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Fim do "modo festa" tornou as ultrapassagens ainda mais difíceis na F1?

06.set.2020 - Valtteri Bottas, da Merdeces, e Lando Norris, da McLaren, completam volta no GP da Itália de Fórmula 1, no circuito de Monza - Matteo Bazzi/AFP
06.set.2020 - Valtteri Bottas, da Merdeces, e Lando Norris, da McLaren, completam volta no GP da Itália de Fórmula 1, no circuito de Monza Imagem: Matteo Bazzi/AFP

Colunista do UOL

09/09/2020 04h00

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"Não dá para correr com essa configuração de motor!", reclamava Valtteri Bottas depois de largar mal e se ver no meio do pelotão no GP da Itália, o primeiro em que os pilotos foram proibidos de mudar o modo do motor de combustão ao longo do final de semana de corrida. Depois de comemorar a proibição do "modo festa", que tinha sido forçada pela Red Bull para tentar frear as Mercedes, e dizer que eles tinham ficado ainda mais fortes, o chefe dos hexacampeões, Toto Wolff, mudou o discurso após a prova, vencida por Pierre Gasly com o mesmo motor Honda que é usado pelo time anglo-austríaco: "Era mais divertido antes porque você tinha que administrar a potência e podia usá-la para ultrapassar. É provavelmente por isso que vimos menos ultrapassagens na corrida."

Isso porque, antes da proibição, o que ficou conhecido como "modo festa" era usado em momentos-chave, como na classificação, na primeira volta, relargadas e também ultrapassagens. Agora, a potência gerada pelo motor de combustão é a mesma o tempo todo, e as nuances ficam por conta das outras fontes de energia do motor V6 turbo híbrido.

Tirando as trocas de posições na primeira volta nas duas largadas, todas as outras ultrapassagens foram ou feitas por Lewis Hamilton, escalando o pelotão após ser punido e cair para último, ou em cima de Kimi Raikkonen, que chegou a andar em segundo por ter trocado os pneus antes do Safety Car, mas não tinha ritmo para se defender. Ou seja, carros com ritmo parecido ficaram seguindo um ao outro sem ter chances de ultrapassagem.

O engenheiro Andrew Shovlin, da Mercedes, no entanto, ponderou que todas as fornecedoras vão otimizar seus motores para as próximas provas, uma vez que serão usadas configurações diferentes dependendo do circuito.

"Você pode dizer que essa proibição não teve um grande efeito na classificação, porque não vimos grandes diferenças no grid. Pode ter sido pior para nós do que para os outros. Por algum motivo, estávamos muito melhores na classificação do que na corrida e sabemos que não tem a ver com a potência. Nós sabemos que o fato de sermos 1s mais rápidos na classificação e só 3 a 4 décimos melhores na corrida não tem a ver com uma configuração mágica de motor", lembrou.

"Mas eu não correria para dizer que, com todo mundo usando o mesmo modo de motor o tempo todo, as ultrapassagens se tornaram mais difíceis. No nosso caso, nós normalmente teríamos à disposição um modo mais potente para ultrapassar que tornaria a vida dos pilotos mais fácil, mas vamos esperar mais algumas corridas para ver. E todos vão desenvolver os modos que vão usar nas corridas e a situação vai evoluir. Até porque acho que ninguém teve tempo suficiente para otimizar a resposta a esta diretiva técnica."

Shovlin se refere ao documento que determinou a mudança na regra, e que circulou entre as equipes no início de agosto. Era para a mudança ter começado a valer, inclusive, uma semana antes, no GP da Bélgica, mas os times pediram mais tempo para se adaptar.

Para a Mercedes, mais do que a impossibilidade de usar um modo de motor mais forte para fazer ultrapassagens, também pesou, como lembrou Shovlin, a configuração aerodinâmica escolhida pelo time, com asas maiores, que atrapalhou na velocidade de reta. A escolha foi feita pois eles imaginavam que controlariam a corrida da ponta, mas Bottas largou mal e ficou preso atrás da McLaren de Lando Norris. E Lewis Hamilton foi punido por ter entrado no box com os pits fechados e conseguiu chegar até a sétima colocação.

Mas as equipes não têm muito tempo para se adaptar: o próximo GP é já neste final de semana, na pista de Mugello, na Itália. A prova será chamada GP da Toscana e é a última de uma maratona de nove provas em 11 finais de semana desde o início da temporada, dia 5 de julho, na Áustria.