uma discussão de fazer com que o salário dos pilotos conte para o teto orçamentário, que está entrando em vigor neste ano. É claro que, se conquistar um inédito oitavo título mundial em 2021, Hamilton pode desejar focar na carreira fora das pistas, mas não é isso que ele tem indicado.

Red Bull está bem posicionada para os próximos anos

Verstappen, por sua vez, pode se dar bem com uma aposta a médio prazo na Red Bull, e é nisso que Horner confia. No time em que está desde 2016, o holandês já é líder e tem experiência trabalhando com o mesmo grupo de engenheiros. Além disso, com o anúncio de que a equipe vai assumir a tecnologia da Honda depois que os japoneses deixarem de desenvolver seus motores, no final de 2021, sabendo que a atualização das unidades de potência estará congelada até o final de 2024, a Red Bull nunca esteve tão bem posicionada: logo agora que a F1 vai passar por uma extensa mudança de regulamento na parte dos carros, em 2022, o motor deixará de ser um diferencial de performance tão importante, já que eles não poderão ser desenvolvidos por três temporadas.

E é nisso que Horner aposta para ‘prender’ Verstappen. ‘'Não adianta forçar um piloto que não quer estar na equipe. É mais uma questão de relacionamentos do que de contratos. Você só tira o contrato da gaveta se tiver um problema. Pelo menos essa é minha experiência. E a relação com Max é muito forte. Ele acredita no projeto, ele acredita no que estamos fazendo’', disse o dirigente.

‘'Ele vê o investimento que a Red Bull está fazendo, principalmente recentemente com a divisão de motores. Ele acredita na equipe, em trabalhar com a equipe. Estou confiante de que não vamos precisar voltar a nenhuma cláusula contratual. No final das contas, cabe a nós entregar um carro competitivo. É isso que ele quer e é isso que nós queremos. É o que ele precisa e o que nós precisamos.’'

Na última vez que a F1 teve uma grande mudança apenas no regulamento dos carros, em 2009, a Red Bull se deu bem, conquistando um vice e quatro títulos entre aquele ano e 2013. Muita coisa mudou na categoria em termos de trabalho de simulação (hoje mais focados em computadores do que naquela época, por exemplo), mas a Red Bull é conhecida por fazer bons carros. Junte-se a isso o otimismo por parte da Honda com o motor de 2021, e Horner tem seus motivos para acreditar que Verstappen não vai considerar usar a tal cláusula de performance.

‘'Não há garantias para 2022. É uma página em branco. Se vai haver alguma mudança significativa na relação de forças, é de se esperar que isso aconteça quando as regras mudam.’'