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Polêmicas e muita zueira: por que ver os GPs virtuais dos pilotos de F1

Lando Norris "capota" em corrida virtual após levar toque nas 500 Milhas de Indianápolis - Reprodução
Lando Norris "capota" em corrida virtual após levar toque nas 500 Milhas de Indianápolis Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

07/05/2020 04h00

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"Foram 36 voltas na corrida? Então devem ter sido umas 20 ultrapassagens entre mim e o Alex [Albon]", dizia Charles Leclerc com um sorriso no rosto depois do GP do Brasil virtual disputado no último domingo. Usando o jogo F1 2019 e com transmissão pelo YouTube, a Fórmula 1 está promovendo provas nas datas em que seriam realizados os GPs adiados ou cancelados por conta do coronavírus. E, mais do que um tapa-buraco, as corridas online têm sido um prato cheio para os fãs.

O GP do domingo passado seria em Zandvoort, na Holanda, mas como trata-se de uma pista que estará apenas no jogo F1 2020, foi feita uma votação popular e Interlagos ganhou. A corrida na pista brasileira não decepcionou, com uma luta intensa pela vitória entre Albon - que acabou vencendo - e Leclerc e várias outras brigas no meio do pelotão.

Não são todos os pilotos que se empolgaram com as corridas virtuais: um mesmo grupo, composto ainda por George Russell, Lando Norris, Antonio Giovinazzi, Nicholas Latifi e Pietro Fittipaldi, tem participado. E, entre os pilotos da mesma geração, Pierre Gasly acabou ilhado em Dubai sem seu simulador devido à pandemia, e Max Verstappen prefere plataformas mais reais, como o iRacing.

Mas por que acompanhar disputas que não valem nada? Além de ver um lado dos pilotos que fica escondido debaixo do capacete, os fãs estão tendo a chance de "entrar" nas conversas pós-prova e também de entender um pouco mais sobre a parte técnica da Fórmula 1.

Conversas (e queixas) durante as provas

A F1 e outras categorias que estão promovendo corridas virtuais fazem suas próprias narrações e transmitem as provas usando seus canais oficiais. Mas nada se compara a acompanhar as transmissões que os próprios pilotos fazem por meio da plataforma Twitch. Lá é possível ouvir os pilotos conversando um com o outro - e muitas vezes reclamando um do outro. Albon, por exemplo, já foi tirado da pista tantas vezes por Russell que já ganhou uma coletânea. Acompanhar o que os pilotos dizem enquanto jogam também é interessante para entender as estratégias que eles estão desenvolvendo para fazer uma ultrapassagem, por exemplo.

Câmera nos pedais

Não houve nenhum piloto que chegou na F1 com tantos quilômetros virtuais nas costas (tanto nos simuladores caseiros, quanto no da equipe McLaren) quanto Lando Norris. O piloto britânico passa tanto tempo fazendo transmissões online de suas corridas que investiu em seu canal da Twitch. Sorte dos fãs, que conseguem acompanhar o trabalho do pilotos nos pedais devido a uma câmera instalada em seu simulador. Certamente, uma imagem que não se tem assistindo a uma corrida de Fórmula 1.

Resenhas pós-corrida (com direito ao tema oficial da F1)

Depois de bater Leclerc no GP virtual do Brasil, Albon não se conformava com um erro estratégico do monegasco e o questionava na 'reunião' que os pilotos costumam fazer depois de cada corrida. "Por que você escolheu o pneu duro?", dizia o tailandês, dando risada.

Os dois e Russell correram juntos no kart e eram amigos, mas depois acabaram tomando caminhos diferentes nas demais categorias antes de chegarem à F1. "Agora estamos tendo mais contato do que nunca", reconheceu Leclerc. E, diferentemente do ambiente sisudo e controlado da Fórmula 1, como estas 'reuniões' são transmitidas online pelos canais da Twitch dos próprios pilotos, o público também acaba participando - e sempre pede que eles cantem o tema oficial da F1.

Detalhes de engenharia

Isso acontece mais nas categorias que usam o iRacing, simulador preferido dos pilotos (virtuais ou não) por ser mais próximo da realidade. A Indy e a NASCAR, por exemplo, estão usando o iRacing e permitindo que os pilotos mudem as configurações dos carros. Por conta disso, a brincadeira acaba ficando tão séria que eles contam com ajuda de engenheiros, como acontece nas competições virtuais. E é possível escutar as recomendações dos engenheiros e ver o que os pilotos vão mudando em termos de configuração, gerando um entendimento muito maior da complexidade que é ser piloto de corrida.

No F1 2019, a opção foi por tornar todos os carros iguais e permitir que toques não gerem danos, numa abordagem mais leve. Mas ainda assim os pilotos podem mexer em configurações como o equilíbrio de freio e definir a estratégia.

Polêmicas (mesmo virtuais)

Assim como não existe pelada sem discussão se tal lance foi falta ou não, nem no mundo virtual os pilotos deixam de reclamar um do outro. A polêmica mais forte aconteceu na disputa das 500 Milhas de Indianápolis, no último final de semana, quando Simon Pagenaud (que venceu a prova real ano passado) bateu de propósito em Norris e o tirou da liderança a poucas voltas do fim. Em sua transmissão, fica claro que o francês conversou com o engenheiro para "tirar o Lando da corrida". O inglês gravou um vídeo em que chama Pagenaud de "mentiroso" e lembra que passou horas treinando para o que seria sua estreia (mesmo que virtual) num circuito oval. "Vocês têm ideia de quantas horas passei fazendo curva para a esquerda e andando em linha reta para aperfeiçoar ao máximo?".

Outra polêmica - essa, que acabou custando caro - envolveu o piloto Kyle Larson, que usou um termo de cunho racista durante uma corrida virtual e acabou sendo suspenso pela NASCAR e perdeu sua vaga na equipe.

A NASCAR faz sua última etapa da iRacing Pro Invitational Series neste sábado às 16h no North Wilkesboro Speedway, pista que não recebe a categoria desde 1996 e que acaba de entrar no simulador. E a Fórmula 1 volta com o substituto do GP da Espanha, no domingo, às 14h.