Topo

Pole Position

Como é estar em um GP de F1 enquanto a segunda onda de covid afeta a Europa

Sebastian Vettel, Nicholas Latifi e George Russell conversam com máscaras e distantes no circuito do Algarve - Julianne Cerasoli/UOL Esporte
Sebastian Vettel, Nicholas Latifi e George Russell conversam com máscaras e distantes no circuito do Algarve Imagem: Julianne Cerasoli/UOL Esporte

Colunista do UOL

23/10/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O campeonato da Fórmula 1 foi uma das primeiras competições esportivas internacionais a serem disputadas durante a pandemia, ainda no início de julho, na Áustria. Os pilotos e equipes já estão habituados às medidas adotadas pela categoria, como os testes frequentes (que passaram, nesta semana, de 96 para a cada 72h), o uso obrigatório de máscaras e a manutenção de mini-bolhas, restringindo a circulação de pessoas. Nem tudo isso, no entanto, tem sido suficiente para isolar a categoria da segunda onda de infecções, que vem fazendo vários países baterem recordes negativos nos últimos dias (e tomarem medidas que não existiam em julho e que vêm complicando a vida dos pilotos e equipes).

Para entrar na bolha para a cobertura da 12ª etapa do campeonato, em Portugal, neste final de semana, a reportagem do UOL Esporte já passou por três testes de Covid-19 até a noite de quinta-feira. Ainda assim, não é permitido, como desde o início do campeonato, a entrada no paddock, onde ficam os pilotos e equipes. O mesmo acontece com os fotógrafos: apenas alguns deles têm acesso a essa área, que é como se fosse de "segurança máxima". Os pilotos, é claro, são os mais blindados, e alguns deles optam até por se hospedarem na pista mesmo, em motorhomes.

imprensa portimão - Julianne Cerasoli/UOL Esporte - Julianne Cerasoli/UOL Esporte
Sala de imprensa conta com menos de 40 jornalistas, menos de 20% do habitual
Imagem: Julianne Cerasoli/UOL Esporte

Dois pilotos já tiveram Covid-19

Mesmo com todo o cuidado, dois pilotos - Sergio Perez e Lance Stroll, ambos da Racing Point - foram infectados. "Não faço ideia de onde eu peguei", disse o canadense, que começou a se sentir mal depois que voltou do GP da Rússia, no final de semana, testou negativo pelo menos duas vezes depois disso, e só teve seu primeiro exame positivo duas semanas depois, assim como seu pai e dono da equipe, Lawrence Stroll. Mas ele já está recuperado e corre neste fim de semana.

"A gente tem que controlar quem a gente encontra, e nos treinos físicos também não é fácil. E se eu compro água no supermercado, por exemplo, eu limpo com álcool-gel. Mas tento não exagerar: ainda faço coisas normais, mas tomando o máximo possível de cuidado", disse o russo Daniil Kvyat. E o tailandês Alex Albon revelou que sua família também tem passado por testes regulares para que eles tenham certeza de que não vão infectar o piloto.

As mini-bolhas existem para que seja mais ágil e fácil isolar todas as pessoas que entraram em contato caso alguma delas teste positivo, mas em Portimão há alguns problemas: como só há uma entrada, quem tem ou não acesso ao paddock passa por debaixo da pista no mesmo ponto, que também fica próximo de uma arquibancada, por exemplo. E as refeições dos jornalistas são feitas justamente com fiscais de pista e outras pessoas que trabalham no circuito, nem sempre com o respeito ao distanciamento social (embora haja a estrutura para isso).

Falando em público, Portugal decretou estado de calamidade semana passada, o que fez com que a capacidade tivesse de ser diminuída. Todos os 46 mil ingressos tinham sido vendidos para o que será a volta do país ao calendário após 24 anos, mas na terça-feira foi determinado que apenas 27.500 torcedores poderiam entrar no circuito por dia, eliminando algumas áreas em que eles poderiam ficar. O dinheiro dos ingressos será devolvido.

Casos estão aumentando na F1

testes covid - Julianne Cerasoli/UOL Esporte - Julianne Cerasoli/UOL Esporte
Profissionais da F1 fazem seus testes em unidades montadas dentro dos circuitos
Imagem: Julianne Cerasoli/UOL Esporte

A categoria teve apenas nove positivos nas 10 primeiras semanas do campeonato, mas o número disparou desde o final de setembro, o que está alinhado com o aumento nos casos pela Europa: foram 7 positivos durante o final de semana de GP da Rússia, 10 na semana seguinte, três em Nurburgring e mais oito na semana passada, lembrando que só são computados os testes feitos na pista, e sabe-se que as equipes estão tendo de fazer alterações de última hora porque os casos de integrantes que estão testando positivo antes de ir para a pista estão aumentando. Estes casos não precisam ser reportados oficialmente.

E também é importante salientar que menos pessoas têm passado por testes justamente desde meados de setembro, uma vez que o campeonato da F3 acabou e o da F2 tem uma pausa de dois meses até as três últimas etapas. Assim, ao invés de 4 a 5 mil testes sendo feitos a cada semana, os números atuais ficam entre 1500 e 2000, ou seja, somente as pessoas que estão ligadas diretamente aos eventos da Fórmula 1.

Todas as corridas até meados de novembro serão realizadas na Europa, que tenta controlar a segunda onda impondo muitas vezes quarentenas que também afetam os times de F1. Os pilotos, por exemplo, estão tendo dificuldade de se locomoverem fugindo das quarentenas para trabalhar nos simuladores nas fábricas, ao mesmo tempo em que a categoria está fazendo uma série de provas em pistas nas quais não corre há muito tempo ou em que nunca correu, como é o caso de Portimão.