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Acidentes em pista estreante na F1 mostram como experiência é importante

Valtteri Bottas larga na frente no GP da Toscana; acidente acontece nas posições inferiores - Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Valtteri Bottas larga na frente no GP da Toscana; acidente acontece nas posições inferiores Imagem: Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Colunista do UOL

13/09/2020 17h55

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Faz tempo que uma corrida de Fórmula 1 não tem uma prova tão cheia de abandonos por acidentes como foi o GP da Toscana neste domingo, vencido por Lewis Hamilton. Dos oito pilotos que não terminaram a prova, sete bateram, em uma pista que estava fazendo sua estreia na categoria.

Mas estariam estes dois elementos interligados? O primeiro incidente ocorreu logo na volta de abertura, quando Pierre Gasly, Kimi Raikkonen e Romain Grosjean tentaram fazer a segunda curva lado a lado. Eles se tocaram e acabaram engolindo Max Verstappen, o que tirou Gasly e o holandês da prova.

O acidente foi uma cópia do que aconteceu na primeira corrida da Fórmula 2, então eles deveriam saber que não havia espaço ali. Várias curvas do circuito de Mugello têm uma característica interessante, com a entrada mais aberta e o restante que vai se afunilando, o que permite a adoção de várias linhas diferentes, mas também deixa os pilotos sem espaço de uma hora para a outra. Se tivessem mais experiência correndo lá, os pilotos teriam evitado o toque? É possível.

O segundo incidente contou com uma boa dose de mau comportamento de vários pilotos na primeira relargada, mas também teve um elemento que veio da pista (ou da falta de experiência nela): a reta é longa, o efeito do vácuo é bastante forte, e a linha de controle, a partir da qual a corrida volta a valer, é mais adiante na reta do que o normal. Isso gera a tentação no líder de esperar ao máximo para voltar a acelerar, já que, se ele aperta o ritmo antes da linha, corre muito mais risco de ver o rival pegar o vácuo e tentar a ultrapassagem na freada da primeira curva.

Foi isso o que Bottas fez, e isso era esperado pelos pilotos, que tinham visto o mesmo acontecer em relargadas das categorias de base em Mugello, mas alguns quiseram começar a corrida antes do líder e deram sorte pelo acidente não ter sido grave. Com carros com velocidades diferentes no meio do pelotão, pois uns já aceleravam totalmente, e outros freavam esperando Bottas relargar, mais quatro carros ficaram pelo caminho - Magnussen, Sainz, Giovinazzi e Latifi - e 12 pilotos receberam advertências (do quarto ao 15º colocados naquele momento) pelo comportamento.

E o último abandono foi por um estouro de pneu de Lance Stroll. O canadense fazia 22 voltas com o mesmo jogo de pneus médios, e as estimativas apontavam que este composto duraria cerca de 25 voltas. Mas a observação dos pneus de Valtteri Bottas deixaram claro para a Mercedes que o desgaste era alto, já que o pneu dianteiro direito estava com a borracha praticamente zerada. Acontece que isso só seria notado nas paradas causadas justamente pela bandeira vermelha após a batida de Stroll. Como, nos treinos livres, ninguém faz uma simulação tão longa, com mais de 20 voltas seguidas, e as equipes trabalham com estimativas, isso indica, novamente, que a falta de dados e de experiência com a pista pesou.

A boa notícia é que essa corrida de Mugello é a primeira de uma sequência de provas que não estavam no calendário original, mas que entraram no lugar de GPs cancelados devido ao coronavírus. Portimão e o traçado externo do Bahrein serão desafios ainda mais novos do que Mugello porque a grande maioria dos pilotos nunca andou em ambos. E Nurburgring, Imola e Istambul estão fora do calendário há anos. Promessa de mais emoção de um campeonato amplamente dominado por Hamilton, mas que tem tido corridas movimentadas.